29.10.18

A pintura

 

Vendo como ma venderam, pelo que nela faço a devida fé.

Uns quantos batiam-se galhardamente pela defesa do seu produto.

Outros tantos empenhavam-se heroicamente a condenar o dito produto.

Outros ainda a dizer que sim, mas…

Outros nem se manifestavam, tão só porque no fim apenas interessa o voto.

Uns quantos afirmando que o produto era o possível e que respeitava os objectivos.

Outros tantos que a coisa não era mais que eleitoralista, que aumentava os impostos, que não respeitava as promessas, que mais do mesmo, que engava o pessoal, que isto e mais aquilo, etc…

Para uns valia a aprovação.

Para outros valia a reprovação.

Cada um à sua maneira fazia valer os seus argumentos, mesmo que alguns fossem contraproducentes e outros tivessem alguma dificuldade em convencer.

Nestas coisas de análise de produtos que são feitos por uns e destinados a todos existe sempre uma margem de injustiça relativa, quando uns são penalizados ou até esquecidos e outros são beneficiados, mesmo que o benefício não seja lá grande coisa.

Por outro lado, estará sempre presente a "posição de princípio", a ter em conta na apreciação da matéria.

Como não tenho qualquer grau de poder de reivindicar seja o que for, já me dou como satisfeito se o benefício não acarretar qualquer prejuízo.

Mas enquanto decorre o evento, vamos tomando conhecimento de algumas situações deveras caricatas e que podem fazer rir o mais sério dos humanos existente à face da terra.

Nunca imaginei que fosse possível uma fotografia de uma  "senhora deputada" a pintar as unhas em pleno plenário da

Assembleia da República durante a apresentação do Orçamento de Estado para 2019.

Nem sei que dizer vindo de onde vem…

 

Enviado do Correio para Windows 10

 

21.10.18

O serviço público

 

Achei muita piada a uma observação de um comentador de futebol a propósito da transmissão do jogo entre o

Sertanense e o Benfica para a Taça de Portugal classificando-a como "serviço público".

O mesmo aconteceu a quando da transmissão do jogo de futebol entre o Loures e o Sporting, igualmente para a Taça de Portugal.

Nós, os que andamos por aí a escutar estas e outras coisas quejandas, não sabíamos que o serviço público de rádio e de televisão era da responsabilidade da RTP e não de qualquer outro canal de rádio ou de televisão…

Não fazíamos a mínima ideia que fosse possível classificar de "serviço público" a transmissão por um canal privado e do cabo do jogo de futsal da selecção portuguesa de sub 19 realizado na Argentina por ocasião dos jogos olímpicos da juventude.

Neste jogo de futsal estava em disputa a medalha de outro e a medalha de prata, tendo a nossa selecção, isto é, a selecção de Portugal e ainda a selecção de todos os portugueses saída vitoriosa com a medalha de ouro ao peito para dizer ao "serviço público de televisão", que estiveram na Argentina a participar nos Jogos Olímpicos da Juventude em representação de Portugal e que foram esquecidas por quem deveria estar presente…

O "serviço público de televisão" esqueceu-se do acontecimento ou não lhe deu a importância suficiente para ser considerado "serviço público".

Por coisas bem menos graves já se verificaram despedimentos e demissões de cargos e lugares do "serviço público".

Contudo e como os trabalhadores da RTP não se consideram "funcionários públicos", apesar de serem pagos pelo orçamento do estado e pelas taxas dos utilizadores de contadores de energia, sentem-se acima de qualquer suspeita, que nos leve a pensar que não são os únicos com dever de prestar um "serviço "público"… como é o caso da utilização do 960… e do prémio  em cartão…

Se fosse só isto...

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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17.10.18

A demissão

No meio de toda esta trapalhada que gira à volta de Tancos, "dá-me a ideia" que o grande problema do momento é saber-se se o chefe do exército se "demitiu" ou "se foi demitido".

É justo e sensato que assim seja porque está em causa a descoberta da verdade sobre o que aconteceu em Tancos.

Isto é: se o homem se demitiu houve um roubo de armas ou de material de guerra em Tancos; se o homem foi demitido continua a haver um roubo de armas ou de material de guerra em Tancos.

Assim sendo, é do maior interesse para a dignidade da pátria e de todas as instituições civis e militares que se preocupam com o bem-estar da nação portuguesa que se saiba a verdade da demissão.

Depois, mas não sei quando, haverá tempo para que os jornalistas se preocupem verdadeiramente com os factos ocorridos em Tancos  e nos arredores da Chamusca e se ponham a investigar a sério tudo o que aconteceu deixando-se de andar permanentemente a mandar palpites e a repetir as mesmas coisas em todos os canais de televisão, sem que sejam capazes de adiantar qualquer coisa nova.

Cá por mim entendo que não será necessário dramatizar tão enfaticamente o sucedido como se estivesse em causa e no horizonte o fim do Estado, a independência de Portugal, a honra e a dignidade do mundo português.

Aconteceu que alguém se deu conta de que faltavam armas e material de guerra num dos paióis situados no perímetro militar de Tancos, desconhecendo-se totalmente como tal tinha acontecido. Vai daí, sai uma guerra, cujo fim não se vislumbra, mas sabemos que todos os dias assistimos a uma enorme saraivada de balas que fazem recochete em todos os canais de televisão, dando trabalho e divertimento a comentadores e jornalistas.

