20.5.10

A austeridade

Estavam os Portugueses muito atentos a tudo o que ia acontecendo na visita de Sua Santidade o Papa que nem estranharam a aparição do Primeiro Ministro na televisão para anunciar o pacote de austeridade que Bruxelas determinara uns dias antes.

É da vida: quem quer pertencer a uma comunidade de cidadãos consumidores de trezentos milhões, com uma moeda única de várias nações, vê-se a braços com coisas desta natureza, como é a perda da independência económica, sacrificada aos interesses da União.

Parece que toda a gente já esperava por tudo isto depois de ter tomado conhecimento de uma pequena parte do conteúdo do PEC.

Toda a agente menos os bloquistas, os comunistas e centristas, que de imediato levantaram as suas vozes lançando ao vento as devidas e esperadas imprecações contra os capitalistas de direita, incluindo os socialistas e os sociais-democratas, que se uniram para lixar mais uma vez o Zé Povinho.

Já ficou o recado: luta sem quartel, combate em todas as frentes, manifestações sempre e quando for necessário, porque o direito à indignação contempla tudo isto, mesmo quando os representantes políticos de mais setenta por cento de votantes dizem que se trata de coisas totalmente indispensáveis para a política nacional.

Certamente que todos aqueles que concordam com estas medidas mesmo que as sintam fortemente e negativamente nas suas carteiras lá terão as suas razões que justificam a sua concordância, do mesmo modo que aqueles que as criticam e não concordam e as rejeitam totalmente lá terão também as suas razões para tais atitudes.

Estamos perante uma situação que muitos não atendem nem encontram justificação para a sua génese e muitos outros nem sequer fazem a mínima de como foi possível isto ter acontecido, sendo certo que uma catástrofe desta natureza não atinge apenas Portugal mas é comum a muitos outros países, muito embora não se manifeste nem se justifique da mesma maneira.

Cá por mim a coisa não assume foros de extrema gravidade por duas razões fundamentais: há muito tempo que não tenho possibilidade de fugir ao pagamento integral de impostos; depois já estava à espera de tudo isto quando não fiz e ainda não faço a mínima ideia de como tudo isto aconteceu e de como vai terminar.

Embora continue a pensar que os economistas e espertos em finanças deveriam ocupar-se prioritariamente da produção agrícola ou dedicarem-se à engenharia dos solos, o meu optimismo começa a diminuir drasticamente a ponto de por em causa a notícia do crescimento do PIB em um por cento no primeiro trimestre do ano corrente, sem que os economistas se tivessem dado conta, entretidos que estão com a má-língua.

19.5.10

A Reportagem

Eram cerca das catorze horas quando Sua Santidade o Papa Bento XVI dava como terminada a visita a Portugal e regressava à Cidade Eterna.

Não tive a possibilidade de acompanhar as reportagens da visita nos diversos meios de comunicação social, mas deu para ter a percepção que as multidões nunca deixaram de acompanhar o Papa.

Tanto na Praça do Comércio em Lisboa, como em Fátima e por fim na cidade do Porto os Portugueses foram exímios e pródigos nas manifestações a Sua Santidade, demonstrando que a crise não foi suficiente para fazer com que a presença do Povo não se fizesse sentir: sempre esteve presente, apesar de o tempo não ter sido totalmente favorável para os banhos de multidão, que aconteceram sempre que o Papa se prestou a isso.

As televisões esmeraram-se na cobertura de toda a visita papal, principalmente a televisão pública e aquela que foi a televisão da Igreja, mas que agora já não é, apesar de guardar alguns resquícios de tal qualidade.

Ouvi milhentos comentários e umas tantas mais observações das dezenas de repórteres televisivos envolvidos na cobertura informativa de todos os acontecimentos da visita papal.

Ouvi coisas muito acertadas, coisas que demonstravam claramente que se conhecia o assunto e que se percebia da poda. Ouvi muitos comentários onde se vislumbrava uma muito boa vontade de prestar um bom serviço informativo a quem estava em frente do televisor. Ouvi muitas observações que demonstravam claramente que se tinha preparado a matéria com algum trabalho de casa que deu origem a um trabalho sério e honesto e certamente apreciado por quem esteve em frente do televisor.

