1.3.18

O tempo

Nos últimos dias temos ouvido falar do "mau tempo" como se o tempo que enfrentamos fosse uma desgraça e até mesmo uma tragédia.
Temos uns pingos de chuva e umas rabanadas de vento acompanhadas de umas ondas um pouco fora do normal para que o pessoal "entendido" nestas matérias, nomeadamente jornalistas de microfone, leitores de teleponto, alguns comentadores e a generalidades dos meteorologistas passem o "tempo" a classificar o tempo como "mau tempo".
Claro que nem todos estão de acordo com estas classificações.
Hoje mesmo e dos poucos momentos que vejo este tipo de programas ouvi um senhor lá dos lados da Covilhã a protestar com este tipo de linguagem classificando o tempo como "mau tempo" precisamente numa altura em que toda a gente estava à espera da chuva, que normalmente vem acompanhada de vento e de outras coisas mais que chateiam o pessoal das secretárias.
Numa altura em que se lamenta profundamente a falta de água por esses campos fora, quando as barragens estão muito abaixo dos níveis aceitáveis, quando se fala de seca severa por todo o país, quando se perspectiva um ano de fome  e de desgraça para o mundo agrícola, temos a lata de designar como "mau tempo" o tempo que nos tem dado umas quantas pingas de água, que mais não são que uma boa regadela e que pouca influência terá no enchimento das barragens quase vazias.
Por mim, sempre tive a convicção que o tempo da chuva merecia o maior respeito por parte de toda a gente, mesmo que essa mesma chuva levasse pela frente umas quantas casas, que alagasse ruas e que virasse uns quantos carros com verdadeiro prejuízos para alguns.
Para resolver esses problemas existem os seguros e diversos fundos e bancos que nadam em dinheiro e não sabem o que fazer dele a não ser distribui-lo pelos accionistas...
Mas para a seca, para a falta de chuva, para as barragens vazias, para a falta de comida para os animais, para a desgraça da agricultura não há coisa que valha a não ser a chuva que nos traz o "mau tempo".
Pois que venham muitos períodos de "mau tempo", desde que nos traga algumas gotas de água minimamente suficientes para as nossas necessidades.
Mas como nem tudo deve ser tempo de desgraças e de lamentações, gostaria muito de perguntar a todos os inteligentes que agora discursam e opinam em todo o lado, que estudos têm produzido para defender ou apoiar a construção de um sistema de "transvases" do rio douro e do rio tejo para responder com eficácia à carência de água de algumas regiões do nordeste, das beiras e do alentejo, como aconteceu com a construção da barragem do alqueva...

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