30.3.13

As ondas de choqued

Se as ondas de choque do regresso do ex-primeiro ainda se fazem sentir como se fosse a coisa mais importante que aconteceu em Portugal desde a perda de Dom Sebastião nas dunas de Marrocos, esperem todos pelo que vai acontecer quando se conhecer a deliberação do Tribunal Constitucional a propósito do orçamento para o ano de dois mil e treze.

Certamente que vai ser o bom e o bonito, uns a maldizer a sua condição e outros a louvar a atitude dos juízes, que não se ficaram pelo que aconteceu com o orçamento de dois mil e doze.

Há por aí pouca gente convencida que o tribunal constitucional vai ter o mesmo procedimento do ano passado, considerando que algumas normas da lei do orçamento eram inconstitucionais, mas nulos os seus efeitos, mas tirem o cavalinho da chuva porque vai molhar-se como então não se molhou.

Diz o povo que não há duas sem três, pelo que o governo ainda tem mais uma hipótese de fazer gato-sapato da Constituição da República, mas o que há a considerar é outro dito do Povo que quem é enganado a primeira vez só o será da segunda se for parvo ou idiota ou acredite piamente que as crianças chegam a Portugal vindas de Paris via bico da cegonha.

Sempre quero ver a cara de uns quantos membros do governo e de alguns deputados da Assembleia da República, quando a deliberação com força obrigatória legal chegar ao seu conhecimento, pois não se cansaram de dizer e de afirmar que tudo estava conforme e nada havia que pudesse ofender a Constituição.

Esta gente deverá estar convencida que lá porque têm a maioria absoluta e uma troika e o seu representante a fazer tudo o que lhe apetece e mais alguma coisa já podem meter a Constituição na gaveta e governar a seu bel-prazer.

Mas as coisas não são bem assim e tudo tem o seu limite imposto pelo bom senso e pela lei, que regula todos os atos de todos mesmo que empossados em lugares de governação, não lhes sendo permitido ou sendo-lhes vedado ofender os princípios mais elementares que justificam a existência de uma sociedade democrática.

Esta gente parte do princípio que estão a governar uma cambada de escravos mentecaptos que reconhecem o privilégio de ter uns quantos cidadãos de elevada craveira nacional e internacional que dispuseram do seu tempo para dignificar a governação de uma corja de idiotas, que não merece a dignidade e dedicação de uns quantos que deixaram os seus estatutos altamente considerados e as suas remunerações bem elevadas para se dedicarem a orientar uma horda de imbecis, que não reconhecem o sacrifício de uns poucos por uns tantos.

Os gatunos podem roubar uma, duas, três vezes e umas quantas vezes mais, mas é certo e sabido que serão apanhados demore o tempo que demorar…

29.3.13

O regresso

Apesar de entender que todos os factos e acontecimentos justificam qualquer opinião que se possa ter deles, mesmo que nos causem constrangimentos a aconselhar passagem uma borracha por cima deles e remetê-los para as gavetas arquivadoras das nossas memórias traumatizantes, nem sempre podemos deixar de fazer uma simples referência, para que se entenda que estivemos com alguma atenção, ao que se vai passando por aí.

No que me diz respeito, a importância que dou a algumas coisas da política cá do burgo não tem qualquer semelhança com a atribuída pelos jornais, pelas rádios e pelas televisões, que se masturbam continuamente para atender às contingências das audiências, que não perdoam o esquecimento do que está na berra, principalmente quando se trata de algum escândalo que envolva gente da alta ou da política.

Foi de doidos, completamente de doidos, o comportamento de todas as televisões e rádios e jornais a propósito do regresso do Sócrates, na sua suposta e atribuída qualidade de ex-primeiro ministro e responsável por tudo o que de mal ele e todos os outros fizeram e fazem e farão.