Como em todas as coisas, há sempre um senão.

Lugares comuns aos molhos, enganos ao desbarato, trocas contínuas, entrevistas falhadas, recolhas de opiniões como se fossem entrevistas, perguntas descabidas, observações fora do contexto, descrições como relatos de futebol... de tudo isto vimos um pouco.

O que vem provar que a posse de um microfone não é suficiente para termos um bom jornalista ou um bom observador, como não é suficiente para tal ter um curso superior ou ter um palmo de cara sugestiva e sorridente.

Por outro lado, as diversas tentativas de adivinhar o que o Papa queria dizer ou o significado de algumas expressões proferidas por diversos intervenientes demonstram também que há por aí jornalistas que não sabem ou ignoram de propósito o contexto e as circunstâncias das suas intervenções.

Estava a ver que algum (a) ainda perguntava ao Papa "... o que pensa da subida de impostos...".


 

15.4.10

As contrapartidas

Ele há coisas que uma pessoa normal não entende e se se trata de uma simples pessoa normal ainda entende menos.

Vem isto a propósito de uma nota como se fora de rodapé integrada numa reportagem publicada pelo Correio da Manhã de anteontem sobre a história dos submarinos.

Dizia a tal nota como se fora um destaque que os submarinos custaram setecentos e sessenta e nove milhões e trezentos mil euros mais sessenta e três milhões e seiscentos mil euros devido a uma cláusula de actualização dos valores por não sei quê.

Todos estes valores não me pareceram estranhos, uma vez que se trata de umas máquinas de guerra para fazer a guerra debaixo de água às escondidas de todos, principalmente quando não há guerra adequada devem custar uma pipa de dinheiro como são esses milhões todos.

Mas parece que o negócio envolvia umas contrapartidas que o fabricante vendedor deveria dar ao comprador por via dessa compra, o que a priori parece que não estar mal contado: pois se te compram uma coisa de muito valor e que não se vende todos os dias é justo que haja alguma coisa a dar e oferecer em troca, o que em vulgar português se denomina de "contrapartidas", sem qualquer má intenção nem segundos sentidos.

Mas aqui nesta coisa das contrapartidas é que se situam as minhas dificuldades de entendimento: o jornal referia que as contrapartidas estavam avaliadas em "um vírgula vinte e um" mil milhões e que só estavam realizados cerca de trinta e dois por cento, certamente que desse valor aqui citado.

Eu não sei nada destas coisas pelo que não entendo como é possível que o valor das contrapartidas pelo negócio sejam muito superiores ao valor do próprio negócio real e verdadeiro.

Não entra na minha cabeça que se estes valores estão certos porque é que o Estado Português não comprou uma dúzia de submarinos e por via deles resolver o problema do défice e do endividamento externo, pois que se por dois submarinos há tanta guita de contrapartidas, então por uma dúzia de submarinos que guita não viria ter a Portugal?

Se alguém tiver conhecimentos suficientes para explicar esta situação ficaria muito agradecido porque veria ultrapassadas todas as minhas dúvidas duvidosas sobre os montantes quer dos submarinos quer das contrapartidas e assim dormiria mais descansado.

E já agora, se houver alguma informação em que coisas foram gastos aqueles trinta e dois por cento de mil e duzentos e dez milhões de euros ficaria muito mais descansado e dormiria muito melhor, porque ficava com a certeza que se tratou de coisa útil, nem que fosse para pagar a compra de papel para imprimir os planos de formação indispensáveis para por os submarinos a operar no seu elemento apropriado...


 


 

10.4.10

Anos são 42

Decorreu hoje a jornada de confraternização dos camaradas e amigos do batalhão de cavalaria mil oito e sessenta e oito, após quarenta e dois anos do seu regresso da campanha africana lá nas terras de Angola.

Gostei muito de reencontrar muitos camaradas que se tornaram amigos moldados nas alegrias e nas tristezas, no choro e no riso, na fome e na fartura, mas sempre convictos de que um de nada valia e que todos merecíamos respeito.

