17.10.25

O rosto tapado

 Sem eu saber nem como nem porquê o tema do "rosto tapado", leia-se "burca", apareceu no espaço mediático e partidário da nossa terra e até foi objeto de legislação adequada, produto de secretíssimas negociações políticas entre os senhores representantes da nação, que culminaram na aprovação de uma lei destinada a proibir o uso do "rosto tapado", leia-se "burca" no espaço público.
De fato, esta terra bendita não tem matéria mais importante que não seja discutir este assunto como se estivesse em causa a segurança nacional incluindo a segurança de todos os portugueses face ao perigo iminente de agressão de um exército de burcas com o objetivo de eliminar este pessoal todo para que as mulheres portadoras de burcas tivessem liberdade de ação para tudo o que lhes apetecesse.
Nunca pensei que os portugueses, crentes nos partidos políticos, ficassem divididos entre esquerdas e direitas face à tomada de posição sobre o uso das burcas, sendo que uns votaram contra e outros votaram a favor.
O que mais me surpreendeu nesta discussão foi o tipo de argumentos utilizados pelos dois lados: a cultura, a religião, a violência doméstica, a liberdade das mulheres, os direitos humanos e mais uma infinidade ao gosto dos discursantes e argumentistas.
Ao fim e ao cabo todos têm razão e todos os argumentos têm a sua validade e permitem tranquilizar os contra e os a favor, deixando-os sem problemas de consciência quanto à matéria de facto.
Estou-me verdadeiramente nas tintas para os argumentos aduzidos prós e contra, mas sou levado a entender que a questão fundamental não está coberta pelos tais argumentos que justificam ou não o uso do rosto tapado em portugal. 
O argumento essencial que deveria ser utilizado por todos na discussão desta matéria não está incluído no rol apresentado pelas duas partes e pode resumir-se desta maneira: o rosto tapado impede, dificulta, ou impossibilita a identificação do usuário, ou não impede, não dificulta ou  não impossibilita a identificação do usuário?
 De qualquer modo, eu não gosto de ver...
 
 
 
 
 

 

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