Fiquei altamente admirado pelas vozes surpreendidas pela prestação do engenheiro e agora mestre em ciências políticas, pois estaria longe de pensar que havia comentaristas, jornalistas, politólogos e outros substantivos mais identificadores dos especialistas em política que esperavam que o engenheiro viesse pedir perdão e cumprir as penitências impostos pelos pecados e males praticados contra a nação.

Ninguém no seu perfeito juízo e no seu próprio bom senso deixaria de fazer algum comentário ao regresso do engenheiro, mas não era preciso tanto emoção, tanto barulho, tanto ruído, tantas palavras, tantas posições, tantas verdades e tantas asneiras, como o que se ouviu, se viu e se leu, mais parecendo que se tratava da vitória de Portugal num qualquer campeonato, mesmo de sueca, desde que se tratasse de qualquer coisa que derrotasse o mundo.

Os nossos jornalistas, seja da imprensa escrita, seja dos rádios, seja das televisões vão às núvens por pouca coisa e desatam a exagerar mais parecendo que o facto, a notícia e o acontecimento não têm qualquer valor se não tiverem mais de uma hora de tempo de antena em todos os canais em simultâneo.

Não me lembro de uma saída ou de um regresso merecer tanto tempo de antena com todos os histerismos apropriados para fazer do facto normal uma coisa do outro mundo.

Eu sempre estive convencido que a história recente de Portugal, principalmente a de depois de abril de setenta e quatro está muito mal contada, existindo muita coisa nebulosa na nebulosa política portuguesa, mas tenho como certo que não haverá total esclarecimento enquanto os seus atores não deixarem o palco à disposição de todos aqueles que conseguem o mínimo de independência na apreciação dos acontecimentos.

Os interesses privados de muitos dos nossos homens públicos não permitem

que se faça um julgamento sério e honesto da maior parte dos factos que influenciaram e influenciam e vão influenciar a situação social, económica e financeira de Portugal.

O engenheiro regressou.

Muitos vão ter que aturá-lo…

17.3.13

Está quase

Na minha "humilde" opinião, a troika não deve aguentar muito mais tempo a manutenção do atual ministro das finanças, devendo estar a pensar muito seriamente a sua substituição.

Quando a troika começa a atribuir à ação do governo português este estado de coisas, está a incluir no mesmo o ministro das finanças, embora ele deva ser considerado o seu fiel mandatário.

Como o homem tem emprego garantido e ainda por cima com um bom ordenado, não deve haver hesitação a ter na devida conta para o chamar lá para donde ele veio, sem honra nem glória.

Terá cumprido o seu papel, mas só em parte, porque o que está feito qualquer um poderia ter feito e não seria preciso ser considerado técnico "sapientíssimo" para levar à desgraça a desgraçada da nossa situação política, económica, financeira e social.

Talvez que se vá embora com o rabo entre as pernas, como que corrido a pontapé, sem que alguém tenha pena de o ver partir, lamentando talvez a duração da sua permanência, que só se estranha por ser tardia.

Muita gente achará que não é justo ver partir o ministro das finanças e continuar a aturar os desmandes do ministro das políticas do governo, mas as realidades e as circunstâncias da ação de cada um não são comparáveis.

Enquanto um não passa de um aldrabão e de um mau caráter, o outro será um homem honesto, mas sem qualquer preparação social e política para desempenhar o papel de ministro das finanças numas circunstâncias tão dramáticas e quando se exigia um pouco de bom senso e de sensibilidade para a vida dos cidadãos.

Contudo, devemos estar preparados para que a substituição do ministro das finanças não se verifique numa sexta-feira depois das vinte uma horas, não vá o seu substituto lembrar-se ou trazer no bolso a medida que agora foi aplicada aos depósitos bancários dos cidadãos cipriotas no dia da concessão do apoio financeiro ao Chipre por parte do Ecofin (?).

Seria mais uma desgraça a somar a todas as outras que já nos impuseram, mas a aplicada à socapa aos cipriotas pode e deve ser considerada um autêntico e vergonhoso roubo, que não é próprio de gente séria.

