31.10.15

Foi tradição

Num incerto dia do mês de maio/agosto de todos os anos, os portugueses, crentes, ateus, agnósticos e os sem quaisquer opções, beneficiavam de um feriado, institucionalizado há muitos anos, para celebrar uma festividade da igreja católica romana. Contudo, os passos e os portas, entendendo que se tratava de uma celebração discriminatória, tiveram por bem riscá-la do calendário mandando para as urtigas a tradição.
No dia cinco de outubro de todos os anos, os portugueses, fascistas, comunistas, progressistas, reacionários, socialistas, esquerdistas, centristas e direitistas, monárquicos e republicanos, beneficiavam de um dia de descanso oficial para utilizar, cada um à sua maneira, o dia da implantação da república e lembrar que um parvalhão qualquer pode mandar para o outro lado da vida um rei e um príncipe, sem que se tenha tempo para descer da carroça. Contudo, os passos e os portas retiraram do calendário o feriado, que já durava há uma porrada de anos e anular a tradição, que não era tradição porque ofendia muitos portugueses que sentiam saudades da monarquia e não se reviam na república, com toda a razão, diga-se a propósito.
No dia um de novembro de todos os anos, os portugueses utilizavam o dia para festejar todos os santos independentemente da crença religiosa e aproveitavam o dia para homenagear com um ramo de flores, mesmo de plástico, as campas dos seus antepassados, já partidos desta vida miserável. Mas os passos e os portas entenderam que santos eram aqueles que com eles concordavam e os mortos, porque já estão mortos, não careciam de flores todos os anos e daí fizeram mais uma cruz no calendário, para demonstrar que a tradição é quando lhes dá jeito e quando eles querem.
No dia um de dezembro de todos os anos, os portugueses, principalmente os patriotas, dispunham de um dia para lembrar e relembrar que esta terra, quando é preciso, tem tudo no sítio e não serve de desculpa o poder dos filipes, dos andeiros e de quaisquer outros, quando o povo quer e exige, mesmo à custa de facadas e de espadeiradas. Mas os passos e os portas vieram lembrar também que a glorificação dos nossos gloriosos pode ter um efeito pernicioso com uma eventual rejeição dos actuais mandatários dos mandões estrangeiros, o que não seria bom para a saúde das finanças públicas, pelo que seria razoável retirar do calendário esta duvidosa tradição, em eventual violação do tratado de lisboa e do tratado orçamental.
Sempre se disse que "não há regra sem exceção" e que a lei foi feita para ser desrespeitada.
Um dia qualquer a tradição pode deixar de ser tradição, desde que... haja alguém que a quebre.
Sempre aconteceu e sempre acontecerá...

Era a tradição

A partir do dia cinco de outubro do ano da graça de dois mil e quinze a tradição tomou conta do imaginário dos políticos portugueses.
Até então era raro chamar a tradição para justificar ou fundamentar comportamentos, acontecimentos, posições e decisões de pessoas e até de instituições.
Não era tradição chamar a tradição para a política quando os decisores políticos tomavam esta ou aquela posição sobre um determinado acontecimento ou situação.
Ninguém se lembrou, até àquele fatídico dia, de apresentar a tradição como processo justificador de termos um país atrasado e miserável.
Ninguém se lembrou, até àquele fatídico dia, de apresentar a tradição como causa e razão suficiente de uma vida inteira a mendigar uma côdea de pão para enganar o estômago e matar a fome...
Ninguém se lembrou, até àquele fatídico dia, para utilizar a tradição para absolver as matanças e os holocaustos que sacrificaram milhões de pessoas em todo o mundo.
Mas agora parece que a tradição já tem pés para justificar e fundamentar um movimento contra o progresso, contra a mudança, contra a alteração, contra tudo o que possa influenciar o desenvolvimento político, social, económico e cultural de um povo.
Parece que a tradição não pode  contrariar os movimentos sociais que possam surgir das desigualdades das pessoas, quer se fale da pobreza, da riqueza, da miséria ou da felicidade.
Também parece que a tradição não pode admitir que aconteça agora, porque nunca antes aconteceu, pelo que não pode acontecer mesmo que seja inevitável acontecer.
Na prática, estamos a reduzir a tradição a uma arma de arremesso contra a mudança natural que acompanha o tempo como medida do movimento.
Estaríamos ainda na idade do paraíso do éden se a tradição não admitisse que a mudança e a transformação dos usos e dos costumes fazem parte da formação da personalidade humana.
A propósito de uma situação política que não tinha acontecido nos últimos quarenta anos, mas que aconteceu agora, pretende-se chamar a tradição como argumento contra uma eventual alteração do processo político da nomeação de um governo.
Não sei se é mais triste o argumento e os "argumentantes".
Mas sei que a resistência à mudança é uma das variáveis mais perniciosa para o desenvolvimento de uma sociedade.

