Venho aqui manifestar a minha admiração pelo sentido ético e vertical do crânio encarregado da venda do novo banco.
Parece que o homem não vai ganhar trinta mil euros, como referi anteriormente fazendo-me eco dos títulos da imprensa, mas apenas a módica quantia de vinte e cinco mil, sem direito a complemento e sem usufruto de popó, dado que o contrato é de doze meses.
Fiquei muito satisfeito pelo facto do contrato durar apenas doze meses, porque se trata de um claro sinal que o cérebro vai vender o banco neste período de tempo, não havendo renovação ou prolongamento do prazo estabelecido.
Se esta eminente criatura for capaz de "vender" o banco no prazo de um ano sem o entregar ao desbarato a um qualquer grupo estrangeiro, ficaríamos eternamente agradecidos pela sua infinita e incontestada capacidade de resolver graves problemas que ninguém foi capaz de solucionar sem entrar nos bolsos dos contribuintes.
Certamente que todo o pessoal daria por bem empregue o montante que o génio vai receber pelo período de um ano.
Mas as coisas já não estão a correr de feição: os tipos da caixa geral de depósitos já estão a fazer barulho só motivados e impulsionados pela inveja por alguém se ter lembrado que o homem predestinado para vender o novo banco estava mesmo ali à mão de semear sem qualquer necessidade de olhar para os stocks que por aí andam.
Que diferença faz àqueles senhores da caixa geral de depósitos que este senhor, que é da família, tenha sido contratado para entregar o novo banco a um qualquer grupo chinês?
Terão pensado, como eu pensei, que por vinte e cinco mil euros ao mês, mesmo sem complementos, sem prémios e sem popó, qualquer um o poderá fazer, depois de serem lá colocados mais umas centenas de milhões de euros, encerradas umas dezenas de agências e postos na rua um milhar de trabalhadores, sem que tenha a mínima importância a sua origem: se dos bancos acionistas do fundo de resolução, se do orçamento direta ou indiretamente.
Não fico com a mínima dúvida que este cérebro será capaz de levar a água ao seu moínho com uma perna às costas, se se tiver presente o que ele fez com empresas públicas da área dos transportes e etcetera e tal, sempre na sagrada salvaguarda do interesse público.
E fica dito: não são trinta mil, mas apenas vinte e cinco mil.
Que tenham paciência os invejosos, porque deles não será o reino das privatizações...