Custa a acreditar que altos responsáveis e órgãos e instituições da União Europeia possam permitir-se comportamentos tão aviltantes da dignidade e dos direitos dos cidadãos, sem que sobre eles recaia a justiça, os julgue rapidamente e os coloque na cadeia, porque "roubar" e apropriar-se da propriedade alheia contra a vontade cada um é crime em qualquer sociedade civilizada, até mesmo nas ditaduras que ainda vão subsistindo.

Agora são os cipriotas que vão começar a aguentar, porque nós e outros já o fazemos cantando e protestando, mas aguentando de pé firme e com esperança de que o primeiro a partir já estará pronto para partir.

Depois, seguem-se outros… só porque se portaram mal e este país não é para ladrões e criminosos.

PS. Os alemães ainda vão aprender à sua custa…

15.3.13

Tudo na mesma

Andava a morrer de saudades de ver o ministro das finanças, mas o meu problema já foi resolvido: mesmo de fugida tive oportunidade de ver e ouvir por uns minutos o ministro das finanças a avaliar a avaliação da troika, que ele já sabia de cor e salteado.

Do écran tudo na mesma: o mesmo cabelo, a mesma cor da fatiota, o mesmo olhar, o mesmo riso ou sorriso ou coisa nenhuma, a mesma voz, o mesmo tom de voz, o mesmo olhar, o mesmo rosto, talvez com umas olheiras um tudo-nada maiores.

Enfim, o homem está na mesma, com o mesmo discurso, com as mesmas justificações, com o mesmo palavreado, com as mesmas ideias, com o mesmo ajustamento, com o mesmo programa, com os mesmos impostos, com a mesma austeridade.

Quem tivesse alguma esperança de apreender alguns sinais de que alguma coisa poderia mudar, apenas levou com a previsão do desemprego a subir e a austeridade longe de abrandar, porque se mantêm todos os pressupostos do programa, talvez com exceção da qualidade dos governantes que não tem aumentado para tristeza dos contribuintes.

Alguém poderá ter ficado com algumas ideias de que o ministro das finanças conseguiu diminuir a despesa do estado em não sei quantos milhões de euros, mas ninguém ficou a saber o custo desta diminuição e quem a pagou porque o ministro das finanças quer fazer crer que terá sido pelo seu ativo papel na solução do défice, que irá lá para os cinco e meio por cento, quando já este ano deveria estar a menos de três por cento.

Nós sabemos que a responsabilidade é dos governos anteriores, nomeadamente os governos dos socialistas, porque os outros tiveram um comportamento exemplar ao serviço dos portugueses com inteira devoção pela Pátria.

Não fora o mau comportamento das economias europeias e o comportamento de novos-ricos da classe média portuguesa estaríamos completamente à vontade com o défice e com as contas públicas, uma vez que aquelas seriam mais solidários com os pobres do sul e estes seriam mais responsáveis, mais trabalhadores, mais competitivos e menos exigentes e reivindicativos com respeito a benefícios e ao rendimento do trabalho, dando um pouco de descanso ao capital.

Mas nada está perdido porque o ministro das finanças lá nos foi dizendo que o ano de dois mil e quinze já será de algum alívio, não fora ano de eleições legislativos, embora ele pouco se interesse por essa perspetiva, porque o seu lugar não depende dos resultados eleitorais, para os quais ele se está tintas.

O homem tem uma missão, veio a Portugal para cumprir um contrato e enquanto não o der como cumprido e realizado não voltará ao seu paraíso e estatuto de fiel servidor de quem lhe deu guarida.

Tudo fica para o seu tempo oportuno, até mesmo a reforma do IRC, cujas linhas mestras e cartas de intenções fora entregues ao secretário estado, não se dignando o ministro das finanças falar do assunto.

Ele não está aqui para isso: ele está para nos delapidar.

14.3.13

As saudades

Já tenho saudades de ver o ministro das finanças na televisão com aquele seu ar de mister bean a justificar tudo o que não tem justificação, até mesmo a sua presença na qualidade de ministro das finanças.

