Decorreu hoje a jornada de confraternização dos camaradas e amigos do batalhão de cavalaria mil oito e sessenta e oito, após quarenta e dois anos do seu regresso da campanha africana lá nas terras de Angola.
Gostei muito de reencontrar muitos camaradas que se tornaram amigos moldados nas alegrias e nas tristezas, no choro e no riso, na fome e na fartura, mas sempre convictos de que um de nada valia e que todos merecíamos respeito.
Gostei de ver aquelas caras, umas marcadas pelo trabalho, outras pelas agruras da vida e ainda outras reflectindo paz e tranquilidade, mas todas com vontade de viver como sempre demonstraram antes que fossem passados estes quarenta e dois anos.
Gostei muito, mesmo muito de encontrar uma amiga que substituiu o seu companheiro e nosso amigo e camarada já levado para a outra banda, como se aquela guerra também lhe dissesse respeito porque também fora dela
Foi uma jornada de verdadeira confraternização onde se recordaram os bons e maus momentos, mas onde não se viu nem ouviu um queixume pelos vinte e oito meses por lá passados.
Vê-se que estamos em paz e que o tempo das lamúrias e dos rancores já lá foi e que não tornará.
Não gostei da homília, para mim anacrónica para não dizer trágica e patética, do Senhor Padre Capelão que nos brindou com uma verdadeira arenga de lamúrias e queixumes pelas "perseguições" que a actualmente está sofrendo a Igreja, como se as vozes que se fazem ouvir contra o comportamento de determinados responsáveis dessa mesma Igreja fossem coisas inventadas por quem tem poucos anos e uma imaginação muito fértil.
Poderia pensar-se que numa homilia normal o tema não pudesse merecer alguma atenção, mas nas circunstâncias desta missa os modos e os temas foram despropositados e o Senhor Padre não esteve à altura do que se estava a comemorar. Que haja necessidade de se justificar, que se justifique, mas que se tente a fuga para a frente através da insinuação, isso não tão só porque o Povo de Deus não o merece.
Se alguém tem que pedir desculpas, esse alguém é a Igreja e não nós que temos o direito e a obrigação de elevar a nossa voz quando tal for necessário.
Também não estava a gostar do rumo da intervenção do Senhor General, mas vá lá que foi curto e deu-se conta a tempo que poderia estar a trilhar caminhos complicados e de desfecho desconhecido.
O tempo decorrido já sarou quase todas as feridas e ninguém tem o direito de tentar abrir as que ainda não estão fechadas, nem sei se há algum interesse que o justifique, tanto mais todos reconhecemos que os valores mudaram como mudaram os tempos e os costumes.
Não andámos na guerra para não merecermos uns almoços verdadeiramente descansadas, contentes, satisfeitos e felizes e conscientes do que foi daquilo tudo.
Pode haver coisa melhor na vida que a amizade, a fraternidade e a solidariedade?
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