Gostei de ver aquelas caras, umas marcadas pelo trabalho, outras pelas agruras da vida e ainda outras reflectindo paz e tranquilidade, mas todas com vontade de viver como sempre demonstraram antes que fossem passados estes quarenta e dois anos.

Gostei muito, mesmo muito de encontrar uma amiga que substituiu o seu companheiro e nosso amigo e camarada já levado para a outra banda, como se aquela guerra também lhe dissesse respeito porque também fora dela

Foi uma jornada de verdadeira confraternização onde se recordaram os bons e maus momentos, mas onde não se viu nem ouviu um queixume pelos vinte e oito meses por lá passados.

Vê-se que estamos em paz e que o tempo das lamúrias e dos rancores já lá foi e que não tornará.

Não gostei da homília, para mim anacrónica para não dizer trágica e patética, do Senhor Padre Capelão que nos brindou com uma verdadeira arenga de lamúrias e queixumes pelas "perseguições" que a actualmente está sofrendo a Igreja, como se as vozes que se fazem ouvir contra o comportamento de determinados responsáveis dessa mesma Igreja fossem coisas inventadas por quem tem poucos anos e uma imaginação muito fértil.

Poderia pensar-se que numa homilia normal o tema não pudesse merecer alguma atenção, mas nas circunstâncias desta missa os modos e os temas foram despropositados e o Senhor Padre não esteve à altura do que se estava a comemorar. Que haja necessidade de se justificar, que se justifique, mas que se tente a fuga para a frente através da insinuação, isso não tão só porque o Povo de Deus não o merece.

Se alguém tem que pedir desculpas, esse alguém é a Igreja e não nós que temos o direito e a obrigação de elevar a nossa voz quando tal for necessário.

Também não estava a gostar do rumo da intervenção do Senhor General, mas vá lá que foi curto e deu-se conta a tempo que poderia estar a trilhar caminhos complicados e de desfecho desconhecido.

O tempo decorrido já sarou quase todas as feridas e ninguém tem o direito de tentar abrir as que ainda não estão fechadas, nem sei se há algum interesse que o justifique, tanto mais todos reconhecemos que os valores mudaram como mudaram os tempos e os costumes.

Não andámos na guerra para não merecermos uns almoços verdadeiramente descansadas, contentes, satisfeitos e felizes e conscientes do que foi daquilo tudo.

Pode haver coisa melhor na vida que a amizade, a fraternidade e a solidariedade?


 

26.3.10

Um domingo

Isto por aqui é um verdadeiro descanso.

Não fora o regabofe de informação repetida vezes sem conta sobre os incidentes (acidentes) das claques portista e benfiquista antes, durante e depois do jogo teríamos um fim-de-semana altamente contributivo para a pasmaceira nacional.

Parece que o domingo, dia vinte e um de Março do ano da graça de dois mil e dez, ficaria na história por não termos ouvido o Louçã a botar um dos seus discursos moralizadores da consciência nacional, qual diácono remédios da política, mas vai ficar devido à pancadaria das claques desportivas.

Tudo se vive com paixão e a vida com paixão é um risco permanente para o pessoal que apenas deseja um domingo bem passado mesmo que seja a dar um passeio numa serra deserta com pouco sol e muita chuva.

Fiquem todos bem descansados o resto dia, porque amanhã cá teremos os candidatos do PSD a conquistar votos para a sua eleição, todo o pessoal da oposição a cantarolar em uníssono diatribes contra o PEC e pic e poc e puc e pac, como se o referido apenas tivesse em conta os nossos descontos como contributo fundamental e principal para a redução do défice público bem como para a moralização das administrações das empresas públicas.

Talvez tenhamos a oportunidade de ouvir alguns comentários a propósito da subida dos impostos ou da descida dos benefícios fiscais e até alguma interpretação filosófica desta matéria da autoria do Pacheco Pereira, discorrendo sobre o real significado da diferença entre a subida de qualquer coisa e a eliminação de uma outra coisa com ela relacionada.