Já tenho saudades de ver o ministro das finanças com aquele seu ar de intelectual cientista a mandar tiradas lá do alto da sua cátedra, como se os portugueses fossem gente do quinto mundo e Portugal mais não fosse que uma república das bananas, longe de o merecer como ministro das finanças.

Já tenho saudades de ver o ministro das finanças a oferecer a todos estes pobres e ignorantes, como é a maioria dos portugueses, mais umas previsões sábias e científicas do PIB, do desemprego, da recessão, do consumo interno, do investimento estrangeiro e de umas quantas coisas mais, nas quais ele é um autêntico especialista.

Já tenho saudades de ver o ministro das finanças para me admirar e envaidecer por ter este homem como ministro das finanças, pensando no que a UN está perder por ter permitido que um seu cérebro viesse perder o seu tempo num país sem remédio.

Já tenho saudades de ver o ministro das finanças na televisão, porque estou a perder uma das poucas oportunidades que a política me dá para me rir a bandeiras despregadas da seriedade deste homem que é o todo-poderoso que reina nesta república desgovernada e enganada por esta plêiade de políticos nascidos e criados para desempenharem a elevada missão de colocar Portugal a cheirar o rabo de todos os países da Europa, sem a mínima esperança de perdermos nos próximos anos este lugar de eleição.

Não sei o que se está a passar nos meandros do governo, mas a coisa não deve estar de acordo com o previsto, mesmo tendo em conta a qualidade das previsões do ministro das finanças, porque o passos também anda muito apagado e o portas não dá cavaco a ninguém e lá vai passando o seu tempo a promover Portugal em tudo o que é estrangeiro, dando a conhecer ao mundo um País que consegue sobreviver com um ministro das finanças desta estirpe.

Deve estar a passar-se alguma coisa estranha porque a troika não quer deixar o burgo, apesar do frio de rachar que tem feito por estas bandas e o sol que se vê nem dá aquecer a ponta dos dedos das mãos…

Certamente que as suas razões não se prendem com a necessidade de acertar com o ministro das finanças as próximas previsões, uma vez que o ministro das finanças não liga nada aos funcionários que a troika manda para avaliar o que já está avaliado pelo ministro das finanças, faltando apenas a assinatura, que é dada a posteriori, num relatório que já está feito e acabado e aprovado por quem de direito, não intervindo na festa estes funcionários europeus, que ainda não tiveram oportunidade de apreciar devidamente o nosso sol e o nosso clima.

Espero que já tenham aproveitado da nossa gastronomia… que ainda não está de pantanas como a economia e as finanças de Portugal.


 


 

13.3.13

Habemus PAPAM

O Espírito Santo tem destas coisas: os jornalistas, os comentadores, os "palpiteiros" e os adivinhos já deveriam saber que, se podem influenciar a opinião pública e alguns patarecos, não têm qualquer intervenção nos altos desígnios da Trindade.

Foram momentos de uma absoluta surpresa que não possibilitou qualquer reação nem aos presentes na Praça de São Pedro no Vaticano nem sequer aos jornalistas portugueses que ficaram mudos e calados naqueles segundos que se seguiram à leitura daquele curto texto a anunciar o cardeal eleito e o nome adotado pelo novo Papa.

Foram momentos terríveis pois não terá passado pela cabeça de tanta gente que o novo Papa pudesse ser aquele cardeal de que não se falava e não se esperava, tanto mais que a expectativa recaía sobre os nomes designados por "papabiles", onde não constava um cardeal de setenta e seis anos e ainda por cima já emérito e argentino de vida e nascimento.

Tivemos uma prova que as pressões da imprensa, mesmo que mundial, não surtem efeitos em determinadas situações, nomeadamente na eleição de um papa, mesmo que se possa pensar que não passa de uma eleição como outra qualquer eleição.

Terá ficado provado que a compra de eleição papal não está nos horizontes das possibilidades, apesar de alguma gente estar convencida que há muita política no meio desta coisa toda.

