Parece que a Administração da Autoeuropa já decidiu, optando por manter os duzentos e cinquenta trabalhadores contratados a prazo, mas "oferece" aos trabalhadores dez dias de "lay-off".
Já corria um abaixo-assinado entre os trabalhadores para reatar as conversações entre a Comissão de Trabalhadores e a Administração, após o plenário daqueles ter chumbado o acordo celebrado entre os representantes do "capital" e do "trabalho".
Já havia muita gente a falar da Autoeuropa desde os mais baixos até aos mais altos incluindo o Presidente da República e o Primeiro-Ministro, pois que nada fazia prever o desfecho do plenário dos trabalhadores da empresa ao votar daquela maneira o acordo entre as partes.
Então a Comissão de Trabalhadores e a Administração da Empresa chegam a um acordo sobre questões altamente sensíveis para ambas as partes e os trabalhadores dão-se ao luxo de o reprovar?
De tal modo a coisa surpreendeu os observadores que não se deram conta da intervenção do Secretário-Geral da CGTP afirmando claramente que as cedências já tinham atingido o limite do razoável e que era altura de os trabalhadores dizerem aos patrões que ainda tinham uma palavra a dizer mesmo depois das deliberações da Comissão de Trabalhadores.
Ninguém prestou a devida atenção, mas para aquele pessoal que não anda obcecado por atacar com tudo o que é possível as personagens do Governo foi claro que ali andava "mãozinha alheia".
Havia que dar a lição ao Bloco de Esquerda e demonstrar que os votos nas europeias não representavam mais que o voto nas europeias e que o poder nas empresas não dependia dos votos obtidos nas europeias e que se tornava imperioso demonstrar que o Bloco de Esquerda não pinta coisa alguma no mundo do trabalho e que os "intelectuais de esquerda" e os descontentes do PS podem ser suficientes para levar o BE ao terceiro lugar, mas não chegam para fazer respeitar as negociações da Comissão de trabalhadores da Europa.
Foram o terceiro partido em número de votos nas europeias, mas foram reduzidos à sua expressão mais simples no mundo do trabalho…
Quem se está a rir do "poder" do Francisco Louçã é, certamente, o "nosso povo"…
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