20.10.15

O buraco

- Meu filho, conta-me lá as diligências efectuadas para encontrares uma solução estável e duradoura.
- Desculpa, papá, mas a coisa não tem corrido tão bem como eu desejava.
- Não? Diz-me, quais foram as dificuldades?
- Olha, papá, parece que subiu à cabeça daqueles maltrapilhas uma grande vontade de serem importantes.
- Não me digas? Então os craques querem mandar nesta coisa toda ou estão a fazer-se caros?
- Muito mais que caros. Ofereci umas migalhas, mas eles querem uma quantidade de coisas que eu nem ouvi porque não as entendi em condições.
- Diz-me lá uma coisa, meu filho: estiveste a fazer de esquisito nas ofertas ou foste perdulário? Olha que com esta gente temos que ter o chicote sempre preparado, de tal modo que se estás disposto a dar uma coisa tens que receber pelo menos duas em troca.
- Pois, eu também pensei assim. Mos os sacripantas não cedem um milímetro ao metro que  eu tenho e que não quero perder.
- Oh, meu filho, toma nota que perdeste uma quantidade de coisas e não podes, sem mais nem menos,  querer que o pessoal se esqueça que não comeste os espinafres suficientes.
- De acordo, mas eu tentei atirar o barro à parede, mas o barro não ficou colado, o que me perturbou bastante e tem dificultado a solução final.
- Tem dificultado a solução final? Não entendo isso e nem sequer percebo qual é a tua dificuldade em encontrares a solução final, se ela está mesmo à frente dos teus olhos.
- Pois. Eu também pensei isso, mas aquela história da escrita e da folha de cálculo pode não ser do agrado daquela cambada, o que pode levar os tipos a não aceitarem a minha proposta.
- Na verdade, estás com um problema entre mãos, mas tudo nesta vida tem solução, como muita gente diz. Pode é não ser totalmente satisfatória como se exigia à primeira.
-Tem calma, meu filho, que tudo se há-de arranjar, nem que seja por uns tempos. O que importa é que saibas resistir com toda a veemência e não te deixes abalar por uns contratempos de meia tigela. Olha bem para o que me sucedeu a mim.
- Tem razão, mas os tempos são outros. Agora temos apenas umas moeditas, quando naquele tempo abundavam as notas que se viam e sentiam por todo o lado...
- Não sejas incrédulo. Um dia destes já não terás problemas. Deixa o tempo passar, pois mais depressa do que esperas terás o pássaro na mão.
- Espero bem que sim.
- Só tens que me prometer uma coisa: evita a todo o custo demissões irrevogáveis... porque eu já não terei oportunidade de apanhar o golpe e tapar o buraco....

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