10.11.12

O trabalho dedicado

Até há relativamente pouco tempo andei convencido que a crise seria ultrapassada com uma boa dose da dita austeridade, mas principalmente fazendo recurso ao mais elementar bom senso na linha do que acontece a muito boa gente nos últimos dias do mês, quando o cacau já não abunda.

Estava ou, melhor, andava convencido que fazendo um esforço bem conduzido e bem orientado seria possível ultrapassar as piores dificuldades e entrar num período de dificuldades perfeitamente controladas.

Pensava que bastaria uma vontade férrea para não desperdiçar nem sequer uma casca de banana ou uma folha de couve para que se pudesse evitar a tragédia e a calamidade que se abateu sobre toda a gente.

Sobre toda a gente ponto e vírgula, porque ainda há por aí muita boa gente para a qual a crise não passa de uma boa maneira de recolher ainda mais dinheiro do que se fazia nos tempos de acalmia.

Há por aí uma boa meia dúzia de rapazes para os quais a boa vida ainda não terminou ou, se quiserem, a boa vida começou agora verdadeiramente tal é a desenvoltura com que se apresentam perante os seus pares.

Parece que as casas, vivendas e apartamentos topo de gama para lá do milhão se disputam no mercado e que os automóveis de luxo e de alta cilindrada daqueles modelos adequados ao dinheiro só de encomenda e o tempo de espera faz jus ao que se passa nas urgências dos hospitais mesmo pagando a taxa moderadora…

Donde vem esse dinheiro? Creio que não pode ter outra origem que não seja o trabalho esforçado, pois que os grandes ganhos do mercado de capitais já tiveram a sua hora e a próxima ainda está longe no tempo.

Não deixa de ser curioso o facto de não haver jornalista ou comentador que se dedique a investigar e a comentar as variadíssimas situações, cujo objetivo supremo gira à volta da proveniência dos capitais em circulação.

Teremos sempre a possibilidade de envolver na nossa defesa os jogos de azar oficiais e legais, para além de todos os outros que utilizam os circuitos subterrâneos que ninguém controla e não sei se quer ou deseja controlar.

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