Há relativamente pouco tempo deu-se uma greve nos transportes coletivos do Porto. Uns segundos nas televisões e um moita-carrasco dos ministros e dos secretários de estado, como se os utentes e pagantes daqueles transportes não tivessem os seus direitos, que foram prejudicados e não reembolsados pelos serviços já pagos e não utilizados por força da greve.
Ontem mesmo ocorreu uma greve nos transportes coletivos de Lisboa, nomeadamente na carris e no metro, facto que mereceu uns segundinhos na imprensa e mais um moita-carrasco do governo, seus ministros e seus secretários de estado, como se o pessoal não merecesse um olharzito por parte de quem nos governa e nada faz para que os utentes e pagantes continuem a utilizar o transporte já pago.
Noutros lados e noutras atividades ocorreram recentemente greves feitas pelos respetivos trabalhadores como "forma" de defender os seus direitos ou de reivindicar alguns benefícios para melhorar as suas condições de vida.
Houve lugar a intervenções dos ministros e dos secretários de estado ou contra ou a favor destas greves?
Não houve nem tinha que haver, dado que as as greves dizem respeito aos trabalhadores e aos patrões e o governo só deve intervir quando está em causa o interesse nacional e através de mecanismos previstos na lei.
Mas nesta terra há filhos e enteados, há greves e greves, há empresas e empresas, e também há intervenções dos ministros e secretários de estado muito para além do que a lei permite, sempre com um significado profundamente político, contrariando uma das partes em benefício da outra.
Foram dias seguidos de intervenções políticas de membros do governo com ataques permanentes aos grevistas que não quiseram, durante dez dias, pilotar os aviões da transportadora aérea nacional, prejudicando os milhares e milhares de portugueses na diáspora, como se fossem os culpados de todas as desgraças que acontecem neste país.
Estes dias fizeram-me lembrar aqueles outros dos tempos da luta dos trabalhadores dos estaleiros navais de viana do castelo, quando os membros do governo apareciam todos os dias na televisão a denunciar o mau comportamento dos trabalhadores grevistas e dos contestatários.
Nos dois casos atrás citados estavam em causa umas coisinhas sem importância relacionadas com os utentes e pagantes dos transportes coletivos do porto e de lisboa, mas nestes dois últimos casos estavam em causa outros voos bem mais relevantes e mais importantes, como sejam a privatização de duas empresas verdadeiramente estratégicas para a economia nacional, que não podiam continuar nas mãos do estado, porque o estado é um mau gestor…porque sim!
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