No meio de toda esta trapalhada que gira à volta de Tancos, "dá-me a ideia" que o grande problema do momento é saber-se se o chefe do exército se "demitiu" ou "se foi demitido".
É justo e sensato que assim seja porque está em causa a descoberta da verdade sobre o que aconteceu em Tancos.
Isto é: se o homem se demitiu houve um roubo de armas ou de material de guerra em Tancos; se o homem foi demitido continua a haver um roubo de armas ou de material de guerra em Tancos.
Assim sendo, é do maior interesse para a dignidade da pátria e de todas as instituições civis e militares que se preocupam com o bem-estar da nação portuguesa que se saiba a verdade da demissão.
Depois, mas não sei quando, haverá tempo para que os jornalistas se preocupem verdadeiramente com os factos ocorridos em Tancos e nos arredores da Chamusca e se ponham a investigar a sério tudo o que aconteceu deixando-se de andar permanentemente a mandar palpites e a repetir as mesmas coisas em todos os canais de televisão, sem que sejam capazes de adiantar qualquer coisa nova.
Cá por mim entendo que não será necessário dramatizar tão enfaticamente o sucedido como se estivesse em causa e no horizonte o fim do Estado, a independência de Portugal, a honra e a dignidade do mundo português.
Aconteceu que alguém se deu conta de que faltavam armas e material de guerra num dos paióis situados no perímetro militar de Tancos, desconhecendo-se totalmente como tal tinha acontecido. Vai daí, sai uma guerra, cujo fim não se vislumbra, mas sabemos que todos os dias assistimos a uma enorme saraivada de balas que fazem recochete em todos os canais de televisão, dando trabalho e divertimento a comentadores e jornalistas.
Contudo, também me dá a ideia que a coisa não será assim tão difícil de decifrar; o problema está saber se o interesse no "deciframento" é do interesse de quem deveria ter o interesse.
Nós, que fomos militares, sabemos que naquele dia ou naquela noite em Tancos havia um "Oficial-Dia" e um "Sargento-Dia", militares de serviço com diversas responsabilidades, patrulhas, etc. e tal.
Claro que isto é matéria dos militares, sendo certo que cabe aos militares resolver o problema, esclarecendo tudo e mais alguma coisa relacionada.
A nós, aos civis está reservado o papel de actuar logo a seguir…
Enviado do Correio para Windows 10
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