7.6.22

A entrevista

 Como se fosse o acontecimento mais importante de hoje em todo o universo!!!
Não há canal de televisão que não esteja a passar bocados da entrevista do homem que fez do glorioso o mais glorioso de todos, muito embora o tenha deixado muito pouco glorioso.
A vida sobre a terra não teria significado se não nos fosse dada a oportunidade de ouvir e ver o acontecimento de suprema importância para a resolução dos problemas que enfrentamos no nosso dia a dia.
Em boa verdade: pode afirmar-se sem medo de errar que o futebol significa muita coisa para muita gente e que o desporto em geral está presente todos os dias na vida de milhões de seres humanos.
Mas dedicar horas e mais horas a repetir inúmeras vezes parte uma entrevista dada a um canal de televisão, cujo significado é por demais duvidoso tendo presente que a justiça está metida no assunto, pode entender-se como uma pura manipulação e embuste com que os meios de informação pretendem atingir todo o pessoal.
Não é que o fenómeno desportivo não desempenhe um papel de relevância  em todos os aspetos sociais, económicos e até culturais de uma sociedade.
Mas dedicar tanto tempo, tantos meios técnicos, tantos recursos humanos para trazer até nós uma entrevista que nada significa para muitos espectadores e ouvintes, pode ser considerado um facto de abuso de confiança, de abuso de poder, só possível porque se pretende condicionar e regular os procedimentos de todos aqueles que ainda gostam do fenómeno desportivo.
Qual é a necessidade de uma entrevista normalíssima, mas que pretendia trazer a público alguma porcaria ainda não conhecida, seja objecto de comentários de análises por parte não uma ou duas pessoas, mas de dezenas de especialistas, de analistas, de comentadores desportivos que dedicam grande parte do seu dia a mandar bocas sobre tudo o que acontece dentro e fora de um campo de futebol em todos os canais de televisão!!!
Está bem de ver: o que se pretende não é nada mais de estar presente em tudo o que possa condicionar uma determinada visão sobre o fenómeno desportivo.
Encher os noticiários e programas desportivos de uma simples entrevista só pode significar que a porcaria, a javardice, a intriga, as suspeitas, os segundos sentidos das palavras, as discussões entre entendidos que a nada levam são adubo, o  esterco e os hidratos de carbono que alimentam as paixões dos utilizadores das assentos das bancadas dos recintos desportivos.
Querem dignificar o desporto eliminando dos recintos desportivos a violência só porque o árbitro não assinalou uma falta, não marcou uma grande penalidade, não expulsou um jogador por uma agressão sem sentido, facilitou isto e aquilo?
O remédio santo: seis meses sem análise e comentário em programas desportivos em todos os canais de televisão... 
Fazer a paz e lavar a alma...

 


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