21.2.13

Uma côdea de pão

Não sei qual seja a influência no crescimento da economia portuguesa resultante da venda da ana, mas o tal importante estava tão contente que, de certeza, não lhe cabia um feijão no olho do cu.

Por mim, salvaguardando a relevo para este governo e para este ministro das finanças do encaixe destes milhões no orçamento, estou convencido que os benefícios para o crescimento da economia são totalmente nulos e com efeitos nefastos na receita fiscal e no rendimento dos capitais públicos que se vêm privados do contributo das poucas empresas portuguesas de boa saúde e realmente invejadas pelos capitais estrangeiros.

Mas esta gente deita os foguetes e faz a festa, quando deveriam estar a lamentar a necessidade da venda da empresa gestora dos aeroportos portugueses totalmente portuguesa e que agora o vai deixar de ser por uns milhões que vão servir para pouco mais que não seja para tapar uns buracos do défice e para pagar uns quantos milhões de juros devidos pela dívida pública, uma vez que estaremos longe de uma pequena contribuição para a diminuição das nossas dívidas.

Era a joia da república, mas deixou de o ser por obra e graça destes serviçais do capital em cumprimento do seu plano estratégico de recolocar este país ao nível do que se passava há mais de dez anos no que respeita ao nível de desenvolvimento económico, do estado social, dos salários e das pensões, porque se trata pura e simplesmente de iniciar uma nova etapa onde os portugueses estejam mais pobres cerca de quarenta por cento do que se verificava em dois mil e oito.

Demos graças aos deuses por nos oferecerem esta gente que tem objetivos bem definidos para colocar o pessoal a rastejar como cães à procura de uma côdea de pão que caia da mesa opulenta da senhora europa, a quem servem abnegadamente com a esperança e a convicção de que serão, em tempo oportuno, devidamente recompensados.

O capital não esquece os seus e dará sempre uma oportunidade de recompensa pelos bons serviços que lhe prestarem independentemente das condições e circunstâncias, porque nem todos se prestam a estes serviços de dependentes e de escravos, embora com as carteiras recheadas.

Um dia virá em que alguém terá a ousadia de falar de homenagens e de condecorações a estes senhores que agora nos estão levar para o fundo do precipício, como se tivessem prestado um grande serviço à nação, quando nos roubaram as melhores empresas, vendidas ao desbarato, nos liquidaram a economia colocando-a abaixo do nível de zero, nos espoliaram os salários e as pensões e reduziram a menos que nada a capacidade de intervenção do estado na definição das nossas políticas e dos nossos objetivos para servir os interesses do Povo e da Nação mais antiga da Europa.

Espero bem que nessa altura também alguém se lembre que a malfeitores não se dão medalhas nem se lhes reconhece qualquer mérito…

Lembremo-nos apenas e tão só do mal que nos fizeram.

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