Está a surgir uma nova moda com origem em governantes, políticos e gestores: as tiradas.
Algumas destas tiradas proferidas por obrigação e dever de ofício, não sendo importante se têm algum fundamento ou se são para levar a sério, enquanto outras representam uma tomada de posição sobre um determinado tema ou assunto, mas cuja concretização está longe da realidade imediata.
Todas estas tiradas seriam para ter na devida conta, mas conforme a origem e o seu protagonista, damos o devido desconto e resta-nos umas gargalhadas por haver gente que ainda nos faz rir sem recurso ao humor, apanágio, arte e inspiração dos humoristas que vai havendo por aí.
Lembro-me de algumas do primeiro, havendo inclusivamente a circular pela internet uma coletânea bastante interessante de se ler e rir a bandeiras despregadas por hilariantes, deduzindo-se que o seu autor é um verdadeiro artista português, incapaz de se conter quando se trata de aldrabar os portugueses.
Recentemente, um administrador hospitalar espantou o burgo com umas tiradas sobre os médicos-cirurgiões do seu hospital, alguns dos quais ainda não tinham entrado no bloco operatório e outros pouco mais, surpreendendo tudo e todos, provavelmente até os próprios cirurgiões que foram postos na berlinda, não se entendendo se aquilo era verdadeiro ou se o homem estava a chatear os médicos-cirurgiões pela fraca ou nenhuma produtividade.
Contudo, não terá sido levada muito a sério, porque uns dias depois já não se falava do assunto, que caiu no esquecimento dos meios de informação, para os quais o assunto não se integra nos critérios jornalistas para merecer mais atenção.
Depois aparece, de repente, um secretário de estado a desancar em todos os que apelaram ao presidente ou que requereram ao tribunal constitucional que se pronunciasse sobre a constitucionalidade de algumas normas do orçamento, o que punha em perigo o estado por falta de financiamento da troika, tendo como consequência, digo eu, o pagamento dos vencimentos dos políticos no ativo e na reforma, nomeadamente os governantes, os deputados, e mais uns quantos equiparados.
Vai daí que surge um outro governante a afirmar que durante o ano de dois mil e treze não vai haver mais aumentos dos transportes, apesar da herança, que os anteriores lhe deixaram, tendo os utentes ficado altamente satisfeitos e tranquilos, porque promessas de políticos são mesmo para levar a sério.
Eis que ficámos a saber que o último índice de desemprego divulgado e conhecido estava em consonância com as previsões do governo, mesmo que estivessem zero vírgula nove por cento acima, tirada que descansou os desempregados porque não vão ser obrigados a trabalhar por faltas de emprego, embora os empregados não tivessem ficado lá muito satisfeitos por falta de perspetiva de manutenção do seu posto de trabalho.
Por último e a maior bomba destas tiradas teve origem no tal administrador hospital que não teve pejo em afirmar que o seu hospital podia dispensar cerca de vinte por cento do pessoal, se fossem cumpridas as quarenta horas semanais e dedicação exclusiva…
Toma lá…
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