23.10.15

A primeira

Endoidou.
Pifou. 
Escafedeu-se
O mole virou duro.
A múmia paralítica bateu com a cabeça naparece e voltou pó.
Aquela cabeça pensadora queimou os fusíveis e derreteu os neurónios.

Não quero; não quero; não quero!
Não aceito; não aceito; não aceito! 
Eu sou eu e as circunstâncias que se amolem!
Quem nunca foi por mim, não terá nada de mim.
Quem sempre me ofendeu, não terá o meu beneplácito.
Quem passou a vida a chatear-me o juízo (será que tenho?) não conta comigo.
Não querem lá ver que agora pretendiam produzir cereais quando o mercado está a abarrotar de trigo?
Não querem lá ver que agora não queriam aceitar as ofertas de capital, porque temos os cofres cheios dele?
Não querem lá ver que pretendem arranjar com os outros o que não conseguem por eles próprios?
Não querem lá ver que esta cambada estava às espera de contemplações para coisas tão sérias que exigem a máxima honestidade que não demonstram ter?
Não querem lá ver que por estarmos nos últimos segundos da última parte de toda a duração do jogo, deixava de mostrar o cartão vermelho e não marcar penalti?
Nem pensar!
Porque quem assim pensava não pensava que eu pensava deixar de pensar o que sempre pensei?
Essa treta da mudança, do desenvolvimento e do progresso não se faz à custa de amandar e atirar para as urtigas o modo como sempre se fizeram as coisas aqui por estas bandas.
É certo que precisamos de progresso, necessitamos de desenvolvimento, mas isto não pode ser feito à custa da mudança e alteração dos bons costumes, aos quais devemos a nossa história e a nossa cultura.
Essa coisa de termos que secar a fonte para sermos iguais ao primeiro rei foi chão que já deu uva e nada pode  alterar o que a tradição decreta sob pena de cairmos na mais profunda calamidade que pode levar à nossa destruição.
Eu tenho o poder  de dar os passos necessários para abrir as portas aos que me prestam a devida vassalagem e não permitir o livre acesso a quem tudo tem feito para não o merecer.
Eu quero!
Eu posso!
Tomem lá, e que se aviem!
Quem quiser e quem puder, que o faça como eu o fiz!!!
A primeira já está!!!