Veremos que não se trata da mesma coisa quando falamos em ultrapassar um obstáculo ou passar ao lado desse mesmo. Estaremos sempre perante uma discussão altamente produtiva e compensadora para o pessoal que gosta de uma vida argumentativa, porque dia em que não haja uma boa discussão um tanto ou quanto filosófica não é dia que valha a pena viver.

Não sei muito bem se o dia vinte e dois de Março será um dia de sol ou de chuva, mas o mais provável é que seja um misto, isto é com sol e chuva, sem sequer me dar ao trabalho de ver a previsão meteorológica, uma vez que a minha certeza vai noutro sentido: tenho a certeza que durante as vinte e quatro horas do dia vinte e dois de Março do ano do Senhor de dois mil e dez vamos ouvir umas bocas contra o Governo e contra o Sócrates nem que sejam para dizer que o primeiro deveria governar e o segundo deveria tomar o caminho em direcção ao Nordeste...

25.3.10

Um dia de dois

Estou aqui para os lados da Serra Estrela para passar o fim-de-semana e constato que as novas tecnologias parecem querer permanecer arredadas destas bandas.

É assim que o acesso à internet móvel está longe de satisfazer minimamente os seus utilizadores em muitas outras zonas do País, pelo que aqui, quem não é residente, tem poucas hipóteses de se ligar com o Mundo: é o meu caso.

Contudo, deu para receber alguma informação através da rádio ou dos quatro canais de televisão com sinal aberto, porque o acesso ao cabo deixa muito a desejar, sendo o mais frequente a parabólica em pleno Parque Natural da Serra da Estrela.

Menos mal que os telemóveis da generalidade das redes não têm problemas desde há já uns tempos.

Mas esta situação não obstou a que alguma informação chegasse aos seus destinatários: foi assim que se toma conhecimento de algumas reacções ao Plano de Estabilidade e Crescimento (eu não gosto das iniciais que me fazem lembrar tempos heróicos quando a solidariedade e a voluntariedade dos portugueses estava presente todos os dias e não precisava de causas nem de motivos, pois o processo revolucionário em curso era coisa de todos).

Agora temos o Cravinho a mandar umas bocas sobre prendas e corrupção como se lá no Banco onde foi colocado pelos bons serviços prestados ao País não houvesse prendas nem corrupção, bastando a sua presença para não haver qualquer coisa que cheire a isso.

A seguir, a ordem é arbitrária, vem o Alegre a atirar-se ao PEC como gato ao bofe, como se aquela coisa fosse a chave para a sua eleição como Presidente da República, o que não será uma coisa tão difícil assim de tivermos em conta que ao milhão de votos que tem se somarem mais um ou dois com os descontentes com o bloco central. Pode, assim, descascar à vontade tanto no PEC, como no PS e como nos outros, com excepção dos comunistas e dos bloquistas porque estes já estão incluídos no primeiro milhão.

Depois, aí estão todos os deputados de todas as comissões e mais os declarantes "civis" que não param de rodopiar pela Assembleia da República a prestar as suas declarações, apesar de já conhecermos tanto os declarantes como as declarações e os respectivos lados da barricada.

Tenho a certeza que esta coisa nunca mais vai acabar a não ser pelo cansaço e por dois motivos fundamentais: o Primeiro nunca dirá que sim e os outros nunca dirão que não. De modo que só resta ao Benfica ser Campeão Nacional no futebol profissional da primeira liga para que esta gente acalme um pouco e pare para trabalhar...


 


 


 

16.3.10

Enquanto houver...

Tenho andado por aí a rir-me e a irritar-me.

A rir-me porque gosto da vida e a vida não é para tristezas.

A irritar-me porque nunca mais deixo de ver e ouvir o Pacheco Pereira a maldizer o Sócrates e seus amigos sem que tenha de mudar de canal.

Mas a vida é assim: umas vezes a rir, outras vezes a chorar, mas como eu não choro, resta-me o rir ou o irritar.

Como não devo irritar-me com os meus amigos, irrito-me com aqueles que não me dizem nada ou com aqueles de que não gosto.

