23.3.18

A roçadora

Estou a imaginar o marcelo, o costa e mais vinte importantes de roçadora na mão, de galochas calçadas, de impermeável contra a chuva vestido, de chapéu ou boina ou carapuço na cabeça a "operar" na limpeza da mata algures no centro do País.
Vai ser bonito e engraçado vê-los, quais combatentes heróicos a dar cabo do lixo das matas que rodeiam as casas e as estradas e que foram a "causa" de tanta desgraça e fundamento de tantos clamores.
Continuo a imaginar o marcelo, o costa e mais vinte importantes a beberem água por um cantil da tropa quando a garganta de cada um ficar seca por causa da poeira e da serradura proveniente da acção das roçadoras e das serras mecânicas, operadas por tão ilustres portugueses.
E atrevo-me a imaginar o marcelo, o costa e mais vinte importantes a sentarem-se na beira da estrada ou encostados a uns eucaliptos para sacarem da marmita e atreverem-se a ingerir o seu almocinho bem rápido, porque ainda falta muito lixo para retirar da mata.
Talvez a coisa não se passará conforme imagino, uma vez que a metereologia está prever chuva para continuar a regar os campos e a dar força aos arbustos cortados e aos eucaliptos queimados nos nos incêndios do verão passado.
E quando os ponteiros dos relógios indicarem que o tempo disponível para a tarefa está quase a esgotar-se, lá se ouvirá uma voz para mandar parar o sol e aguentar mais uns tempinhos para que nada fique por fazer dos propósitos destes portugueses ilustres: demonstrar que é possível fazer o que não foi feito e que deveria ter sido feito há muito tempo e continuar a ser feito todos os dias do ano: limpar Portugal.
Agora o meu desejo: espero bem que os canais de televisão, as estações de rádio locais, regionais e nacionais, jornais e toda a espécie de pasquins, jornalistas de pena, jornalistas de microfone, fotógrafos e portadores de telemóveis estejam ausentes desta brincadeira de mau gosto, que se vai realizar no próximo sábado.
Se isto não for possível, que os céus abram as portas e deixem passar água, granizo e neve quanto baste para obrigar a que este pessoal se meta nos carros e volte a suas casas, porque espectáculos tristes já vamos tendo por aí quase todos os dias.
Ao menos, que descansem ao fim de semana...

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