11.7.16

O Explendor de Portugal



"...

Cessem do sábio grego e do troiano
As navegações grandes que fizeram;
Cale-se de Alexandre e de Trajano
Aa fama das vitórias que tiveram,
Que eu canto o peito ilustre lusitano,
A quem Neptuno e Marte obedeceram:
Cesse tudo o que a Musa antiga canta,
Que outro valor mais alto se alevanta.

...

Vereis amor da Pátria, não movido
De prémio vil, mas alto e quase eterno,
Que não é prémio vil ser conhecido
Por um pregão do ninho meu paterno.
Ouvi: vereis o nome engrandecido
Daqueles de quem sois senhor superno,
E julgareis qual é mais excelente,
Se ser do mundo rei, se de tal gente.

..."

4.6.16

Outras vistas

Aproveitando uma ida a Viana do Castelo para partilhar lembranças de outros tempos, planeei um passeio pelo norte galego e asturiano.
Dei uma vista de olhos a Santiago de Compostela onde revi a Praça do Obradoiro com milhares de "peregrinos"; debandei La Corunha; fiz um desvio ao Ferrol do ditador; cheguei a Gijón; parei em Oviedo; deliciei-me com León;; lembrei-me do Afonso Henriques quando descansei em Zamora; revisitei a Praça Mayor de Salamanca; olhei para Ciudad Rodrigo e entrei no paraíso a beira-mar plantado.
Durante cinco dias os meus ouvidos não foram bombardeados com as  expressões bem portuguesas preferidas pelos jornalistas, repórteres e comentadores da especialidade áudio como são o "então", o "tamém", o "e também", o "digamos" e ainda o "ele que..."... ditas a propósito umas vezes e a despropósito quase sempre...
Percorri cerca de mil e duzentos quilómetros de autoestrdas espanholas, pagando menos do que me processaram os pórticos dos cerca de cento e cinquenta quilómetros de Vilar Formoso até à saída para a Barragem do Fratel.
Só quando passei a linha imaginária da fronteira é que me apercebi do diferencial dos preços dos combustíveis lá e cá, como se estivéssemos entrado num país de multimilionários indiferentes ao valor das coisas.
Cheguei a Lisboa e logo tive a sensação que era um mundo do outro mundo, habitado por selvagens que não sabiam nem queriam saber o que é ter uma rua limpa, asseada, sem merda, sem lixo e tudo o mais que os humanos atiram para fora de si mesmos.
Tinha passado por umas quantas cidades onde não se via uma lata, um papel, um saco de plástico, cagadas de cão, cheiro nauseabundo a mijo e logo que saio da viatura deparo com a porcaria por todo o lado como se tivesse chegado a aterro sanitário...
Querem saber o que uma cidade limpa?
Visitem as espanholas...
 

