Como nos últimos dias se falou do tal acordo ortográfico a propósito das declarações do pr lá para os lados do sul, com manifestações prós e contras, a matéria não me passou ao lado. Ouvi algumas tomadas de posição sobre o assunto, mas gostei muito de umas proferidas num programa televisivo de comentário político a tudo e a mais alguma coisa.
Um comentador desconhecia que nalguns países o tal acordo já estava em vigor manifestando a devida surpresa, muito provavelmente, pela sua ignorância sobre a matéria que estava a comentar.
Um outro afirmava que a coisa pouco lhe interessava uma vez que o seu corretor ortográfico tratava do assunto aplicando automaticamente o tal dito novo, o que deve ser uma aldrabice, porque se pode optar pelo velho ou pelo novo, a não ser que o corretor não seja o corretor ortográfico de português português...
Outros ainda declararam que utilizavam o dito novo porque os jornais para os quais escrevem assim os obrigavam, dando a entender que para eles "tanto se me dá como se me dão...", desde que me paguem.
Honra seja feita a quem afirma peremptoriamente que está contra o acordo, mas também a quem se declara incondicional adepto do dito novo e ainda honra seja feita àqueles que se estão nas tintas para os acordos ortográficos, porque nunca escreveram, não escrevem e não
pensam em escrever ou que o importante é a língua e as suas circunstâncias...
Já agora, alguém que me diga qual o acordo ortográfico aplicado nos últimos livros do prémio nobel português para eu saber se a aplicação de qualquer acordo é um direito ou uma obrigação de quem escreve ou se também é um direito ou uma obrigação de quem lê...
Aqueles muitos leitores dos livros do autor do "cus de judas" devem saber perfeitamente que se pode ser um autor altamente reputado e considerado e lido e consumido sem aplicar qualquer acordo ortográfico e, parecendo-me, estar-se nas tintas para os acordos ortográficos e para todos os que discutem, muitas vezes sem conhecimento, estas questões linguísticas que condicionam o desenvolvimento da língua portuguesa, colocando milhões de faladores do português na dúvida sobre o que fazem para se entenderem por esse mundo fora.
Cá por mim, é como calhar e não sei qual o corretor ortográfico que utilizo neste texto, mas quando sei qual é, utilizo o velho ou novo de minha livre vontade e não porque o jornal me obriga a utilizar o novo ou porque não gosto deste e adoro aquele.
Graças aos deuses que os jornalistas faladores e comentadores de microfone e utilizadores do teleponto não têm que se preocupar com estas coisas do acordo...
Sem comentários:
Enviar um comentário