8.11.12
Aldrabões e gatunos
Esta é a primeira vez que aqui estou desde a última vez que aqui estive.
Aquela terá sido pronunciada há mais de cinquenta anos e esta há pouco mais de um ano, mas ambas marcaram um tempo durante o qual aconteceram coisas que nunca deveriam ter acontecido se os deuses tivessem sido justos para com este pessoal todo.
Mas é a vida e a vida tem destas coisas que não controlamos e muito menos estamos em condições de controlar em determinados momentos e circunstâncias que exigiam o melhor de cada um ao serviço de todos e de mais algum.
Não que fora pedir demasiado à vida, mas tão só um tudo nada de sorte e ventura para que houvesse um sorriso de esperança no rosto de muitos dos que carregam o fardo da desilusão sem esperança e sem perspetiva num futuro digno de se viver.
Não sei se é triste, mas alegre não é de certeza quando tentamos olhar para além do momento presente e não vislumbramos coisa que nos oriente no bom sentido da vida e nos carregue de ilusões para além do justamente expectável por todos aqueles que desejam viver com alegria e satisfação.
Um dia será, como sempre foi e sempre terá sido ao longo destas centenas de anos de identidade nacional.
É a pior de sempre?
Houve outras ainda piores?
É a triste sina desta gente toda, que quando começa a arrebitar cabelo logo leva uma marretada na cabeça para que haja consciência que o destino é este e não outro, pois parece que estamos fadados para levar a torto e a direito onde mais se sente e onde mais magoa: a nossa identidade.
Vamos ficando habituados à pancadaria, à traição e ao desprezo, mas nunca ninguém nem de fora nem de dentro foi capaz de dar cabo desta gente.
Sempre teremos entre nós aldrabões e gatunos, mas está para aparecer o primeiro que nos venha dizer que o Dom Sebastião não virá um dia com a vida, com a esperança e com a felicidade, a que temos direito.
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