10.7.13

O big bang

Todos aqueles que andaram a dizer alto e bom som que aquelas audiências, reuniões, encontros e audições eram uma perda de tempo e o que havia a fazer deveria ser feito de imediato, porque o não fazer significava uma perda de tempo que não seria recuperável, terão ficado de boca aberta com os resultados finais, conhecidos no princípio da noite numa longa e profunda comunicação aos portugueses.

Agora resta a esta gente calar o bico e reconhecer que os portugueses só ganharam com estes dez dias de loucuras políticas que a todos preocupou, principalmente todos aqueles que não acreditavam na capacidade de manobra dos decisores e muito menos a possibilidade de apresentação de uma solução para a crise política iniciada com a saída de um ministro e as ameaças de outro.

Andaram enganados!!!

Depois de muito pensar, depois de muito esforço intelectual para entender muito claramente a profundidade dos problemas e das soluções adequadas, ocorreu o inevitável: deu-se o "big bang" naquela cabeça pensadora, de que resultou a monumental proposta de salvação nacional, coisa que nunca poderia ter ocorrido a mais ninguém nem antes de depois, mas agora que deixou de haver crise pois o governo encontra-se na plenitude das suas capacidades.

Saiu um ministro? Foi substituído, como é natural.

Um ministro apresentou a sua demissão? Não é aceite e continua em funções, como se nada tivesse acontecido.

Ficámos a saber que a melhor maneira de resolver uma crise política é não admitir a sua existência e evitar dizer uma única palavra sobre a sua natureza e sobre as suas consequências.

Determina-se que não há crise; determina-se que não há eleições antecipadas; determina-se que os partidos políticos subscritores do memorandum têm que se entender num compromisso de médio e longo prazo no prazo de um ano; determina-se que as divergências não têm lugar neste Portugal dos portugueses; determina-se… ou melhor, aquela cabeça pensadora determinou e tudo o mais fica determinado.

Porquê agora e não antes e não depois?

Determina-se que as perguntas fazem mal à saúde…


 

PS. Na minha última nota sugeria que o Júlio de Matos e o Miguel Bombarda deveriam entrar de prevenção.

Estou agora convencido que não há necessidade: as grandes ideias andam por aí e precisam de espaço para frutificarem…

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