3.6.15

Não é aldrabão

Pela amostra que os nossos canais de televisão nos têm dado nas últimas semanas vai ser o bom e o bonito daqui para a frente até aos dias das próximas eleições legislativas.
Em tudo o que for jornal ou telejornal ou jornal da tarde ou da manhã ou da noite e em tudo o que for parecido com programas de notícias e comentários políticos lá teremos o inefável primeiro e o rugoso segundo e talvez alguns terceiros de quarta categoria para nos dizerem que vivemos no melhor dos mundos.
Pelo que a mudança, para além de ser injusta para quem salvou a nação da fome e da miséria e da muito conhecida e apregoada bancarrota, só pode premiar quem trabalhou arduamente para salvar o que restava deste miserável país, tornando os portugueses ainda mais pobres.
Os deuses não cometem erros e cá estarão todos os canais de televisão para nos dizerem a qualquer hora do dia e da noite que quem merece deve ficar e quem não merece não pode entrar, sendo certo que os bons serão sempre os bons e os maus nunca deixarão de o ser, mesmo que sejam vermelhos.
Estou mesmo a ver o que se vai passar: a bancarrota está ali atrás da porta para quem vier, se não forem os já cá estão, porque estes passaram o tempo todo a limpar a porcaria que os outros fizeram e agora esperam ter tempo e oportunidade para acabar com o resto.
Vou sentir uma alegria enorme quando passar a fazer ainda mais zapping do que agora, convencido de que estou a salvaguardar a minha saúde mental, sacrificando um pouco a quantidade de informação tendenciosa, mas mesmo assim, alguma informação com demagogia pelo meio.
Entendo tudo isto, mas o que não sou capaz de entender e compreender é o discurso do ministro com aspecto de sacristão  e atitude de anjo das procissões portadores de lanternas, quando nos vem com aquela coisa da descida do valor da factura da água para os portugueses residentes no interior deste encantador País.
Apeticia-me mandar-lhe as facturas da água dos meses de março e de abril de um concelho do interior profundo para que o seráfico senhor com os óculos à jesuíta tivesse presente as alterações verificadas e pudesse atestar, sem se rir, que não é aldrabão.

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