16.2.18

Os milhões

Nos últimos dias circularam algumas notícias dando conta das actividades do nosso sistema bancário, isto é, de alguns dos bancos instalados em território português.
E não foi pouco.
Foram cobrados cerca de 100 milhões de euros em comissões.
Os lucros dos maiores rondaram os setecentos milhões.
Parece que a coisa está a voltar aos melhores tempos dos bancos.
Contudo, também circulavam notícias sobre os dois mil trabalhadores que deixaram o seu posto de trabalho num qualquer banco a actuar em Portugal.
Encerraram duzentas e sessenta e nove agências instaladas neste cantinha à beira-mar plantado que serviam e se serviam da guita do pessoal que confiava cegamente nos seus bancários.
Não sei quantos milhares de utentes do sistema bancária já não entram numa agência para tratar dos seus assuntos relacionados com pagamentos e levantamentos, porque recorrem aos seus meios informáticos para se substituírem ao pessoal bancário e porque são portadores dos seus cartões de débito e de crédito para milhentas operações financeiras e comerciais.
E tudo isto sem quaisquer custos para o sistema bancário.
Mas o sistema comporta-se como o monstro das sete cabeças que tudo devora à sua volta nada deixando para trás sem o devido tratamento.
E vai daí toca a aumentar o montante das várias comissões já em vigor e a criar outras para que nada se deixe ao cuidado dos utentes do sistema.
Querem ter uma conta no sistema bancário? Que paguem por ela.
Querem fazer pagamentos por cheques? Que paguem por eles.
Querem utilizar cartões de débito e de crédito? Aí vai a anuidade e mais alguma comissão.
Querem utilizar o seus meios informáticos para gerir a sua conta bancária? Não há problema, mas têm de pagar, apesar de libertarem o banco dos respectivos custos por atendimentos nos balcões da rede bancária.
Nunca entendi a história das taxas de juro negativas que os investidores pagam para comprar dívida pública, mas se prestarmos um pouquinho de atenção ao que vai acontecendo nas nossas relações com o sistema bancário rapidamente chegamos à conclusão que os pagamentos que fazemos por uma conta bancária onde temos a guita que ainda não gastamos têm o mesmo significado que as taxas de juro negativas.
Pagamos para que os senhores continuem a ser os senhores...
O nosso grande problema é que os os colchões já não são o que eram...



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