20.10.15

O buraco

- Meu filho, conta-me lá as diligências efectuadas para encontrares uma solução estável e duradoura.
- Desculpa, papá, mas a coisa não tem corrido tão bem como eu desejava.
- Não? Diz-me, quais foram as dificuldades?
- Olha, papá, parece que subiu à cabeça daqueles maltrapilhas uma grande vontade de serem importantes.
- Não me digas? Então os craques querem mandar nesta coisa toda ou estão a fazer-se caros?
- Muito mais que caros. Ofereci umas migalhas, mas eles querem uma quantidade de coisas que eu nem ouvi porque não as entendi em condições.
- Diz-me lá uma coisa, meu filho: estiveste a fazer de esquisito nas ofertas ou foste perdulário? Olha que com esta gente temos que ter o chicote sempre preparado, de tal modo que se estás disposto a dar uma coisa tens que receber pelo menos duas em troca.
- Pois, eu também pensei assim. Mos os sacripantas não cedem um milímetro ao metro que  eu tenho e que não quero perder.
- Oh, meu filho, toma nota que perdeste uma quantidade de coisas e não podes, sem mais nem menos,  querer que o pessoal se esqueça que não comeste os espinafres suficientes.
- De acordo, mas eu tentei atirar o barro à parede, mas o barro não ficou colado, o que me perturbou bastante e tem dificultado a solução final.
- Tem dificultado a solução final? Não entendo isso e nem sequer percebo qual é a tua dificuldade em encontrares a solução final, se ela está mesmo à frente dos teus olhos.
- Pois. Eu também pensei isso, mas aquela história da escrita e da folha de cálculo pode não ser do agrado daquela cambada, o que pode levar os tipos a não aceitarem a minha proposta.
- Na verdade, estás com um problema entre mãos, mas tudo nesta vida tem solução, como muita gente diz. Pode é não ser totalmente satisfatória como se exigia à primeira.
-Tem calma, meu filho, que tudo se há-de arranjar, nem que seja por uns tempos. O que importa é que saibas resistir com toda a veemência e não te deixes abalar por uns contratempos de meia tigela. Olha bem para o que me sucedeu a mim.
- Tem razão, mas os tempos são outros. Agora temos apenas umas moeditas, quando naquele tempo abundavam as notas que se viam e sentiam por todo o lado...
- Não sejas incrédulo. Um dia destes já não terás problemas. Deixa o tempo passar, pois mais depressa do que esperas terás o pássaro na mão.
- Espero bem que sim.
- Só tens que me prometer uma coisa: evita a todo o custo demissões irrevogáveis... porque eu já não terei oportunidade de apanhar o golpe e tapar o buraco....

18.10.15

O eixo

Uma das coisas que mais gosto na televisão é ter a possibilidade de a qualquer momento fazer uma viagem por todos os canais desde o primeiro até ao último e voltar ao que menos me chatear.
Isto não é fácil de dizer e até de fazer, mas de vez em quando lá passo uns minutos a ver e ouvir aqueles comentários de muitos comentadores que cada vez mais me ensinam a gostar menos de comentários e de comentadores, sempre desejosos de se ouvirem a eles próprios.
Outro dia, a propósito da actual tragicocómica situação da política portuguesa, tive a oportunidade de dar uma vista de olhos a uns comentários escritos referentes à "clarinha" ficando com alguma curiosidade de a ver e ouvir a perorar sobre o tema.
Vai daí deparei-me com os inefáveis comentadores do denominado "eixo do mal" divagando precisamente sobre a magna questão que tanto os preocupa.
Fiquei fixado na televisão para escutar com a máxima atenção a dita senhora e ajuizar sobre os comentários lidos anteriormente de um internauta vulgar e normal. 
Quando chegou a sua vez, consegui entender que:o costa e os socialistas não sabe o que quer e o que querem, os comunistas são comunistas e sabem o que não querem e os bloquistas são marxistas, pelo que se torna impossível particiaprem  numa solução, por falta de tradição.
Durante cerca de quatro minutos não percebi se a senhora tinha opinião sobre a matéria concreta ou se apenas se tratava de mandar bitaites e cumprir a sua obrigação de comentadora para justificar o pagamento a efectuar a devido tempo, bem merecido, diga-se de passagem.
Quando falavam os quatro ao mesmo tempo sem que ninguém os entendesse nem sequer o moderador, ainda ouvi a "clarinha" a afirmar que "... eu só quero uma boa solução".
Fiquei estupefacto pela afirmação e nunca pensei que fosse possível haver naquela cabeça pensadora uma hipótese diferente para além de uma boa solução para Portugal dos portugueses.
Passado algum tempo, pois estive cravado nos comentários cerca de quarenta minutos, terei percebido que a boa solução era apenas uma intenção e uma boa vontade da senhora que não foi capaz ou não quis dizer o que seria para ela uma boa solução.
Não tive razões para duvidar da correcção dos comentários escritos de um leitor de jornais, mas valeu a pena perder aqueles minutos todos para ter uma ideia do valor daquela comentadora, mas principalmente porque o moderador apresentou um vídeo final que me fez lembrar o que poderia ou deveria ser um verdadeiro presidente da república, digno dos portugueses.