10.5.16

Um mimo

Já que estou numa maré de língua portuguesa vêm-me à memória algumas expressões características ditas, usadas e abusadas por parte de determinado pessoal, quando se ouvem relatos e comentários de qualquer natureza.
Alguns terão presente aquela do "arremesso manual" que nos brindava um certo relator de jogos de futebol. Delirava com tal expressão, pois sempre me questionava como seria um arremesso da bola com o pé ou com a cabeça ou com o tronco, que não fosse um arremesso com as mãos. Não tinha graça nem ciência nem se tratava de uma figura de estilo, mas eu achava piada sempre que chegava aos meus ouvidas  a tal do "arremesso manual".
Bem mais moderna, mas não menos interessante, está aquela que se ouve a um determinado jornalista de comentários desportivos que reza como soa "dá-me a ideia". Trata-se de uma profundidade profunda que me causa calafrios ao pensar que eu posso dar-me um ideia e ter uma ideia ou produzir uma ideia, mas sim a ideia dar-me alguma coisa a propósito de qualquer coisa. Dá-me  ideia que isto está confuso, mas nunca pensei que uma ideia minha me pudesse dar alguma coisa que fosse de terceiros.
De outra natureza gramatical, mas mesmo assim coisa interessante, são as utilizações de significado profundo que muitos faladores da rádio e da televisão fazem dos adjetivos, dos pronomes  e de outras formas gramaticais que abundam na nossa língua portuguesa.
Posso não ter qualquer fundamento, mas não deixo de me interrogar sobre o que vai na cabeça de qualquer falador quando refere que "... estamos no minuto quinze desta primeira parte...", sendo certo que todos sabemos que não há outra primeira parte, mas sim a segunda e até mais partes, mas primeira só há uma e é esta e mais nenhuma.
Há poucos minutos  ouvi ou li "... instituições de educação privada...", ficando curioso sobre o significado da expressão, questionando-me sobre se se tratava de "instituições privadas" de educação ou se se tratava mesmo de "educação privada" em contraponto talvez com "educação pública"...
Uma outra frequente nas bocas de muita gente é aquela coisa do "melhor classificado" ou do "mais bem classificado", como se estivesse tudo certo do ponto de vista gramatical, como "esta ali" e "aquela aqui"...
Como não conheço qualquer novo projeto para uma nova gramática portuguesa, basta-me a consulta de uma das existentes para tomar conhecimento de muitas regras usadas na escrita e na fala da nossa língua, que merece algum respeito, apesar do novo acordo ortográfico...
Um mimo de linguagem.

9.5.16

O acordo do sul

Como nos últimos dias se falou do tal acordo ortográfico a propósito das declarações do pr lá para os lados do sul, com manifestações prós e contras, a matéria não me passou ao lado. Ouvi algumas tomadas de posição sobre o assunto, mas gostei muito de umas proferidas num programa televisivo de comentário político a tudo e a mais alguma coisa.
Um comentador desconhecia que nalguns países o tal acordo já estava em vigor manifestando a devida surpresa, muito provavelmente, pela sua ignorância sobre a matéria que estava a comentar.
Um outro afirmava que a coisa pouco lhe interessava uma vez que o seu corretor ortográfico tratava do assunto aplicando automaticamente o tal dito novo, o que deve ser uma aldrabice, porque se pode optar pelo velho ou pelo novo, a não ser que o corretor não seja o corretor ortográfico de português português...
Outros ainda declararam  que utilizavam o dito novo porque os jornais para os quais escrevem assim os obrigavam, dando a entender que para eles "tanto se me dá como se me dão...", desde que me paguem.
Honra seja feita a quem afirma peremptoriamente que está contra o acordo, mas também a quem se declara incondicional adepto do dito novo e ainda honra seja feita àqueles que se estão nas tintas para os acordos ortográficos, porque nunca escreveram, não escrevem e não
pensam em escrever ou que o importante é a língua e as suas circunstâncias...
Já agora, alguém que me diga qual o acordo ortográfico aplicado nos últimos livros do prémio nobel português para eu saber se a aplicação de qualquer acordo é um direito ou uma obrigação de quem escreve ou se também é um direito ou uma obrigação de quem lê...
Aqueles muitos leitores dos livros do autor do "cus de judas" devem saber perfeitamente que se pode ser um autor altamente reputado e considerado e lido e consumido sem aplicar qualquer acordo ortográfico e, parecendo-me, estar-se nas tintas para os acordos ortográficos e para todos os que discutem, muitas vezes sem conhecimento, estas questões linguísticas que condicionam o desenvolvimento da língua portuguesa, colocando milhões de faladores do português na dúvida sobre o que fazem para se entenderem por esse mundo fora.
Cá por mim, é como calhar e não sei qual o corretor ortográfico que utilizo neste texto, mas quando sei qual é, utilizo o velho ou novo de minha livre vontade e não porque o jornal me obriga a utilizar o novo ou porque não gosto deste e adoro aquele.
Graças aos deuses que os jornalistas faladores e comentadores de microfone e utilizadores do teleponto não têm que se preocupar com estas coisas do acordo...
 

