1.7.13

A demissão

Andava o pessoal plenamente convencido que o pontapé no rabo do gasparzito só iria ocorrer lá para o meio do próximo ano e depois de a troika despachar as malas nos respetivos aviões, mas eis que senão quando os meios de comunicação eram inundados com a notícia da demissão do homem mais poderoso de Portugal e que mandava em tudo e em todos sem dar cavaco ao próprio cavaco.

Todos os meus queridíssimos e estimadíssimos comentadores devem ter ficado de boca aberta sem capacidade de resposta para notícia tão inusitada e tão repentina que nenhum deles foi capaz de prever tal ocorrência em todos os comentadores dos últimos três dias, que não foram poucos.

Nem sequer o marcelo, nem o pacheco, nem o tavares, nem o anterior, nem o posterior, nem o pequeno, nem o grande, nem o da esquerda, nem o da direita, nem o do centro nem sequer o marques mendes tiveram a chispa ardente de prever a demissão do gasparzito para segunda-feira, dia um de julho do ano da graça de dois mil e treze.

Toda esta gente terá ficado com as orelhas a arder, porque foram incapazes de pensar numa coisa destas, à semelhança das previsões do gasparzito que nunca deram certas, nem sequer a data da sua demissão.

Terá havida muita gente que suspirou de alívio por se ver livre de tão triste figura e mais aliviados ficaram quando se chegou a anunciar que o substituto seria o homem que ultimamente nos tem tratado da saúde a contento de muita gente, mas foi sol de pouca dura porque rapidamente esta informação foi dada como falsa, tanto mais que se anunciava a verdadeira: as nossas finanças vão continuar nas mãos de quem nos tem tratado tão bem, uma vez que se trata da pessoa que negociou os únicos contratos "swaps" que deram ganhos às respetivas empresas.

Espero agora que o homem vá em paz, mas que não se esqueça tão depressa da porcaria que fez durante estes dois anos, do roubo à descarada às carteiras dos contribuintes, tendo eu agora a devida oportunidade para o lembrar que não se esqueça também de se ir inscrever no desemprego no centro mais próximo, tendo a dignidade de experimentar, por uma única vez, a realidade deste Portugal, por ele transformado numa imensa coutada dos seus patrões.

Não sei se alguém vai ter saudades ou até se se lembrará desta figura austera e ridícula que se transformou muito rapidamente no ministro mais odiado pela oposição e pela grande maioria dos apoiantes do governo de que fez parte como ministro das finanças, ou ministro de "arrebenta bilhas".

Daqui a alguns anos, alguns de nós lembraremos este ministro como o ministro de nos fez reviver o almirante tomás, com aquela tirada que continua famosa: " esta é a primeira vez que aqui estou desde a última vez que aqui estive".

Alguém poderá calcular a diferença existente entre a frase atribuída ao almirante caquético e esta outra proferida pelo respeitadíssimo gasparzito "…o ano de dois mil e quinze é o ano imediatamente subsequente ao ano de dois mil e catorze…" ?

Sem comentários: