Vou convidar o pessoal para um exercício de estilo:
Sentem-se, comodamente, no sofá, de preferência, com os pés quentes, peguem no telecomando, disponham-se a ver e ouvir os seis canais de tv, que emitem programas noticiosas e noticiários e apertem o vosso intelecto para que esteja atento durante algum tempo.
Agora é só esperar e ir registando as notícias que vão vendo e ouvindo, não esquecendo que são seis os canais de televisão, que se dedicam a informar o pessoal.
Logo a seguir ao almoço, se ainda prestam alguma atenção às notícias que vos vão sendo oferecidas, munam-se da mais fantástica vontade e continuem a ver e a ouvir a informação desses tais seis canais.
Não desliguem o aparelho, uma vez que devem reconhecer que ele não tem culpa alguma.
Comecem agora a tomar consciência do que viram e ouviram nesses seis canais e façam as vossas comparações sobre a matéria noticiosa para iniciar a organização do vosso pensamento.
No final do dia, lá para as vinte e três horas já podem ir beber um copo de água para molhar a massa cinzenta, que já deve estar seca como areia do deserto.
Afinal, o que há de diferente nesses “serviços” noticiosos desses seis canais de televisão?
Será que a redacção (conjunto de todos os jornalistas ao serviço do canal) é igual em todos os seis canais?
Será que as diferenças são definidas pelo “chefe” tendo em conta apenas o alinhamento?
Será que é combinado o tempo dos intervalos?
Será que o jornalista que escreve um texto não escreve todos os outros?
Será que nós precisamos de seis canais para debitar as mesmas notícias?
Será que não há um limite para a repetição da mesma notícia durante o mesmo dia?
Será que a notícia de ontem ainda serve para hoje, com o mesmo texto, as mesmas imagens, a mesma voz e, às vezes, os mesmos erros?
Ao fim e ao cabo, atrevo-me agora a fazer uma sugestão: unam-se os seis canais, façam uma única redacção e divulguem todos a mesma notícia, admitindo-se que a ordem continua a ser arbitrária…ficamos servidos e pagamos o mesmo…
Depois dizem que o povo é ignorante…
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