7.5.16

O "então" e o "também"

Os tiques e as expressões linguísticas têm o seu tempo, sucedendo-se umas às outras como se a linguagem fosse sendo  construída num "co ntinuum", sem qualquer razão aparente.
Todos se lembram daquela que correu mundo e seus arredores com origem no porto, atribuída ao pintinho que a imortalizou "penso eu de que...", chegando ainda aos nossos dias com algumas variantes como "tenho a informar de que...", "esclareço de que...", " estou convencido de que...".
Nos primeiros tempos da crise, que ainda continua, viemos a ter conhecimento que o dicionário português contemplava a expressão "resiliência", totalmente desconhecida para mim, sendo que a ignorância era minha, que não podia der atribuída a uma falha do dicionário. Ela estava lá, e lá continua, para que os tecnocratas europeus nos ensinem alguma coisa e justifiquem a sua existência.
Vinda de paris, via sócrates, passámos a usar a expressão "narrativa" para catalogar qualquer coisa que não se sabia bem o que era, pelo que passou a ser "narrativa", principalmente no meio dos comentadores, que gostam muito de narrar as nossas narrativas.
Muito utilizada pelos comentadores e relatores desportivos vamos encontrar uma outra, que é um primado de beleza gramatical, quando pretendem introduzir na frase uma determinada informação ou observação e dizem "...ele que...".
Eu gosto muito desta porque tem a ver com um elevado conhecimento da gramática da língua portuguesa, que pode parecer do desconhecimento da maioria do pessoal que fala português por esse mundo fora e nada melhor que o futebol para chegar a toda a gente que se quer aculturar...
Mas a delícia de todas elas e que está no topo da criatividade e da inovação e da actualidade é o "então" e, em menor escala, o "também".
O  "então" e o "também", usados a torto e a direito, com sentido e sem sentido, a propósito e a despropósito, em qualquer lugar e em qualquer tempo, com significado e sem significado, fazem parte do mundo dos jornalistas de microfone, como se estes fossem pagos pelo número de vezes que nos atiram com tais palavras no tempo de uma reportagem, que muito poucas vezes dura mais que um minuto.
O mais curioso é que lá encontramos uma meia dúzia de vezes estas palavras bem e a propósito utilizadas numa leitura de duzentas ou trezentas páginas de um qualquer livro ou até nos textos lidos por apresentadores de telejornais.
Tudo me leva a crer que que o mundo da fala permite todos os dislates possíveis e imaginários, mas o mundo da escrita é bem mais exigente.
Talvez seja por isto que temos jornalistas de microfone e jornalistas de esferográfica...
Vá se lá entender o significado e a razão destas coisas...
E então?
Às vezes vale a pena mudar de canal... 

15.3.16

A sustentabilidade

A "sustentabilidade" entrou há bem poucos anos no vocabulário nacional, ocupando páginas de jornais, minutos e minutos de televisão, discussões inacabadas na assembleia da república e quase todo o gato pingado manda umas bocas a propósito da sustentabilidade.
Nunca me tinha preocupado com a matéria a  ponto de ficar deveras preocupado com esta coisa da sustentabilidade.
Era a sustentabilidade do serviço nacional de saúde; era a sustentabilidade do sistema de pensões da segurança social; era a sustentabilidade da própria segurança social; era a sustentabilidade da sustentabilidade; era a sustentabilidade de tudo e de mais alguma coisa.
Mas nunca tinha ouvido que o subsistema de saúde da adse, isto é, o subsistema de saúde de alguns funcionários públicos podia estar com problemas de sustentabilidade daqui a uns quantos anos.
E vai daí, aparecem umas quantas vozes a discursar o mesmo discurso que sempre foi discursado quando interessava cascar e malhar nos funcionários públicos: o estado paga a saúde dos funcionários públicos quando o dinheiro pago pelos próprios não dá para a coisa, o quer dizer que a guita sai dos nossos impostos, como se os tais funcionários públicos não os pagassem também.
Raramente ouvi dizer, e quando o disseram, disseram-no com medo e com receio, que nada mais se devia e se esperava que o estado pagasse para as pensões e para o subsistema em vigor o que pagavam todos as entidades patronais para as reformas, pensões e saúde dos seus trabalhadores.
Quantos anos andou o estado sem pagar o que deveria pagar?
Quantos milhões não seriam devidos a um suposto "fundo de pensões" se à participação dos funcionários blicos se juntasse a participação do seu patrão?
Neste momento, quando a coisa está de saúde, alguém se vem lembrar que depois da saúde pode vir a doença e antes que se morra, seria bom que houvesse igualdade na morte, porque na vida nós já sabemos que não há.
Quem agora fala, fala do alto da sua sabedoria e da sua tranquilidade e olha para o rebanho como se fora o seu pastor...
Invejosos, pois não podem ver um pobre com uma camisa lavada...
Já agora: façam lá uma discussãozinha sobre a sustentabilidade da televisão pública sem os nossos impostos e sem as taxas pagas com a factura da electricidade...

