Já que estou numa maré de língua portuguesa vêm-me à memória algumas expressões características ditas, usadas e abusadas por parte de determinado pessoal, quando se ouvem relatos e comentários de qualquer natureza.
Alguns terão presente aquela do "arremesso manual" que nos brindava um certo relator de jogos de futebol. Delirava com tal expressão, pois sempre me questionava como seria um arremesso da bola com o pé ou com a cabeça ou com o tronco, que não fosse um arremesso com as mãos. Não tinha graça nem ciência nem se tratava de uma figura de estilo, mas eu achava piada sempre que chegava aos meus ouvidas a tal do "arremesso manual".
Bem mais moderna, mas não menos interessante, está aquela que se ouve a um determinado jornalista de comentários desportivos que reza como soa "dá-me a ideia". Trata-se de uma profundidade profunda que me causa calafrios ao pensar que eu posso dar-me um ideia e ter uma ideia ou produzir uma ideia, mas sim a ideia dar-me alguma coisa a propósito de qualquer coisa. Dá-me ideia que isto está confuso, mas nunca pensei que uma ideia minha me pudesse dar alguma coisa que fosse de terceiros.
De outra natureza gramatical, mas mesmo assim coisa interessante, são as utilizações de significado profundo que muitos faladores da rádio e da televisão fazem dos adjetivos, dos pronomes e de outras formas gramaticais que abundam na nossa língua portuguesa.
Posso não ter qualquer fundamento, mas não deixo de me interrogar sobre o que vai na cabeça de qualquer falador quando refere que "... estamos no minuto quinze desta primeira parte...", sendo certo que todos sabemos que não há outra primeira parte, mas sim a segunda e até mais partes, mas primeira só há uma e é esta e mais nenhuma.
Há poucos minutos ouvi ou li "... instituições de educação privada...", ficando curioso sobre o significado da expressão, questionando-me sobre se se tratava de "instituições privadas" de educação ou se se tratava mesmo de "educação privada" em contraponto talvez com "educação pública"...
Uma outra frequente nas bocas de muita gente é aquela coisa do "melhor classificado" ou do "mais bem classificado", como se estivesse tudo certo do ponto de vista gramatical, como "esta ali" e "aquela aqui"...
Como não conheço qualquer novo projeto para uma nova gramática portuguesa, basta-me a consulta de uma das existentes para tomar conhecimento de muitas regras usadas na escrita e na fala da nossa língua, que merece algum respeito, apesar do novo acordo ortográfico...
Um mimo de linguagem.
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