25.7.06

Bem prega Frei Tomás

Houve por aí muita boa gente que ficou surpreendida pela reforma do impoluto deputado Manuel Alegre por uma carreira na RDP, onde foi colocado logo após o seu regresso do exílio pós vinte e cinco de Abril.
Para mim não houve qualquer surpresa, tanto mais que com coisas de políticos nada me surpreende, nem as relativas ao deputado poeta, que foi candidato a Presidente da República, merecendo o voto de mais de um milhão de portugueses por se tratar do candidato da ética na política…
Agora, tomem lá e pasmem-se, quem se pasmar, principalmente aqueles que o elevaram ao mais alto dos pedestais da moral e da ética.
Embrulhem com lenço de linho…
Mas o que a mim me espanta é a ignorância da matéria manifestada pelo interessado: então o homem era funcionário público da RDP, sempre descontou para a CGA e não se lembrava? Não constava do seu “curriculum vitae”, porque não se lembrava, ou se tinha esquecido ou, talvez, por vergonha…
Por outro lado, está na AR desde há uma porrada de anos com o seu vencimento, sobre o qual deve descontar para a CGA e não tinha consciência que havia qualquer coisa que não batia certo?
Dois ordenados, dois descontos, todos os meses, todos os anos, com pagamentos de impostos e não se lembrava?
Nós, os cá de baixo, nós, os que só recebemos uma reforma, nós os que só recebemos um vencimento, teríamos algum interesse em conhecer em profundidade esta história, que, para já, parece muito mal contada.
Não acredito, pura e simplesmente, que a poesia, a pesca, a caça e o trabalho no Parlamento sejam razões suficientes para um esquecimento desta matéria…
Havia dois vencimentos? Havia dois descontos? Havia impostos sobre tudo?
Nunca houve uma carta da RDP para o seu trabalhador? A AR não comunicou a eleição à RDP?
Tanta coisa para esclarecer…
Se fosse um deputado qualquer, não me daria ao trabalho de escrever uma linha…
Mas tratando-se do deputado Manuel Alegre…
Que se continue a investigar … e de muitas outras situações surpreendentes teremos conhecimento…

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