11.3.16

O apelo

Gostei e adorei.
Gostei e adorei, não porque tivesse achado graça à coisa, mas porque provinha da boca de um ministro e até por se tratar do ministro da economia.
Não querem lá ver que o homem se lembrou de apelar aos portugueses, principalmente aos portugueses que residem ou trabalhem perto da fronteira com a espanha, para se absterem de encher os depósitos das suas viaturas nas bombas espanholas, pois deste modo estão a pagar impostos em espanha e, por consequência não os pagam em portugal.
Faltou dizer que é mau português todo aquele português que vai a espanha encher o depósito da sua viatura, devendo fazê-lo em  portugual, pois só assim é digno de ser considerado filho desta grande nação.
Diga-se em abono da verdade que se trata de uma verdade verdadeira quando o homem afirma que quando um português vai a espanha encher o depósito da sua viatura com combustível fornecido por uma bomba espanhola paga ali os impostos devidos e não os paga em portugal.
Não temos qualquer dificuldade em concordar com o ministro mas a questão não é essa: faria sentido perguntar ao ministro se ele ou alguém por ele fez as contas considerando os ganhos e as perdas por cada litro de combustível que os portugueses pagam em espanha deixando de pagar em portugal, incluindo todas as variáveis intervenientes no processo e não apenas os impostos.
Acredito piamente que o ministro estava a falar a sério quando fez tal apelo, mas esqueceu-se que está a apelar a todos aqueles que contam os cêntimos necessários para encher o depósito de combustível quer seja em portugal quer seja em espanha.
Nem sequer sei se lhe ficou bem fazer este apelo, quando sabe que não tem qualquer razão e também sabe que "vale" a pena fazer vinte ou trinta quilómetros para meter no depósito cinquenta litros de combustível numa qualquer bomba espanhola.
Mais valia,  senhor ministro, "taxar" devidamente a importação da áfrica do sul ou do peru ou do chile ou da nova zelândia ou da austrália ou de outro país qualquer do outro lado do mundo de uma vasta gama de produtos existentes em portugal.

9.3.16

Felicidades

Que os deuses o protejam, sempre e a toda a hora.
Dos outros.
E, principalmente, dele próprio.

7.3.16

O meio tempo

Quando estiver em portugal, não estará na inglaterra; quando estiver na inglaterra, não estará em portugal; quando andar de avião, sabe-se lá onde estará.
Mas alguém no seu perfeito juízo dará por falta da criatura quando não estiver onde deveria estar?
Alguém,de boa fé, julgará alguém por estar num determinado lugar e não estar noutro lugar, onde eventualmente e só eventualmente alguém pode precisar da sua atenção?
Deixemo-nos de palermices e entendamos que as duas coisas se revestem de um aspecto muito particular que dá pelo nome de "part time", mesmo que os respetivos patrões entendam que se trata de dois "full time".
Os juízos sobre esta insólita e estranha situação deriva do facto de o trabalho da assembleia da república ser considerado para alguns como uma coisa de se levar a sério, normalmente para aqueles que nada mais fazem ou sabem fazer e há alguns e para outros, os tais senhores disto tudo, como uma coisa para merecer um pouco de atenção e nunca preocupação,porque o salário é mijoruca e o que se faz não é digno de gente importante.
Há quem queira fazer parecer que a coisa deveria ser levado um pouco mais à séria, principalmente nos primeiros tempos, para que não se fique a pensar que  a cereja no topo do bolo não passa de uma compensação por alguma que se fez e que não se deveria ter feito ou pelos feito daquela maneira.
Todos lá terão as suas razões, mas o facto é que estar a tempo inteiro como representante do povo para o que foi devido e merecidamente eleito e ao mesmo tempo ocupar-se dos interesses de uma empresa privada que se serve e vive da miséria dos outros é um tanto ou quanto chocante e difícil de engolir sem que se tenha uma qualquer opinião menos própria sobre a matéria.
De qualquer modo, uns dizem que sim, outros dizem que não, mas tudo vai continuar como dantes: quem pode aproveita, quem não pode fica a chuchar no que tiver mais à mão...