Por outro lado, tenho tido tantas oportunidades de me rir de tantas coisas e irritar-me com muitas outras, pelo que tenho seguido aquele venho princípio de não ligar muito quando as opções são muitas: pior que a alegria e bem pior que a irritação só a chatice de ter que decidir por uma opção qualquer, mesmo que essa me seja indiferente.

Isto está confuso? Pois vai deixar de estar quando souberem que ontem durante um bocado do serão estive parado de olhos esbugalhados a ver o programa da Fátima Campos Ferreira e a ouvir o Filósofo Gil! Não ouviram? Não sabem o que perderam: desde há muito tempo que não ouvia gente a falar com sabedoria do que realmente sabia, mas quando a mulher falava...

O que está para trás por lá ficou ou por lá vai. O que importa é que o presente e o futuro não sejam desprezados como se estivessem num congresso dos sociais-democratas sem puderem dizer o que lhes ia na alma, mas seja-me lícito pensar que o problema é deles e não nosso para merecer discussão na AR...

Vem tudo isto a propósito ou a despropósito, conforme queiram entender, de uma notícia que tive a oportunidade de ler num jornal diário e pago, que não comprei, sobre a decisão da administração da RTP de aceitar a decisão do Governo e congelar os salários dos mais de dois mil trabalhadores dos canais televisivos e das estações de rádio do Estado.

Mas, há quase sempre um mas nestas coisas, não abdicava de distribuir prémios de desempenho pelos trabalhadores no montante nada desprezível, pois que em dois mil e oito foram cerca de dois milhões de euros...

Eu disse prémios de desempenho? Mas qual desempenho? Desempenho por serrem terceiro ou quarto ou quinto ou sexto ou... Santa Maria...!

Os mais de dois mil trabalhadores daqueles canais televisivos e daquelas estações de rádio do denominado "serviço público" devem ter consciência que são trabalhadores pagos pelo povo que tem um contador de energia eléctrica e desembolsa todos os meses uns dinheiritos para suportar esse pessoal muito do qual está muito bem pago.

Deveriam saber que muita gente passa a ferro com ferro a carvão para não gastar electricidade; que se aquece com lenha comprada para não gastar energia; que desliga frigoríficos durante o inverno para não gastar electricidade, mas não se livra de pagar a contribuição do audiovisual que vai direitinha para os tais canais de televisão e estações rádio do chamado "serviço público".

"Enquanto houver para mim, os outros que se f...".

5.2.10

Faz de conta

Continuo a acompanhar a evolução dos efeitos da construção da ciclovia na Avenida do Colégio Militar e a quase simultaneidade do condicionamento do estacionamento nesta via e na Quinta da Luz através da instalação de parquímetros e fixação de bolsas de estacionamento reservadas a residentes, conforme sinalização vertical ali existente.

Quanto à utilização da ciclovia devo reconhecer que os caminheiros de fim de tarde e alguns ciclistas lá justificam aqueles milhares de euros investidos nos melhoramentos das vias da Cidade.

Não fora o aumento significativo de lugares de estacionamento, mais pela libertação de um antigo parque de estacionamento construído pela EMEL e destinado a residentes, posteriormente transformado em parque para viaturas rebocadas pela PM e a ciclovia não representaria mais que um desastre económico colocado ao serviço dos lisboetas...

Mas agora passam-se coisas curiosas na zona de estacionamento tarifado da Avenida do Colégio Militar / Quinta da Luz, cuja explicação eu tenho perseguido sem quaisquer resultados atrevendo-me a pensar que a própria EMEL terá sérias dificuldades para entender o que aqui se passa diariamente.

O mais curioso disto tudo é que os espaços de estacionamento tarifado através de parquímetros raramente se encontram ocupados, calculando eu que o parque de estacionamento lateral terá uma ocupação diária inferior a dez por cento enquanto na Avenida do Colégio Militar se encontram muitos lugares desocupados.

Contudo, as bolsas de estacionamento reservadas exclusivamente a residentes portadores dos respectivos cartões emitidos pela EMEL estão completamente cheias de carros, encontrando-se raramente um lugar de estacionamento não ocupado. Esta situação verifica-se principalmente durante o dia, período em que os residentes, teoricamente e em princípio, deveriam ter-se deslocado para os seus locais de trabalho, deixando livres muitos lugares de estacionamento.

