25.1.21

Para onde vais?

Não sei bem, mas aqui na aldeia a maioria dos eleitores são reformados, de reformas mínimas e uma minoria deles são "empresários" agrícolas com os seus rebanhos de ovelhas com anéis nas orelhas para poderem receber o respectivo subsídio. Alguns eleitores são empregados camarários e mais uns quantos têm o seu trabalho a tratar do lixo na grande lixeira instalada nos limites do concelho.

Esta realidade poderia levar-nos a pensar que o pessoal estaria longe de se acomodar na sua situação de dependência estatal e alinhar pela segurança de um voto tranquilo e natural, como se o argumento fosse no sentido de reconhecer quem deu e não quem promete dar...

Mas as coisas são como são e ninguém pode duvidar de que o pessoal nunca está satisfeito com o que tem e entende que merece sempre e sempre mais, porque o que tem não corresponde ao seu merecimento que está longe de ver correspondido.
Daí um voto de protesto ou de descontentamento...
Não deixa de ser estranho olhar com atenção para as cores do meu do Alentejo  ao longo do tempo.
Foi vermelho... foi rosa... foi mistura... foi quase arco-iris... e agora é...
O que é que se passou neste alentejo para dar a entender que o caminho a percorrer estará pejado de camisas negras, de mocas, de chicotes para dizer aos mal comportados que nesta terra só têm lugar os portugueses de bem.!!!
É assim mesmo: aqui neste alentejo profundo ainda restam algumas bandeiras vermelhas, totalmente ofuscadas pelas alaranjadas e e com as pretas a pisarem-lhe os calos...
Ao fim e ao cabo esta gente até tem razão: são miseráveis, levam uma vida miserável, a assistência médica é deplorável, as comunicações uma ofensa, a qualidade de vida uma tristeza... enfim tudo isto é uma bosta.
E, contudo, o pessoal colocou em primeiro lugar o homem dos afectos que aqui nunca pôs os pés...


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