Estavam os Portugueses muito atentos a tudo o que ia acontecendo na visita de Sua Santidade o Papa que nem estranharam a aparição do Primeiro Ministro na televisão para anunciar o pacote de austeridade que Bruxelas determinara uns dias antes.
É da vida: quem quer pertencer a uma comunidade de cidadãos consumidores de trezentos milhões, com uma moeda única de várias nações, vê-se a braços com coisas desta natureza, como é a perda da independência económica, sacrificada aos interesses da União.
Parece que toda a gente já esperava por tudo isto depois de ter tomado conhecimento de uma pequena parte do conteúdo do PEC.
Toda a agente menos os bloquistas, os comunistas e centristas, que de imediato levantaram as suas vozes lançando ao vento as devidas e esperadas imprecações contra os capitalistas de direita, incluindo os socialistas e os sociais-democratas, que se uniram para lixar mais uma vez o Zé Povinho.
Já ficou o recado: luta sem quartel, combate em todas as frentes, manifestações sempre e quando for necessário, porque o direito à indignação contempla tudo isto, mesmo quando os representantes políticos de mais setenta por cento de votantes dizem que se trata de coisas totalmente indispensáveis para a política nacional.
Certamente que todos aqueles que concordam com estas medidas mesmo que as sintam fortemente e negativamente nas suas carteiras lá terão as suas razões que justificam a sua concordância, do mesmo modo que aqueles que as criticam e não concordam e as rejeitam totalmente lá terão também as suas razões para tais atitudes.
Estamos perante uma situação que muitos não atendem nem encontram justificação para a sua génese e muitos outros nem sequer fazem a mínima de como foi possível isto ter acontecido, sendo certo que uma catástrofe desta natureza não atinge apenas Portugal mas é comum a muitos outros países, muito embora não se manifeste nem se justifique da mesma maneira.
Cá por mim a coisa não assume foros de extrema gravidade por duas razões fundamentais: há muito tempo que não tenho possibilidade de fugir ao pagamento integral de impostos; depois já estava à espera de tudo isto quando não fiz e ainda não faço a mínima ideia de como tudo isto aconteceu e de como vai terminar.
Embora continue a pensar que os economistas e espertos em finanças deveriam ocupar-se prioritariamente da produção agrícola ou dedicarem-se à engenharia dos solos, o meu optimismo começa a diminuir drasticamente a ponto de por em causa a notícia do crescimento do PIB em um por cento no primeiro trimestre do ano corrente, sem que os economistas se tivessem dado conta, entretidos que estão com a má-língua.
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