Até posso admitir que sim.

Mas devemos ter em conta que a simplicidade de um raciocínio escolástico não se aplica às nuances dos poderes da Igreja Católica, tão só porque se trata de uma instituição milenária e implantada em todas as regiões do planeta por mais longínquas e dispersas e inóspitas que sejam.

Para mim o mais surpreendente não foi o novo Papa ser argentino, o novo Papa ter setenta e seis anos, o novo Papa ser um cardeal emérito; o que mais me surpreendeu foi o novo Papa ser um "jesuíta"!!!

A partir daí não tenho a mesma leitura do significado da escolha do nome, que todos os comentadores e jornalistas, que tive a oportunidade de ouvir, atribuíram ao nome de "Francisco", tudo indicando que a escolha do nome estava ligada ao santo dos pobres e dos humildes como foi São Francisco de Assis.

Ninguém se lembrou nem o novo Papa vai alguma vez dizer, que o nome adotado e escolhido esteja intimamente relacionado com o apóstolo, missionário e santo como foi e é São Francisco Xavier, também ele jesuíta e que andou por essa terra inteira a pregar o nome a doutrina de Cristo…

Habemus PAPAM!!!

Que seja para a paz da Humanidade.


 


 

8.3.13

Dispenso tanta atenção

O alemão falou como a modos de autorizar que os outros falassem, iniciando a preparação do processo de desvalorização dos salários para que a empresas portuguesas sejam mais competitivas e o estado gaste menos, assim se aumentando os lucros daquelas e diminuindo as despesas deste.

Estaria tudo bem se tudo acabasse em bem, mas como já estamos a ver no que tudo isto vai dar, pouco ou nada nos surpreendeu ouvir o falso primeiro contrariar o aumento do salário mínimo nacional, abstendo-se, por enquanto, de falar abertamente do corte que não deve estar muito longe.

Para esta função foi encarregado o conselheiro mor do governo falando aberta e claramente que o bom seria mesmo a diminuição dos salários como forma de tornar competitiva a economia portuguesa e permitir a criação de alguns postos de trabalho, que fazem muita falta para que o governo alivie a fatura do subsídio de desemprego, apesar de haver uns bons milhares de desempregados que não veem um tusto.

Ficámos todos certos que o verdadeiro primeiro não vai fazer projeções quanto à criação de postos trabalho e também não as fará quanto ao início da real desvalorização dos salários de forma direta e não através de impostos, taxas e complementos solidários, que ainda não atingiram o seu verdadeiro objetivo e a sua real dimensão.

Antes disso vai haver uma boa marretada nos gastos na saúde e na educação, uma vez que o estado social já iniciou a sua contração, pouco servindo para que o défice se fique pelo que foi acordado com a troika.

Mas com a troika podemos nós bem, pois temos o verdadeiro primeiro a manobrar na sombra e a informar a equipa b que podem ficar mais uns dias, pois o relatório final ainda não está pronto para ser assinado, conforme é devido.

Ninguém ainda sabe como, isto é, ainda ninguém disse onde vai cortar aquela tal maquia dos quatro mil milhões de euros, mas nós, que andamos a dormir na forma, já sabemos quem vai aguentar com o corte: os funcionários públicos, os aposentados e reformados, os serviços de saúde e os serviços de educação, porque também sabemos que o verdadeiro primeiro não está na disposição de cortar o salário milionário do conselheiro do falso primeiro.

Gostei muito de ouvir o passos comparar o corte dos quatro mil milhões em Portugal com o corte dos quatro mil milhões em França, como se fosse permitido a quem quer que seja, a não ser a um primeiro que não é primeiro para coisa nenhuma e que não dá uma para a caixa, fazer este tipo de comparação.

Pois claro!

Nós sabemos bem que o salário mínimo em França é mais baixo que o salário mínimo em Portugal; nós sabemos bem que o produto interno bruto de França é ligeiramente mais baixo que o de Portugal; que a taxa de desemprego em França é ligeiramente superior à de Portugal e até sabemos que o nível de vida em França é um pouco superior ao de Portugal.

