1.1.13

O ranger de dentes

Uma profunda tristeza e uma raiva incontida privam-me da possibilidade de alimentar qualquer esperança de uma vida melhor durante o ano de dois e treze, porque não vislumbro a mínima hipótese de se verificar uma alteração significativa na economia e nas finanças deste povo desgraçado, que não merecia o que lhe está a acontecer.

Bem pode o presidente vir com falinhas mansas e olhos de carneiro mal morto, mas os pobres vão ficar mais pobres, embora eu admita que uns quantos ricos não vão ficar mais ricos, mas estou totalmente certo e seguro que os sacrifícios impostos não são iguais para todos.

Uns quantos serão menos castigados e menos roubados que outros e isso fará a diferença entre portugueses de primeira e portugueses de segunda, isto é, entre portugueses que pagam os devaneios e as incompetências de governantes e os outros que vão beneficiar deste estado de coisas.

Bem podem dizer que vivíamos muito acima das nossas possibilidades, mas a afirmação só poderia aplicar-se a umas quantas situações, porque há por aí muito boa gente a viver apenas com o seu salário ou com a sua pensão e que não deve nada a ninguém e que cumpre com os seus deveres cívicos de pagar tudo aquilo a que são chamados a pagar mesmo o que outros deveriam pagar e não o fazem, preferindo a fuga, o roubo e a apropriação de valores e de bens alheios, com a certeza de que a justiça também se compra e o medo só tem fundamento pelo crime de roubo de uma carteira contendo apenas documentos que podem ser obtidos com relativa facilidade e não por uma falência fraudulenta ou pelo buraco financeiro de um banco no valor de muitos milhões.

A grande maioria dos portugueses que vive dos rendimentos de pensões ainda não tem consciência do que lhe vai acontecer todos os meses deste ano de dois mil e preze, pelo menos, e só vai tomar disso conhecimento quando verificar o quantitativo do depósito correspondente ao mês de janeiro e comparar o valor do mês de dezembro, passado próximo.

Nessa altura virá o furor e o ranger de destes dizer que está a ser efetuado um assalto à mão desarmada de tal modo violento e violentador da dignidade do pensionista que pode justificar e fundamentar a revolta concretizada em ações específicas e devidamente orientadas para alterar este estado de coisas.

Aquelas justificações de que a dívida, de que a vida acima de, de que vivemos com o dinheiro emprestado, de que temos de pagar, de que os anteriores, de que as parcerias, de que… outras montanhas de coisas, ficando de fora o roubo de bancos, a compra de submarinos, a venda ao desbarato de empresas públicas e outras coisas mais, não podem ser aceites como justificação para o roubo descarado que estão a fazer aos portugueses, principalmente aqueles cujos rendimentos se situam entre os mil e trezentos e cinquenta e os cinco mil e poucos euros… enfim aqueles que sempre pagaram e sempre continuarão a pagar os roubos e os desvarios que abundam em Portugal.

Podemos não ter esperança em dias melhores, mas teremos fé que um dia far-se-á justiça seja de que maneira for…


 


 


 


 


 

 

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