Já não faço a mínima ideia do que vai passando nesta santa terrinha.
Parece-me que tudo isto anda ao contrário: anda-se pela esquerda quando se deveria andar pela direita; fala-se verdade quando se deveria falar mentira; discutimos quando deveríamos andar alegres e contentes com a nossa vizinhança; amamos quando deveríamos odiar; somos felizes quando deveríamos andar trombudos e insatisfeitos por tudo e por nada; cantamos quando deveríamos berrar alto e bom som para que todo o mundo nos ouvisse; enfim, já não entendo nada disto.
Bem vistas as coisas não tenho confiança em coisa alguma que acontece no burgo: tudo me faz desconfiar porque nada me parece sair do coração e tudo me parece indicar que a falsidade é o maior lugar comum que me é dado observar.
Já não confio em ninguém porque ninguém me dá garantias de que falar verdade e só a verdade e aos costumes diz nada.
Mas nem tudo anda pelas ruas da amargura.
O que resta, ainda me deixa ver uma luzinha lá no fundo mesmo lá no fundo do túnel, o que me oferece uma ligeira consolação, porque nem tudo está perdido.
Salvam-se umas boas horas diárias dedicadas ao futebol pelos diversos canais de televisão, sendo protagonistas jornalistas e comentadores, que investem toneladas de conhecimento a demonstrar que o mundo está perdido e próximo da extinção, mas que eles, defensores máximos da dignidade, da ética, da moral e da verdade verdadinha ainda estão ali para as curvas e não vão deixar que um punhado de energúmenos e de malfeitores levem ao descalabro total o nosso glorioso futebol.
Nunca na vida irá acontecer, disso estou convencido, desde que pelo menos se mantenha ou se aumente como seria desejável o número e a duração dos programas dedicados ao futebol dos nossos canais televisivos e, se tal for possível, pois aconselhável é de certeza, com mais jornalistas e mais comentadores, para que a nossa cultura suba um degrauzinho mais...
Às vezes pergunto-me como é possível haver quatro opiniões diferentes em quatro possíveis perante umas imagens passadas mais de vinte vezes...
Consciente de que a ciência não é para todos e que a certeza absoluta só existe na convicção de comentadores e de jornalistas, limito-me a colocar-me no meu devido lugar e agradecer tudo o que esta gente está fazer por todos nós e a bem da nação.
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