Tenho-me questionado e tenho questionado a causalidade desta situação e as explicações avançadas não me convencem: que os residentes da Quinta da Luz têm um alto sentido da cidadania e da ecologia e estão preocupados com o aquecimento global e com a camada do ozono, pelo que utilizam sistematicamente os transportes públicos e, dada a crise, nos fins-de-semana ficam em casa ou, quando muito, dão uma volta até ao Centro Comercial Colombo, coisas que não exigem a utilização do automóvel; que uma boa quantidade de automóveis estacionados durante o dia nas bolsas reservadas a residentes são, na realidade, suas (deles residentes) visitas e mal seria que estes se vissem privados de serem visitados por amigos e familiares, pelo que se deve entender que os residentes não são, lá no fundo no fundo, prejudicados.

Mas outro dia adiantaram-me uma outra explicação: corre por aí um "boato" que se trata de um "arranjo" entre a EMEL, a Junta de Freguesia e os Comerciantes, como se as bolsas de estacionamento reservadas a residentes fossem uma espécie de "faz de conta" para acalmar a Associação de Moradores.

Eu não acredito, disse.


 

4.2.10

As finanças regionais


E lá votaram a Lei das Finanças Regionais e não apenas a lei do financiamento da RAM, como ontem erradamente e ignorantemente referi, embora esta votação na Comissão não dispense a votação de amanhã do Plenário Assembleia da República.
Como se esperava a oposição votou a favor da proposta da Assembleia Legislativa da RAM, contra a posição do Partido que suporta o Governo, todos muito bem-intencionados apesar da situação económica e financeira do burgo e tendo presente e conhecimento de tudo o que se está a gerar nos mercados internacionais contra as finanças portuguesas.
Que importa a posição de umas quantas entidades que influenciam as economias e finanças de meio mundo e ditam a sentença que mais lhes interessa em detrimento das necessidades de uns quantos países, mesmo da UE?
Assim se vê a força da oposição política em Portugal!
Não deve importar grande coisa e os argumentos não devem passar por aí, uma vez que temos no mesmo saco O Bloco de Esquerda, o Partido Comunista Português e o seu adjunto o Partido Ecologista os Verdes, o CDS-Partido Popular e o Partido Social Democrata.
Nem toda a gente deve entender com facilidade os motivos e os argumentos que levam todos estes partidos tão diferentes nas suas ideologias e nas suas práticas políticas para se unirem todos contra a posição do Partido do Governo.
E ouvindo parte do discurso de cada um somos levados a pensar que se trata de uma "revanche" contra os quatros anos de maioria absoluta, agora transformada em minoria e, como tal, à mercê da união das oposições, para dar uma lição a esse pessoal que não se dignava dialogar porque tinha mais deputados.
Lá diz o Povo que nunca é tarde para aprender, mas a lição pode custar muito caro ao pessoal que já está habituado a pagar as favas todas: a classe média que tem emprego e que não beneficia de uma enorme quantidade de alcavalas e benefícios para além do seu ordenado sem qualquer possibilidade de fugir ao fisco.
Todos os discursos de todos os interventores políticos vão no sentido de uma necessidade dramática de diminuir a despesa e aumentar a receita, mas todas as propostas que as oposições vão apresentando são no sentido de aumentar a despesa ainda mais do que aquilo se torna indispensável, contra a opinião das instituições nacionais e internacionais influentes na matéria.
Um dia destes, algum outro vai ter que formar governo...

 

 

3.2.10

Um túnel

Parece que as oposições se estão a preparar para aprovar a proposta de alterações à lei do financiamento à Região Autónoma da Madeira contra o sentido de voto do partido do Governo.

Com esta seria a segunda vez em que a AR aprova uma lei contra o partido do Governo e, por este andar, não se ficará por aqui.

A não ser que venha a posição final do Primeiro: se querem governar a partir da AR pois que governem porque assim nem pensar; quem quiser que assuma as suas responsabilidades porque eu (ele) não está disponível para pagar as favas que os outros comem.

