Gostava muito de perceber por que carga de água alguém se lembra de questionar a idoneidade de um banqueiro para ser o manda chuva de um banco, sendo tanto mais estranho quando se trata de ser o manda chuva do seu próprio banco, isto é, do banco onde sempre esteve e onde fez fortuna, aqui no burgo e em outros burgos semelhantes, mas muito mais refinados.
Houve enganos na declaração de rendimentos, de que resultaram várias emendas, mas emendas para pagar mais uns quantos milhões devidos ao fisco?
Então um contribuinte que emenda a sua declaração de rendimentos para pagar mais impostos em montantes que se podem considerar astronómicos para a grande maioria dos contribuintes portugueses levanta suspeitas de não ser idóneo para governar um banco?
Esta gente deve andar com uns copitos a mais e dá a entender que as preocupações dos seus cargos são de tão pouca importância e sem qualquer relevo para os interesses dos País que se dá ao luxo de minar a confiança que milhares de depositantes e milhares (?) de acionistas depositam num homem com uma carreira a todos os títulos inquestionável e duvidar se reúne as condições éticas e morais para dirigir um banco.
Esta gente não deve sofrer nem sentir minimamente a crise que vai destroçando as pessoas e as instituições para orientarem as suas preocupações no sentido da substituição de interesses nacionais por questiúnculas particulares, como se a salvação da economia e a saída da crise e a ida aos mercados dependesse da idoneidade de um banqueiro que ganha milhões e dá também milhões a ganhar a alguma boa gente.
Quantos contribuintes haverá por aí que alteram a sua declaração de rendimentos porque se esqueceram de incluir umas guitas esquecidas no fundo da gaveta, à semelhança dos milhões circulantes na economia paralela?
Estes é que deveriam ver questionada a sua idoneidade para serem contribuintes, continuando o fisco a aceitar as suas declarações de rendimentos, sabendo, à partida e com uma razoável certeza, que não correspondem à realidade.
Seria de esperar que o regulador da economia paralela ou todos os que se pronunciam sobre a mesma de tempos a tempos afirmando-se que não anda muito de cerca dos trinta por cento do pib tivessem a ousadia, a força e o poder para declarar que esta malta não pode ser considerada, com a estima devida, um verdadeiro "contribuinte", pelo que deveria ser colocado fora do sistema, por indecente e má figura.
Agora que a idoneidade já não está questionada e já não há dúvidas que a declaração de rendimentos já não vai ter mais alterações, pode perguntar-se com alguma razoabilidade se o problema terá sido bem ou mal colocado.
Afinal de contas, ficou provado que a regulação funciona…
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