12.12.05

Dezassete mil milhões

Começo a despertar para os milhões de Portugal: um milhão e seiscentos mil portugueses com emprego precário; dois milhões de portugueses no limiar da pobreza; sete mil e mais uns quantos milhões de euros para o tgv; não sei quantos milhões mais para o novo aeroporto; oitocentos e não sei quantos milhões relacionados com auto-estradas e mais de dezassete mil milhões de euros envolvidos na construção das scuts…
Fico atordoado com tantos milhões, mas ainda me dá vontade de desenvolver um raciocínio muito simples, malgrado o esforço que tenho de desenvolver: quem pagou ou quem vai pagar todos estes milhões e quem recebeu ou quem vai receber todos estes milhões?
Penso tratar-se de uma pergunta justa, mas será que haverá uma resposta possível?
Não faço a mínima ideia de quanto pode custar um quilómetro de auto-estrada, mas apraz-me perguntar quantos quilómetros se podem construir com dezassete mil milhões de euros? Do mesmo modo, não faço a mínima ideia de quantos quilómetros de auto-estrada estão construídos na modalidade de scuts para terem custado ou virem a custar dezassete mil milhões de euros. Já agora o Tribunal de Contas poderia ter dado uma ajudinha dando-nos conta dos quilómetros de auto-estrada a que se referem os tais dezassete mil milhões.
Não entendi bem se foi o TC que falou em quatrocentos e cinquenta milhões de euros que o Estado deveria entregar às concessionárias pelo não pagamento de portagens nos troços em obras, dada a diminuição da qualidade do serviço prestado. Mas se foi, poderia informar o pessoal sobre as razões e os fundamentos de ser o Estado a pagar e não as concessionárias a não receber por estarem a prestar um mau serviço aos pagantes de portagens.
Continuo esperando por alguém de bom-senso que informe o pessoal sobre a velocidade média de um comboio de alta velocidade que faça três paragens entre Lisboa e o Porto. Podem chamar-lhe, mas que não é, não será. É melhor esclarecerem que se trata de um faz de conta ou de um comboio a brincar, porque a sério ninguém acredita.
Será que o Primeiro acredita mesmo?

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