Pois que assim seja, mas que tudo fique bem esclarecido sobre as verdadeiras razões e fundamentos da posição das oposições, quer à esquerda quer à direita do partido do Governo.

Aquele tal economista, alto forte e espadaúdo e careca, que dá pelo nome de Vítor Bento, pareceu-me, foi claro de tal modo que não há lugar para dúvidas e artimanhas políticas para justificar um voto das esquerdas e das direitas sobre a mesma lei, tanto mais que se trata de admitir mais despesas em nome da solidariedade e do pagamento da insularidade. Que razões não haveria no caso da Região Autónoma dos Açores para justificar tal posição.

Contudo, nem o Governo, nem o Partido que o suporta, nem as entidades responsáveis pelas finanças deste País, nem os jornalistas da especialidade, nem os comentadores políticos das direitas e das esquerdas e do centro e do meio centro, nem quejandos nem ninguém nem sequer o Pacheco Pereira tiveram e têm a dignidade e a ética e a moral de dizerem a verdade sobre esta matéria, tanto mais que a real situação da Madeira não pode ser do seu desconhecimento.

Eles saberão, como aquele tal economista, que o nível de vida da Madeira é superior ao do Continente e, como tal, a ajuda deveria ter o sentido contrário.

Mas todos nós, os que ainda pensamos um pouco sobre estas coisas também temos consciência que a realidade vivida na Região Autónoma da Madeira é feita à custa das "remessas" do Continente e sabemos também que essas tais terão que continuar por muitos e bons anos com o argumento da insularidade, pois que essa não pode ser alterada.

A não ser que um dia destes nasça da mona do AJJ a ideia de fazer uma ponte ou um túnel para ligar a Ilha às Canárias...


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 

2.2.10

Eu não sabia

Eu não sabia; tu não sabias e eles não sabiam.

E nestes eles estou a incluir o Primeiro que não sabia ou, pelo menos, não disse nada; ou Segundo que não disse nada; o Terceiro que também disse nada e este é que não sabia mesmo e todos os outros que igualmente nem faziam a mínima.

O mesmo sucede com todos aqueles que já foram ministros das finanças e que não disseram e nada e por isso era suposto que não sabiam.

E se sabiam, ainda era pior porque assim configura má-fé.

E má-fé é com toda a certeza a posição dos chefes das oposições, quer sejam da esquerda quer da direita e até do centro se é que existe algum centro que não seja o Centro da Terra.

E não sabiam aqueles grandes economistas que mandam " faladura" nas rádios e nas televisões sobre a crise, sobre tudo e ainda mais alguma coisinha que diga respeito à situação desta terra.

Nem sequer o PACHECO Pereira sabia e se sabia não disse nada e ficou bem calado para não ofender a sua patroa, o mesmo sucedendo ao seu parceiro da quadratura, porque isso de confessar que se não sabe de qualquer coisa que se deveria saber, é prova de muita fraqueza e demasiada vulnerabilidade, coisa que não interessa mesmo nada para esta gente.

O que importa é a sua manutenção na crista da onda, querendo isto dizer que importa principalmente ser ouvido por toda a gente mesmo que não se tenha nada para dizer ou pelo menos dizer alguma coisa de interessante.

Estou convencido que toda esta gente que tem responsabilidade na matéria sabia o que se estava a passar, mas ficaram calados que nem ratos de porão, que têm medo de tudo o que seja claridade...

Toda a gente com responsabilidade nesta situação de desgraça em que a generalidade do pessoal vive e há-de continuar a viver com crise ou sem crise, sem pacto de estabilidade ou com pacto de estabilidade, pois que eles gozam de uma boa vida cheia de privilégios e mordomias, de tal modo que crise nem se viu por aquelas bandas.

Foi preciso aparecer um tipo alto, forte e espadaúdo e careca para meter ordem no discurso e dizer alto e em bom som que ao falar de solidariedade deveria ser " a Madeira a mostrar solidariedade para com o Continente e não o Continente para com a Madeira...", porque o nível de vida naquela região é mais elevado que no Continente...

Nunca ninguém negou que dinheiro puxa dinheiro...