28.5.14

Tudo na mesma

Afinal de contas, continuamos todos na mesma: tiveram lugar as eleições para o parlamento europeu com os resultados conhecidos e tudo segue com as velas desfraldadas beneficiando ou aproveitamento os ventos elísios...
Parece que os resultados eleitorais dos diversos partidos e agrupamentos políticos em todos os países que integram a união europeia pouco ou nada importam para os actuais governos, como se todos tivessem saído airosamente e com vitórias históricas ou menos históricas ou apenas vitórias de pirro.
É estranho que apenas tivéssemos tido conhecimento de umas quantas declarações de políticos dos governos da união no sentido de que os resultados eleitorais deveriam ser tidos em conta para que os problemas suscitados fossem resolvidos.
Até parece que só agora se entendeu que os programas de austeridade indispensáveis para a luta contra o défice orçamental e contra a dívida pública de todos os países merece uma atenção que vai em sentido contrário ao rumo tomado até aqui.
Até parece que todos os políticos de todos os governos que impuseram aos seus cidadãos estas políticas de vara pau e de chicote estão totalmente inocentes e não sabiam que estavam a escravizar meio mundo a favor de um meia dúzia de iluminados que sempre viveram por conta da miséria e da desgraça alheia.
Até parece que a aceitação de que a austeridade não é caminho para o progresso e para o desenvolvimentos dos povos já é de si um pedido de desculpas e concessão de perdão para toda a porcaria que se tem feito por essa europa fora.
Até parece que todos os inteligentes destes países europeus nem sequer pensaram uma única que vez que os seus procedimentos não iam beneficiar os cidadãos nem iriam resolver os problemas que pretendiam debelar.
Até parece que a união europeia tem uns quantos que sabem tudo e tem uma grande maioria que nem governar-se a si mesma sabe e deseja.
Afinal de contas tudo o que se passou nestes cinco anos não redundou em proveito da grande maioria dos cidadãos e muito menos serviu as economias de cada um dos países.
Afinal de contas para que se serve esta união europeia senão para manter uns tantos lá no alto e a grande maioria a trabalhar para eles e a tentar sobreviver sob o peso do poder e da sabedoria.
Afinal de contas para que se quer a união europeia se a convergência é cada vez mais um mito e a divergência é cada vez mais uma realidade.
Afinal de contas para que se quer uma moeda única se a união bancária está cada vez mais longe e cada vez mais afastada de uma hipótese de concretização a curto ou até mesmo médio prazo.
Afinal de contas para que se quer uma união europeia se nela não encontramos dois países que tenham as mesmas leis que regulamentam a carga fiscal das empresas e dos cidadãos.
Afinal de contas como é possível uma união europeia que tenha no seu seio uns quantos paraísos fiscais totalmente fora de controlo dos governos quer da união quer dos países que a integram.
Talvez que os resultados desta eleições para o parlamento europeu possam ter como resultado prático e programático de iniciar a abordagem e discussão de alguns dos problemas básicos indispensáveis para que se possa continuar a pensar que existe na Europa uma União Europeia, digna da confiança e merecedora do respeito dos milhões de cidadãos que acreditam que os milagres acontecem.
Quem está a perder o sentimento de pertença a uma união política e económica pouco interesse tem em discutir se as vitórias são de pirro ou se representam tão só uma posição de princípio determinado por uma percentagem ou por um número absoluto.
A verdade é que todos temos consciência que os poderes instituídos nos países da união europeia levaram uma tareia, pouco importando se as vitórias foram históricas ou se apenas foram vitórias sem merecimento de um copo de vinho por mais ordinário que fosse...

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