O tempo livre

Não passam de uma cambada de invejosos: mal uma pessoa tenha uma oportunidade para tratar da vida logo se levantam as vozes dos que não acordaram com o cu voltado para a lua.
Nunca ninguém se pode esquecer que a vida não é mais que um momento e que esse momento não pode de modo algum ser desperdiçado. 
Esse tal momento só acontece uma vez, como a água só passa uma única vez por baixo da ponte. Depois virá mais, mas já é diferente da anterior e assim sucessivamente.
De modo que ninguém poderá negar a ninguém a hipótese única de aproveitar a única dádiva que se deve aceitar de bom grado: compor a vida.
A madama não teve mais que agarrar com unhas e dentes a rara oportunidade que lhe deram de tratar do seu bem-estar bem como o da sua família com custos totalmente marginais.
Mesmo que fossem cinco dias por mês a sua ocupação a troco duns largos milhares de euros não me digam que era matéria para se rejeitar, mesmo que estivesse em causa uma falsa moral relacionada com o seu mandato de eleita ao serviço do povo.
Este povo nem sequer a leva a mal por aceitar e exercer, ao mesmo tempo, dois papéis completamente diferentes um do outro.
Uma pessoa inteligente com muitas capacidades não teme nem sequer se questiona se pode ou não pode ou se é capaz não de desempenhar dois papeis diametralmente opostos no seu significado. O que importa é que o desempenho de um não prejudique o desempenho do outro, até porque não está desacompanhada nesta matéria.
Quantos são os eleitos que se dedicam de alma e coração ao cumprimento do mandato para que foram eleitos sem terem mais qualquer coisinha que lhes ocupe o tempo livre?
Nem toda a gente se questiona sobre a moral, a ética e os bons costumes quando está em causa uma conta bancária disponível para receber todos os meses uns milhares sem se se saber nem como nem porquê, mas tão somente porque um dia se exerceu uma função adequada a ser reconhecida num determinado momento e em seu devido tempo.
Dirão as más línguas que não se tem tempo para desempenhar e a contento de todos dois papéis altamente exigentes, mas está bem de ver que se um a pode ocupar durante quatro ou cinco dias por mês, o outro  pode esperar porque não vai mal ao mundo, que é como quem diz, a república não se vai queixar...
Eu também não.
Que lhe faça bom proveito.
Mas, porque é que os "beefs" se lembraram desta?