Este homem está convencido que a grande maioria dos portugueses é uma corja de ignorantes e que ficam todos babados quando diz que está a trabalhar para a salvação de todos nós.

Por mim, dispenso tanta atenção.

7.3.13

Até aos anos setenta

Já começam a surgir mais opiniões sobre a tal desvalorização de Portugal face à impossibilidade de desvalorização da moeda corrente.

Parece que um tal senhor importante lá dos lados da germânia manifesta a sua opinião não apenas quanto à desvalorização do País mas ainda a saída da moeda única como forma de resolver os problemas da economia portuguesa.

Cá por mim, que já tinha adiantado por diversas vezes que se perspetivava a desvalorização do País nas políticas fiscais, económicas e sociais, no que se refere aos custos do trabalho e das pensões e do estado social, não vejo que não se possa equacionar as diversas hipóteses que se podem colocar.

Também reconheço que nós não temos os trunfos que estão aos dispor dos gregos nas respetivas relações com os alemães, uma vez que aqueles são claramente credores e estes claramente devedores e essas coisas não se esquecem em uma ou duas gerações, tanto mais que o que aconteceu entre gregos e alemães no durante no pós-guerra mundial ainda está vivo e bem patente na consciência dos gregos.

Contudo, naquele mesmo período andámos a dar uma no cravo e outra na ferradura e nunca tivemos uma posição política suficientemente clara para que hoje alguma das partes tenha qualquer tipo de consideração por via desta matéria.

Estivemos neutrais, mas apoiámos as duas partes, servindo Portugal de plataforma giratória para tudo o que era necessidade de descanso e de espionagem e de refúgio e de asilo para ambos os contendores e suas respetivas vítimas.

Mas nesta coisa, a moral e a boa vontade de pouco ou nada servem e hoje encontramo-nos à mercê de todos os que nos utilizaram e na primeira deitaram fora como se de lixo se tratasse.

O pior de tudo é que, a par do desprezo com que grande parte dos nossos amigos nos trata, temos uma elite de governantes que prometeram tudo e mais alguma coisa para ganhar eleições e logo que se apanharam a mandar, tomaram conta dos nossos destinos para nos entregar de alma e coração àqueles que, à pala da dívida e dos empréstimos, só pretendem uma colónia de consumidores escravizados e dominados.

Já não chega para esta gente ter Portugal amordaçado por mais quarenta ou cinquenta anos; querem mais e esse mais é pura e simplesmente desvalorizar Portugal em cerca de quarenta por cento, para que fiquemos reduzidos à dimensão de um país terceiro-mundista a começar agora a sua iniciação no processo de desenvolvimento económico.

Vamos ter que nos habituar a pensar que os objetivos desta quadrilha estão bem claros no que se refere a custos do trabalho e do dito "estado social", incluindo a segurança social, a saúde e a educação, mas mantendo-se os custos do capital como estão atualmente, bastando olhar com uma ligeira atenção para os lucros das atividades financeiras e seguradoras e para os resultados das empresas produtoras de bens e de serviços de consumo obrigatório.

Contudo, ainda não capitulámos…e ainda não regredimos até aos anos setenta…

6.3.13

A desvalorização

Existe uma razoável quantidade de programas de informação e de comentário nos canais de televisão generalista e especializada, onde aparece um sem número de "fazedores de opinião", nomeadamente políticos, governantes, ex-governantes, jornalistas, especialistas, professores, catedráticos, comentaristas, politólogos, sociólogos e outros que tais, todos eles a "amandarem" a sua ciência para português consumir.

Um cidadão, mais ou menos bem informado por uma leitura de alguns jornais quer em papel quer em formato digital e que ouve com alguma frequência os inúmeros serviços de notícias das televisões e das rádios, pouca coisa aprende com toda aquela gente, fora uma enorme carga de generalidades que de pouco ou nada servem.

