16.1.13

O acerto de contas

"Quem parte e reparte e não fica com a melhor parte…"

Não acredito que a grande maioria dos deputados passados e presentes sejam burros, pelo que a conclusão será a de um bom raciocínio aristotélico, havendo poucas esperanças de que sofram de uma esquizofrenia ética e moral e decidam para si o que já decidiram para os outros.

Está bem de ver que as poupanças que se poderiam obter com a moralidade e a ética aplicáveis ao orçamento da assembleia da república seria sempre de pouco significado para influenciarem os tais quatro mil milhões, mas, pelo menos, o povo sentia que os tais também participavam nas devidas proporções no esforço coletivo de mandar a troika para o sítio certo, que não para a outra banda…

Se alguém poderia estar à espera que os políticos se lembrassem de rever os subsídios e os complementos da sua atividade política, bem pode esperar sentado e num bom sofá, porque a coisa não lhes passa pela cabeça.

E no entanto não faziam nada de mais se tivessem a dignidade de admitir que alguns desses subsídios e complementos constituem uma autêntica vergonha e uma triste bandalheira, não se sabendo se lhes é devido as senhas de presença nos plenários, se os transportes para o seu local de trabalho, se os transportes para as suas residências políticas, se os suplementos de renda, se os telemóveis, se os computadores e não sei que coisas mais, o mesmo se aplicando aos membros do governos e dos respetivos gabinetes, desconhecendo-se o verdadeiro vencimento de muitos deles, que nada devem ter a ver com a percentagem relativamente ao salário do presidente da república.

Como estas poupanças não se revertem de qualquer importância para o corte dos tais quatro mil milhões, que devem aumentar muito brevemente à medida do acesso aos mercados, a receita política vai direitinha aos funcionários públicos no ativo e na reforma, fazendo deles, mais uma vez, os bodes expiatórios destes desvarios todos.

Vão para a rua cinquenta mil, cem mil, cento e cinquenta mil? Vão os que forem e se não forem suficientes certamente que não ficarão esquecidas as pensões dos aposentados, incluindo aquelas mais baixas, porque as mais elevados também têm pouco significado para o fim pretendido.

Mas ainda não vi, não li e muito provavelmente não vou ler nem ouvir alguma alteração imediata à tal reforma dos políticos que tanto ofendeu o primeiro, quando mete no mesmo saco um deputado novinho em folha e reformado e o funcionário com idade superior a sessenta anos com uma carreira contributiva de dezenas aposentar-se sem benesses de qualquer espécie a não ser entrar no gozo de um direito para o qual trabalhou uma vida inteira e não apenas doze anos…

Já não se fala da acumulação de reformas e de trabalho, como acontece com alguns políticos, que não são objeto de citação por parte do primeiro, alguns deles ocupando cargos de mais alta relevância pllítica.

Um dia alguém virá para acertar contas.


 


 

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