Foi preciso uma explosão naquela "cabecinha pensadora" para que o grande salto em frente tivesse algum significado: faz-se de conta que o problema existente não se reveste de qualquer significado e importância para merecer uma resolução imediata e atira-se para a ribalta a proposta do compromisso de salvação nacional.
Para alguns, para aqueles que têm a possibilidade de se fazerem ouvir nos meios de informação, trata-se de uma ideia genial tão só porque desfere uma valente espadeirada no ventre de uma boa quantidade de líderes partidários, fazendo deles os bodes culpados do tudo o que de mau existe na sociedade portuguesa, havendo, claro está, a exclusão de alguns outros que se colocam a coberto do seu grande amor pelos destinos da Pátria.
Parece que ninguém se recorda que por diversas vezes e em diversas circunstâncias se falou da conveniência, da necessidade, da imprescindibilidade de um entendimento entre os partidos políticos para a realização de alguns projetos de interesse nacional.
Parece que ninguém se lembra das vezes em que se falou que importava haver discussões e reuniões e decisões com vista a um acordo de regime para dotar o País dos meios suficientes e necessários para levar a cabo algumas reformas de interesse nacional.
Parece que ninguém se lembra que todas as revisões constitucionais já verificadas careceram de discussões e acordos entre partidos políticos com assento na assembleia da república.
Parece que ninguém se lembra que por diversas vezes os partidos políticos foram chamados a discutir, a apreciar, a aprovar e a implementar algumas medidas que mereceram o respetivo acordo.
A explosão agora verificada que deu origem a esta proposta de compromisso para a salvação nacional mereceu o aplauso de alguma boa gente por razões que ainda não nos foram explicadas para além daquela de "entalar" os socialistas…, mas nunca foram ouvidas nas circunstâncias anteriores, porque não tiveram origem numa cabecinha pensadora.
Para mim, as únicas coisas novas que aparecem nesta proposta podem ser resumidas numas quantas palavras: por um lado é de médio prazo, não se sabendo a duração do prazo; por outro tem implícita a marcação de eleições antecipadas, mas não se sabe o que vem depois…
Entretanto, a bagunça continua e os juros da dívida pública não param de aumentar.
Parece haver uma coisa boa e de verdade no meio disto tudo: a importância dada às palavras de cada um depende do estatuto de cada qual.
Parece haver também uma certeza: toda a minha gente está de acordo com a necessidade do diálogo e toda a minha gente está disponível para o diálogo, mesmo que esse diálogo seja de surdos sem qualquer efeito sério que contribua para a solução não da crise do défice e do orçamento mas apenas para acabar com a crise política existente lá para os lados do governo, o que se torna imprescindível para iniciar os passos indispensáveis para enfrentar com dignidade e eficácia os problemas nacionais.
Entretanto, ainda não ouvi ninguém a culpar alguém pelas perdas na bolsa portuguesa e pela subida das taxas de juro da dívida.
Ainda o engenheiro acaba por pagar as favas…
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