Contudo, de vez em quando e muito raramente, aparece um jovem e desconhecido que se digna atirar umas quantas das boas, talvez porque ainda não esteja comprometido, sendo-lhe permitido dizer algumas verdades e outras coisas a que muita gente não se atreve.

Foi o caso do que aconteceu há uns dias: um jovem e desconhecido professor universitário, que eu ainda não tinha visto em programa de televisão, resolveu esclarecer umas coisas que outros não tiveram a coragem e a dignidade e o atrevimento de fazer.

Disse o tal professor que, naquele tempo quando surgia algum problema mais complicado com as finanças e com a economia desvalorizava-se a moeda e a coisa entrava nos eixos por mais algum tempo. Agora e porque não se pode desvalorizar a moeda, a solução não pode ser outra que não seja desvalorizar o PAÍS.

Está dito e está a ser feito.

Esta gente não tem feito outra coisa que não seja desvalorizar o PAÍS, na impossibilidade de desvalorizar o euro.

De outra forma não fazia sentido todo este tipo de austeridade que está a ser praticada: cortes e mais cortes, impostos e mais impostos sobre os rendimentos pecuniários dos portugueses quer sejam provenientes dos salários quer das pensões.

Desta maneira, diminuindo drasticamente o custo do trabalho, independentemente de ser no setor privado ou no setor público, está-se, na realidade, a desvalorizar a economia e aplicando a mesma receita às pensões facilita-se a vida ao Estado que vê os seus custos diminuídos drasticamente, à sombra das tais reformas estruturais que mais são que roubos dos rendimentos de muitos portugueses.

Não há nada a fazer que leve esta gente a informar o POVO que a sua missão e o seu grande objetivo é desvalorizar o PAÍS em valores entre os trinta e os quarenta por cento, para que se possa iniciar um período de crescimento económico, com tudo o que isso significa, a partir de uma base de sessenta e não dos tais cem por cento e até mais se tivermos presentes alguns sortudos que não são assim tão poucos.

Bem vistas as coisas, os nossos credores querem, os nossos governantes estão prontos para lhes fazerem todas as vontadinhas…

O pior é se isto descambar para o torto…

4.3.13

Os senhores do mundo

Mesmo que não se queira ou se evite pensar e falar da situação portuguesa, não temos como evitar tê-la bem presente, dado que condiciona permanentemente a vida de cada um.

Não se entende lá muito bem este paradoxo: o governo, os partidos que o apoiam e muitos militantes respetivos não se cansam de debitar todos os dias a inevitabilidade da crise atual, atribuindo a políticas anteriores as causas da necessidade da austeridade, dos impostos, do desemprego e de tudo o resto; por outro lado toda a oposição e um sem número de cidadãos, muitos políticos de todos os quadrantes ideológicos, até mesmo da ala direita, acompanhados de muitas instituições nacionais e internacionais e especialistas de todos os campos afirmam que a austeridade só conduz à recessão e a recessão exige cada vez mais austeridade, tornando-se tudo isto num círculo vicioso, donde ninguém tem esperanças de sair.

Causa alguma estranheza a voluntariedade com que alguns governantes e seus apoiantes que vivem à sombra do orçamento continuam a defender esta política como sendo a única via para salvar Portugal, dizem, que da bancarrota e até do seu fim como nação…

Eu admito que quem tem responsabilidade de governar e de levar por diante uma determinada política esteja convencido que o caminho apontado é o melhor, mas admito também que nestas coisas há sempre um caminho alternativo que atinja os mesmos objetivos ou objetivos semelhantes sem dar cabo de tudo o que se vinha construindo, como se o que foi feito nunca deveria ter sido feito e quem o fez ou permitiu fazer não passam de uns monumentais asnos e idiotas chapados… que nunca deveriam ter existido.

