15.3.16

A sustentabilidade

A "sustentabilidade" entrou há bem poucos anos no vocabulário nacional, ocupando páginas de jornais, minutos e minutos de televisão, discussões inacabadas na assembleia da república e quase todo o gato pingado manda umas bocas a propósito da sustentabilidade.
Nunca me tinha preocupado com a matéria a  ponto de ficar deveras preocupado com esta coisa da sustentabilidade.
Era a sustentabilidade do serviço nacional de saúde; era a sustentabilidade do sistema de pensões da segurança social; era a sustentabilidade da própria segurança social; era a sustentabilidade da sustentabilidade; era a sustentabilidade de tudo e de mais alguma coisa.
Mas nunca tinha ouvido que o subsistema de saúde da adse, isto é, o subsistema de saúde de alguns funcionários públicos podia estar com problemas de sustentabilidade daqui a uns quantos anos.
E vai daí, aparecem umas quantas vozes a discursar o mesmo discurso que sempre foi discursado quando interessava cascar e malhar nos funcionários públicos: o estado paga a saúde dos funcionários públicos quando o dinheiro pago pelos próprios não dá para a coisa, o quer dizer que a guita sai dos nossos impostos, como se os tais funcionários públicos não os pagassem também.
Raramente ouvi dizer, e quando o disseram, disseram-no com medo e com receio, que nada mais se devia e se esperava que o estado pagasse para as pensões e para o subsistema em vigor o que pagavam todos as entidades patronais para as reformas, pensões e saúde dos seus trabalhadores.
Quantos anos andou o estado sem pagar o que deveria pagar?
Quantos milhões não seriam devidos a um suposto "fundo de pensões" se à participação dos funcionários blicos se juntasse a participação do seu patrão?
Neste momento, quando a coisa está de saúde, alguém se vem lembrar que depois da saúde pode vir a doença e antes que se morra, seria bom que houvesse igualdade na morte, porque na vida nós já sabemos que não há.
Quem agora fala, fala do alto da sua sabedoria e da sua tranquilidade e olha para o rebanho como se fora o seu pastor...
Invejosos, pois não podem ver um pobre com uma camisa lavada...
Já agora: façam lá uma discussãozinha sobre a sustentabilidade da televisão pública sem os nossos impostos e sem as taxas pagas com a factura da electricidade...

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