17.10.15

Por favor

Ando a ficar com dores de cabeça porque nos últimos dias tenho-me deixado invadir pela curiosidade de ouvir alguns debates e entrevistas políticas nos diversos canais de televisão.
Não consigo entender lá muito bem como é possível os canais de televisão dedicarem tanto tempo, quando dizem que não têm tempo para nada, a colocar frente a frente, à esquerda e à direita uns quantos senhores, cujo pensamento político já se conhece perfeitamente.
Até parece que esta gente está mesmo convencida que é possível alterar o pensamento, as convicções, as certezas e, já agora, as tradições pessoas, porque num acto eleitoral não houve uma maioria absoluta de um só partido.
Até parece que é possível convencer quem tem certezas absolutas da sua verdade e alterar de um momento para outro aquilo que sempre o sustentou durante anos e anos e anos.
Dá a impressão que anda tudo louco, porque tentam de todas as maneiras encontrar respostas de acordo com as suas convicções profundas ou de acordo com os seus interesses materiais, financeiros, estruturais, sociais e profissionais, interesses que são o seu sustento com dificuldade mínima.
Toda a gente anda a basear a discussão e suposições e raciocínios n condicioonal: se isto for assim, então aquilo será assado...
O que mais me espanta são perguntas idiotas dos jornalistas alicerçadas na condição quando pretendem que a resposta seja uma afirmação no presente do indicativo.
O que me leva a concluir que aos jornalistas não interessa muito a resposta, pois o que interessa é a pergunta que não pode deixar de ser feita, mesmo que tenham a certeza que a resposta não pode ser dada.
Neste sentido tenho tendência a pensar que a finalidade desta coisa toda não é encontrar uma solução para os graves problemas que temos e que vamos continuando a ter, mas sim manter uma discussão para que os canais de televisão demonstrem ao pessoal que são essenciais para a felicidade e bem estar do pessoal, que pouco ou nada se interessa pela política.
Já agora, achei um desplante total por parte daquela personagem que declarou ter-se abstido por não sei o quê...  e a seguir aceitam convites para os bitaites do costume..
Antes valia ter feito o que fizeram uns quantos milhares de portugueses que foram votar, mas votaram nulo ou em branco; pelo menos manifestaram interesse no acto eleitoral, cumpriram o seu dever, exerceram os seus direitos e não foram convidados para estes debates.
Ten ham misericórdia de nós e não se esqueçam que temos no nosso ordenamento constitucional gente com o dever e a responsabilidade de resolver o problema do próximo governo, não sendo preciso tanto alarido.
Depois, quem quiser derrubar a casa que o faço e quem quiser manter a casa de pé que a mantenha.
Até lá, chateiem menos... por favor.
 

