Esperava, calma e pacientemente, pela minha vez para tentar a sorte de poder ser extravagante em qualquer circunstância e olhava para a primeira página do Independente. Diga-se, desde já, que deixei de ler jornais quando o Público resolveu proceder ao pagamento dos seus conteúdos na Rede; agora tão só e apenas o Expresso, mais por força do hábito desde o primeiro número do que pelo interesse que o semanário me desperta actualmente.
Depois de dar uma olhada àquela primeira página, virei o jornal e dei comigo a ler, gratuitamente e abusivamente, o editorial assinado pela Senhora Directora.
Contava que tinha uma amiga que lhe confessara andar extremamente satisfeita, feliz e contente porque tudo lhe corria bem desde que deixara de ler jornais, ouvir rádio e ver televisão.
Encontro-me numa situação quase totalmente parecida, quanto à leitura de jornais e caminho a passos largos para aplicar a teoria às rádios e às televisões.
Depois desta história, a Senhor Directora quase que exortava os seus colegas jornalistas a uma análise profunda da qualidade do jornalismo praticado como forma de combater este desinteresse pelo produto da sua profissão.
Fiquei a pensar na ideia, mas logo me virei outra vez para o título garrafal da primeira página: “ A Idade da Inocência”.
Parece que o Dr. Mário Soares terá apelado ao voto no seu filho, enquanto candidato à Câmara Municipal de Sintra. O facto estava a seu analisado pelas autoridades competentes para se aquilatar se era ofensa à lei vigente.
Estava mesmo a ver no que isto ia dar: então a senhora quer uma reflexão profunda sobre a qualidade do produto dos jornalistas e no mesmo jornal, no mesmo número do mesmo jornal, oferece-nos aquele título?
Bem prega Frei Tomás!!!
Eu não sei, mas imagino, clara e perfeitamente, as intenções do título. Só não consigo ligar a primeira página com a última página…
Da pouca-vergonha dos conteúdos subliminares do título à deontologia e à ética do jornalista.
Depois querem que o pessoal leia jornais!!!
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