Tenho andado por aí a rir-me e a irritar-me.
A rir-me porque gosto da vida e a vida não é para tristezas.
A irritar-me porque nunca mais deixo de ver e ouvir o Pacheco Pereira a maldizer o Sócrates e seus amigos sem que tenha de mudar de canal.
Mas a vida é assim: umas vezes a rir, outras vezes a chorar, mas como eu não choro, resta-me o rir ou o irritar.
Como não devo irritar-me com os meus amigos, irrito-me com aqueles que não me dizem nada ou com aqueles de que não gosto.
Por outro lado, tenho tido tantas oportunidades de me rir de tantas coisas e irritar-me com muitas outras, pelo que tenho seguido aquele venho princípio de não ligar muito quando as opções são muitas: pior que a alegria e bem pior que a irritação só a chatice de ter que decidir por uma opção qualquer, mesmo que essa me seja indiferente.
Isto está confuso? Pois vai deixar de estar quando souberem que ontem durante um bocado do serão estive parado de olhos esbugalhados a ver o programa da Fátima Campos Ferreira e a ouvir o Filósofo Gil! Não ouviram? Não sabem o que perderam: desde há muito tempo que não ouvia gente a falar com sabedoria do que realmente sabia, mas quando a mulher falava...
O que está para trás por lá ficou ou por lá vai. O que importa é que o presente e o futuro não sejam desprezados como se estivessem num congresso dos sociais-democratas sem puderem dizer o que lhes ia na alma, mas seja-me lícito pensar que o problema é deles e não nosso para merecer discussão na AR...
Vem tudo isto a propósito ou a despropósito, conforme queiram entender, de uma notícia que tive a oportunidade de ler num jornal diário e pago, que não comprei, sobre a decisão da administração da RTP de aceitar a decisão do Governo e congelar os salários dos mais de dois mil trabalhadores dos canais televisivos e das estações de rádio do Estado.
Mas, há quase sempre um mas nestas coisas, não abdicava de distribuir prémios de desempenho pelos trabalhadores no montante nada desprezível, pois que em dois mil e oito foram cerca de dois milhões de euros...
Eu disse prémios de desempenho? Mas qual desempenho? Desempenho por serrem terceiro ou quarto ou quinto ou sexto ou... Santa Maria...!
Os mais de dois mil trabalhadores daqueles canais televisivos e daquelas estações de rádio do denominado "serviço público" devem ter consciência que são trabalhadores pagos pelo povo que tem um contador de energia eléctrica e desembolsa todos os meses uns dinheiritos para suportar esse pessoal muito do qual está muito bem pago.
Deveriam saber que muita gente passa a ferro com ferro a carvão para não gastar electricidade; que se aquece com lenha comprada para não gastar energia; que desliga frigoríficos durante o inverno para não gastar electricidade, mas não se livra de pagar a contribuição do audiovisual que vai direitinha para os tais canais de televisão e estações rádio do chamado "serviço público".
"Enquanto houver para mim, os outros que se f...".
Sem comentários:
Enviar um comentário