14.10.15

A tradição

A histeria e a propaganda assentaram arraais em jornais, em televisões, em comentaristas, em jornalistas e em quase tudo que emite opiniões.
É um ver se havias para lançar o caos, a desordem e a tragédia que ocorreriam em portugal se fosse possível um governo de esquerda.
Querem fazer crer que a gente, aqueles que pouco ou nada esperam da vida política nacional, ainda acreditamos que pode haver um governo de esquerda,mas que isso seria o fim deste país.
Mas fique todo o mundo descansado, incluíndo os mercados, porque a cabeça pensadora que reside em belém já tem tudo decidido.
Analisados que foram uma centena e meia de cenários para a formação do próximo governo de portugal, a decisão está tomada e eu sei de fonte segura qual é, uma vez que tive a possibilidade de entrar na corrente eléctrica, embora fraca, daqueles neurónios e observar ao pormenor tudo o que ia acontecer.
Vai ser assim:
O acordo entre o passos, o portas e o costa já foi, pelo que não vai haver.
O acordo entre o costa e o sousa e a catarina é possível, mas já foi.
O presidente vai ouvir os partidos, nos termos constitucionais
O presidente vai indigitar o passos como primeiro ministro para formar governo.
O passos vai formar governo.
O presidente vai empossar o governo.
O governo vai submeter aos deputados o programa.
O programa vai passar, porque o costa não vai votar contra.
O governo vai submeter o orçamento à apreciação dos deputados.
O costa não vai votar contra, pelo que o orçamento é aprovado.
Depois de tudo isto, o governo quer governar e está metido numa camisa de onze varas e vai surgir de novo e em força a tal força de bloqueio.
Entretanto, teremos um novo presidente, que se for o tal, fará um comentário a todos os partidos e vai convocar novas eleições lá para o fim do ano de dois mil e dezasseis, princípios de dois mil e dezassete.
Não consigo ver mais além.
PS: O Oliveira, aquele moço das motas, nunca deveria ter ganho o tal grande prémio, porque nunca houve anteriormente um português a ganhar um grande prémio de motociclismo, indo contra a tradição...
A mudança, o progresso e o desenvolvimento não se fazem contra a tradição?

10.10.15

A solução

Até às vinte horas e dez minutos do dia quatro de outubro do ano da graça de dois mil e quinze, os males do mundo tinham a razão e o seu fundamento nos socialistas.
Não havia coisa alguma que tivesse sido bem feita e em benefício de portugal e dos portugueses, a não ser de uns quantos amigos também socialistas.
Deram cabo de tudo, incluindo o do próprio estado.
Deixaram tudo na miséria e não fora o resgate já não teríamos existência legal...
Os socialistas eram muito piores que o diabo: este ainda tinha o inferno e dispunha dele como lhe dava na diabólica gana, mas os socialistas já tinham penhorado tudo e a dívida já estava perto dos noventa e cinco porcento da riqueza produzida. Até foram responsáveis pela subida da dívida para lá dos cento e trinta por cento do pib, sem falar dos milhares de desempregados, dos milhares de emigrantes, de todas as empresas encerradas e até dos chumbos dos alunos que não estudam a tempo e a horas de fazerem os seus exames.
Mas depois das vinte horas e quinze minutos desse mesmol dia e apesar de continuarem responsáveis por tudo o que de mau aconteceu a esta terra nos últimos cinquenta anos, deixaram de ter sarna e rapidamente se acabou o discurso da a sua culpabilização.
Foi um milagre, pois bastou que os bons perdessem a maioria absoluta que lhe dava toda a autoridade para fazerem tudo o que tivessem em mente e precisassem agora da boa vontade dos maus para continuarem na sua caminhada ao serviço do poder.
De repente o discurso mudou e apareceu a palavra "humildade", coisa que tinha desaparecido do léxico dos bons. 
Havia que pensar nalguma coisa para evitar males maiores, porque esta cambada dos socialistas podiam não se dar por derrotados e vencidos e atreverem-se a encontrar outras vias que podiam levar a mandar os bons para as urtigas, face ao acontecido nos últimos quatro anos.
Vai daí que deixou de se ouvir discursos contra os socialistas e passou-se a saber que o diabo pode tecê-las, apesar do são jorge continuar de espada em riste.
Cuidado, portugueses, porque pode estar a ser congeminada uma solução governativa  ainda mais gravosa que a pretendida pelos maus da bancarrota: pode estar aí mesmo escondida atrás da porta uma solução governativa comandada pelos socialistas com a participação dos comunistas, dos verdistas e dos bloquistas e de mais alguns esquerdistas, o que seria uma verdadeira revolução nascida a partir de um golpe de estado constitucional, mas contra a natureza da política portuguesa.
Portugueses, apesar dos socialistas serem agora menos maus, não deixaram de ser maus pelo facto de termos perdida a maioria absoluta e ser indispensável a sua boa vontade para governar mais quatro anos e continuar o nosso projecto de tornar os portugueses o povo mais pobre de toda a europa e arredores ao serviço da mão-de-obra barata para servir melhor os senhores do mundo.
A traição está aí...
  