Contudo, também me dá a ideia que a coisa não será assim tão difícil de decifrar; o problema está saber se o interesse no "deciframento" é do interesse de quem deveria ter o interesse.

Nós, que fomos militares, sabemos que naquele dia ou naquela noite em Tancos havia um "Oficial-Dia" e um "Sargento-Dia", militares de serviço com diversas responsabilidades, patrulhas, etc. e tal.

Claro que isto é matéria dos militares, sendo certo que cabe aos militares resolver o problema, esclarecendo tudo e mais alguma coisa relacionada.

A nós, aos civis está reservado o papel de actuar logo a seguir…

 

 

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14.10.18

As notas

 

Apenas quatro notas sobre temas da actualidade, apesar do tempo que já lá vai:

 

Primeira: Talvez tenha chegado o momento de prestarmos mais atenção ao que, com alguma frequência e em determinadas épocas do ano, acontece ali para os lados das caraíbas e costa leste dos estados unidos. Sempre que acontece um evento meteorológico de trágicas dimensões, temos a tentação de pensar ou de imaginar que estamos devidamente resguardados de coisas semelhantes. Não é bem assim. E quando se anunciava que a coisa se dirigia para sul trazendo água abundante e ventos fortes alguém terá pensado que o Alentejo ia ter uma boa rega, mesmo que fosse para o galheiro alguma coisa de relativa importância. Ao fim e ao cabo, com água tudo se faz… mas não se aguenta uma repentina mudança de direcção seja do que for, tanto mais que as previsões do que aí vinha mereciam muita atenção e muito cuidado.

 

Segunda: Quando se pedia a cabeça do ministro da defesa por tudo e mais alguma coisa relacionado com o roubo e posterior devolução de material de guerra, eis que o primeiro resolve fazer uma remodelação governamental envolvendo quatro ministros e os consequentes secretários de estado, causando a maior surpresa pelo inesperado da situação. Quem se atreve a fazer uma remodelação ministerial e secretarial sem mandar uns zunzuns para a imprensa, para que esta tenha a possibilidade de mandar os seus palpites, alguns dos quais poderiam estar certos? Isto não se faz aos nossos adorados jornalistas, o que se pode e se deve considerar uma grande desconsideração.

 

Terceira: A remodelação governamental mandou para casa quatro ministros, um esperado a todo o momento, outro desejado por muitos e dois fora das previsões.

Curiosamente permanece o ministro da educação, cuja cabeça, tronco e membros são pedidos desde a sua nomeação. Porque será…?

 

 

Quarta: Apesar dos enormes prejuízos materiais causados pela passagem da tempestade tropical pelo centro do território continental, pode dizer-se que  nos deu a oportunidade de conhecermos mais uns quantos reporteiros dos nossos canais de televisão que nos concederam a rara oportunidade de apreciar a qualidade do português, principalmente na utilização sempre oportuna e em divido tempo do "então" e do "também", transmitindo a todos nós a convicção de que estamos perante guardas e salvadores da língua portuguesa. Não me esqueço dos "ash" e dos "osh", quando as palavras terminam em "as" "os"…

 

 

 

 

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12.10.18

A tropa

Sempre fui de opinião que  no dia em que foi conhecido o roubo de material de guerra dos paióis de Tancos Suas Excelências o Ministro da Defesa e o Chefe do Estado Maior do Exército deveriam ter apresentado a sua demissão ou terem sido demitidos imediatamente.

Os ilustres donos da verdade, os ínclitos portugueses fazedores, donos e senhores da opinião pública, conservadores e guardiães supremos da verdade, da ética e dos bons costumes formularam as suas opiniões, mas rapidamente esqueceram o assunto, porque outras coisas surgiram de maior interesse para as vendas e para as audiências.

Ainda se ouviu alguma voz a pedir as tais demissões, dada a gravidade da ocorrência, mas como não foi roubado qualquer avião, nem desapareceu qualquer submarino, nem ocorreu qualquer tragédia com a tropa destacada em missões internacionais, a coisa não teve grandes desenvolvimentos.

Mas o destino protege os audazes e os deuses não querem que falte nada aos jornais, às rádios e às televisões para cumprirem abnegadamente a sua suprema  missão de aculturar o pessoal cá do burgo.

Parte do material de guerra roubado e mais algum apareceu, como quem não quer a coisa, e foi levado para os destinos ocultos que lhe são reservados.

Foi um vendaval, não, foi um furacão de nível vinte que varreu a imprensa portuguesa.

Que sabia; que não sabia; se não sabia que devia saber; que devia isto; que devia aquilo; estava tudo; não estava tudo; que recebeu; que não recebeu; um desmente; outro diz que sim; quem mentiu; quem diz verdade…

Mas qual verdade?

O que importa é que o ministro não tem condições para ser ministro, pelo que…

O homem foi embora…

À falta de melhor, perguntou um inteligente a outro inteligente: porquê agora?

Mas não era o que queriam?

Contudo a coisa ainda não acabou.

É que ninguém sabe como foi o roubo, nem como foi o achamento…

Já se vai dizendo que se trata de um assunto dos militares e deve ser resolvido pelos militares.

Por mim tudo bem, mas já agora gostava de saber o que realmente aconteceu e se os militarem não se importarem muito e se não der muito trabalho, com pjm,  com pj ou só com uma ou só com outra, venha de lá a tal informação que os donos e senhores da verdade ainda não descobriram.

Certamente porque não é matéria de segredo de justiça, da responsabilidade de…

 

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