4.3.16

O culpado

Nos dias que correm, a fábula do lobo e do cordeiro diz muito pouca coisa ao pessoal que se habituou a desligar de encontrar as causas das coisas e estar atento apenas ao que nos pode dar um proveito direto.
Que é como quem diz: pouco me interessa se me querem imputar qualquer tipo de responsabilidade pelo que faço, se o que fiz tem por base aquilo que outro fez.
Bem vistas as coisas a senhora tem razão: como posso eu assumir a responsabilidade de uma decisão que não é minha, que contraria uma decisão que é minha, mas se produziu tendo por base uma coisa que uma terceira pessoa fez?
Como se torna evidente, a anulação ou a nulidade de um ato, pressupõe com toda a evidência que esteja em vigor esse mesmo acto.
Contudo se quem anulou ou  considerou a sua nulidade não foi o autor desse mesmo ato, é razoável e plausível que a responsabilidade de tudo o que sucedeu posteriormente se deva atribuir a quem praticou o ato inicial.
Sempre estive convencido que o desgraçado do afonso henriques nunca deveria ter nascido e que se se o tivesse feito de livre vontade deveria tal nascimento ter ocorrido lá para a índia, no pressuposto da sua existência naqueles tempos...
Do mesmo, aquele sacristas do beato e do fradeco de avis deveriam ser chamados à responsabilidade por terem chateado os filipes quando estavam a governar esta terra miserável que só dava chatices.
Mas não... Armaram-se em valentões e não descansaram enquanto não fizeram asneira da grossa.
E agora pagamos nós.
O engenheiro, então primeiro, terá deixado fazer ou fez merda da grossa.
A madama quis ficar bem aos olhos do pessoal e trata de mandar às urtigas quem deveria ser mandado às urtigas, mas de modos decentes e educados, reais e legais.
Vai daí, lavam-se as mãos da porcaria feita e identifica-se o culpado: o engenheiro, quando foi primeiro, por responsabilidade da teresa, que nunca deveria ter nascido...


26.2.16

A medalha

Desde há uns tempos a esta parte tenho mantido permanentemente o telemóvel dentro do bolso e, quando tal se torna impossível por qualquer motivo, saco do telefone fixo e faço-o meu companheiro e cúmplice de todos os meus atos.
Não posso e não quero perder a oportunidade de atender a tão esperada chamada com origem em belém para me dar a informação que, finalmente, chegou a minha vez de ser condecorado antes de o atual residente assentar arraiais lá bem para o sul onde não chateie ninguém.
Não tenho razões para duvidar do merecimento da atribuição de uma medalha à minha pessoa pelo simples facto de ver atribuídas as ditas a outros indivíduos que pouco ou nada fizeram para a merecer.
De modo que e bem vistas as coisas, o facto de se ser um cidadão normal, cumpridor de todas as suas obrigações sociais, morais, políticas, fiscais e tudo o mais, é motivo suficiente para ostentar ao peito a merecida medalha atribuída por quem de direito.
Tenho na minha coleção de medalhas umas quantas que me foram oferecidas  por muito menos mérito do que me é agora devido pelo simples motivo de nunca ter fugido ao pagamento de impostos e nunca ter aldrabado o estado em tudo e em mais alguma coisa.
Certamente que o que acabo de afirmar não será, não tenho muitas dúvidas disso, o caso de muito dos felizes contemplados com uma medalha que aguarda pacientemente até ao limite do tempo.
É verdade que já tenho umas recordações também deveras importantes como sejam uma lembrança oferecida pelo glorioso passados os vinte e cinco anos de sócio, o mesmo sucedendo com o acp.
Mas isto  nada tem a ver com uma medalhinha atribuída por tão eminente personalidade da nação.
Continuo a aguardar, porque ainda faltam uns dias para que o pessoal se veja livre desta fabulosa criatura que vamos deixar de ver de vez em quando ao serviço do povo para  nos fazer lembrar que os nossos pecados não foram perdoados e que continua a sua dolorosa expiação...
Vou lamentar profundamente a ausência de uma medalha e juro, aqui e agora, que nunca perdoarei tamanha afronta ao mérito de quem merece...