5.10.15

A vitória

A coligação ganhou, mas perdeu.
Os socialistas perderam, mas ganharam.
Os bloquistas ganharam.
Os cdu ganharam.
Os animais ganharam.
As declarações de vitória foram as do costume.
Houve uma declaração de derrota.
O surpreendente da noite foi a festa do livre, que avanções rapidamente para os foguetes, mas os animais protestaram e lá receberam de braços abertos o deputado disputado.
Os eleitores disseram ao marinho que se fique pela europa e que por lá faça muito barulho, porque por aqui não tem lugar.
O partido mais votado foi o da abstenção, que subiu relativamente a eleições anteriores, apesar de todas as sondagens dizerem o contrário e quase todos os comentadores, jornalistas e políticos continuarem a a afirmar que os abstencionistas tinham diminuído, quando os números oficiais já diziam que tinham aumentado.
A realidade tem destas  coisas: quem perdeu cerca de oitocentos mil votos sai vencedor das eleições e quem ganha cerca de duzentos e cinquenta mil perde as eleições.
Hoje mesmo a campanha já começou: é dever nacional dos socialistas, que perderam, viabilizar o governo dos que ganharam.
É assim mesmo e tomem lá.
Surpreendidos? Vão deixar de estar muito rapidamente e o meu cartão de eleitor não ficou arrumado...
Mas não deixo de me interrogar que é feito dos quase dois milhões de pessoas na pobreza, de cerca de novos tresentos mil desempregados, dos milhões de pensionistas com a pensão mínima, dos milhares de beneficiários do rendimento social de inserção, dos trabalhadores com o salário mínimo e todos aqueles a recibos verdes e de todos aqueles sem qualquer tipo de proteção social???
Onde está seu voto ou para onde foi o seu voto?

2.10.15

A República

Está bem de ver: o homem sempre viveu à pala da República.
Quando foi estudante nem propinas pagou;
Quando foi professor ali estava a república;
Quando esteve no banco de portugal era a república;
Quando foi secretário de estado vivia da república;
Quando foi ministro alimentava-se da república;
Quando deputado lá tinha a segurança da república;
Quando foi primeiro ministro a república cuidava dele;
Enquanto presidente da república, a república nunca o deixou ficar mal.
Agora a República merecia um pequeno carinho como fosse a sua presença no dia da República.
Ontem o homem, lá do alto do seu orgulho idiota, declarava alto e a bom som que já sabia muito bem o que ia fazer com os resultados eleitorais, mesmo antes de os conhecer.
Hoje, o mesmo homem diz que precisa de reflectir sobre as suas gravíssimas decisões a tomar logo após conhecer os resultados eleitorais.
Isto acontece precisamente no dia da República pelo que o Presidente da República não pode estar presente nas comemorações da República.
É confuso?
É estranho?
É aceitável?
Para o vulgar republicano seria natural que o Presidente da República estivesse presente nas comemorações do Dia da República, mas o Presidente da República assim não o entende, adiantando para o efeito uma justificação idiota e inconsequente, tendo em conta declarações fresquinhas prestadas lá nos estates e totalmente injustificáveis tendo conta o significado das funções que exerce.
Com este homem a lógica é uma batata e a república não passa de uma fava.
Até nisto somos uns pobres de espírito, tendo o presidente que temos.
O que nos vale é que é por pouco tempo mais...
No fim de contas, o homem não se digna desonrar a República com a sua presença, mas poderia ter mandado dizer que estava com caganeira, que lhe doíam os poucos neurónios activos, que não queria incomodar, pelo que...
A gente entendia...