Convenhamos que presunção e água benta cada um toma a que quer, mas o bom senso manda as pessoas estarem atentas aos sinais que chegam de muitas origens e de muitos horizontes no sentido de lhes poder atribuir alguma validade, tanto mais que estão em causa técnicos e especialistas altamente credenciados e não apenas a populaça, que só aspira a emprego e pouco trabalho e não abdica dos seus direitos obtidos de boa-fé e nos termos legais.

Algumas vezes sou levado a acreditar que os fenómenos sociais em que se baseiam aqueles movimentos dos "senhores do mundo" e do "conselho de sábios" não deixam de ter algum fundamento, salvo a sua localização em grutas altamente secretas lá para os lados das montanhas dos himalaias…

Mas se substituirmos estas expressões por umas outras como sejam os governadores dos principais bancos mundiais, os presidentes de umas quantas multinacionais, os donos da energia mundial, os cientistas de alguns institutos de investigação, as polícias secretas e outros e outras quejandas então a coisa já nos parece com muito mais lógica e podemos começar a acreditar que somos comandados, manipulados e subjugados como um subproduto do poder instituído.

De qualquer, não será que estamos a dar demasiada importância a estes passos e a estes gaspares e a estes relvas, não sendo já tempo de os reduzir à sua expressão mais simples?


 


 

3.3.13

O que interessa

O Povo saiu à rua para protestar.

Pouco me interessa saber se protestava contra a troica; se protestava contra o fundo monetário internacional; se protestava contra o banco central europeu; se protestava contra a comissão europeia; se protestava contra o passos, se protestava contra o relvas; se protestava contra o Gaspar; se protestava a meio contra o portas; se protestava contra tudo o que se está a passar nesta terra.

Para mim o que interessa é verificar que o Povo estava a protestar contra toda uma política que nos está a tornar escravos e servos de entidade ou entidades que verdadeiramente desconhecemos.

Para mim o que importa saber é que o Povo saiu à rua para protestar e não ficou parado e amorfo à espera de mais sacrifícios, mais roubos, mais espoliações, mais trafulhices, mais aldrabices, como se esta terra não passasse de uma coutada e de uma república de bananas, onde tudo fosse permitido sem quaisquer consequências.

Para mim o que interessa é saber e verificar que o Povo está a assumir uma verdadeira consciência de tudo o que lhe está a acontecer e está a identificar quem são os agentes desta calamidade social.

Para mim o que verdadeiramente me interessa é saber que milhares de portugueses trocaram a comodidade das suas casas e pelo grito de revolta cantado e declamado nas ruas de quarenta cidades de Portugal.

Para mim o que interessa é pensar que este governo de incompetentes e de mandatários obedientes dos senhores do mundo terão em atenção as manifestações de um Povo que está na miséria ou para lá caminha por obra e graça de uns quantos que desonraram a sua palavra dada em eleições atirando para as urtigas toda uma ética que deveria ser apanágio e guia de uma governação séria e honesta.

Para mim o que interessa é estar consciente que o roubo efetuado à dignidade do Povo tem um braço e uma mão e que não fugirá eternamente à alçada da lei que um dia será aplicada nem que seja à custa de muita desgraça.

Para mim o que interessa é continuar a constatar que ainda estamos longe do que se passa lá na Grécia e ali ao lado na vizinha Espanha, onde as manifestações são a doer e onde o bom comportamento das massas começa a ter um real e verdadeiro significado de luta contra o crime social.

Para mim o que interessa não é saber a contabilidade dos manifestantes, colocando quatro em cada metro quadrado e multiplicando pelo número de metros quadrados da praça, esquecendo, por acaso, os metros quadrados das ruas circundantes, deixando isso para a consciência de comentadores televisivos.

Quem afirmava que o Povo estava amorfo, que o Povo estava conformado, que o Povo não tinha reação, que o Povo entendia tudo o que se está a fazer como se fosse feito ao serviço desse mesmo Povo, está bem enganado porque estas manifestações trouxeram o Povo para a rua a protestar contra quem assim o trata.

Imaginem todos, quando isto for a sério…