25.2.16

A experiência

Não sei o que mais fazer para resolver o meu magno problema.
Não se trata da discussão do orçamento; não se trata de saber se a austeridade acabou, se a austeridade continuou; não me interessa discutir seja o que for que ponha em causa esta obra magistral de homens mais magistrais ainda que dá pelo nome de "União Europeia".
E também não se trata de estar preocupado pela saída ou permanência dos ingleses na união.
A bem dizer estou-me perfeitamente nas tintas para tudo isto e também me estou totalmente nas tintas para a falência do maior banco privado alemão.
Por muito menos caiu o carmo e a trindade aqui em portugal e eu nem soube do que se tratou.
O que realmente me preocupa é ser ou não ser capaz de enviar para este sítio os meus textos escritos a partir do editor habitual, isto é, o meu editor habitual...
Este assunto dá-me a volta aos intestinos de tal modo que ando permanentemente chateado com esta matéria. e com umas fortes dores de cabeça, que me indique de prestação ao enormíssimo problema da ética na arbitragem do futebol português.
Na verdade não sei se ando chateado com esta dificuldade se com o facto de a europa continuar a ser inundada com pessoal a fugir da guerra alimentada pelos fabricantes e vendedores europeus de armas que tornam a guerra possível ali para aqueles lados.
Mas como o mundo é um mundo de hipocrisia total, que tudo continue na mesma, apesar de não ser capaz de publicar mensagens a partir do meu editor preferido.
Até quando?
Até quando for...

3.1.16

Os desejos

Por estes dias, toda a minha gente desata a formular desejos e a fazer pedidos quase todos no sentido de acentuar o egoísmo universal.
Desta vez, vou pedir duas ou tgrês coisas para o bem de todo o mundo e arredores, ficando desde logo convencido da nulidade dos seus efeitos.
Contudo, a esperança em dias melhores não se desvanece pelo facto de se perder  uma batalha quando a guerra continua.
Aqui vai:
Em primeiro lugar, desejo que os comentadores, os politólogos, os especialistas e todos os outros que botam faladura  não se esqueçam de continuar a brindar-nos com a expressão "digamos assim", pois não queremos ficar privados de uma das melhores coisas quje essa gente nos pode oferecer:a transição para o esquecimento.
Em segundo lugar, peço aos deuses dos céus e das terras que continuem a iluminar as mentes dos nossos jornalistas e repórteres do microfone para que nunca se esqueçam de utilizar a cada cinco segundos das suas intervenções microfónicas a expressão "então". Sem ela estaremos privados do sentido, da clareza, da verdade, da certeza, da qualidade do jornalismo praticado nos nossos canais de informação. Já me chega que os jornalistas, leitores de notícias, me privem de ouvir aquela sonoridade musical do advérbio ainda pouco utilizado pelo pessoal, cujo instrumento fálico agora já colorido utilizado nas suas funções me faz lembrar um "bordalo de cabeça encarnada".
Por último e não menos importante queria chamar a atenção dos canais de televisão para uma carência inadmissível que não podemos suportar por muito mais tempo: precisamos urgentemente de mais uma hora de emissão, pelo menos, durante a manhã e durante a tarde, dedicada exclusivamente ao desporto rei, isto é, o "futebol". Pode parecer estranho, mas o que temos na segunda, na terça, na quarta, na quinta, na sexta, no sábado e ao domingo pela noite não satisfaz as necessidades do pessoal, tanto mais que nas manhãs e nas tarde de todos os dias estamos cheios daqueles programas altamente culturais que nos fazem mal à cabeça e que abusam do 760...

1.1.16

A chuva primeira

Já começou e com chuva!!!
É um dos  meus desejos:  que chova até que os regatos, os ribeiros, os rios, as barragens, as nascentes, os lençóis freáticos fiquem de tal modo cheios que satisfaçam todas as nossas necessidades.
Outros poderiam ser citados, mas ficam nos meus neurónios, esperando ansiosamente que se cumpram: o mundo ficaria melhor.
Mas se não forem cumpridos na totalidade, pelos menos que dois ou três se tornem realidade para que Portugal seja um pouco mais liberto de passarões...
Bem vistas as coisas eu já ficava satisfeito com ver na prisão dois ou três tipos que tornaram este país um dos mais miseráveis da europa.
Talvez que os deuses se entusiasmem de tal modo que esta terra comece a ter uma razão de ser,   de estar e de existir.
Amanhã a realidade da situação vai entrar na cabeça de cada um e todos iniciaremos mais uma caminhada, sem que se vislumbre o carreiro que se deve seguir, pois não temos um sinal nem uma estrela que nos mostre a direcção certa...
Veremos até onde vamos chegar...