Andava eu muito preocupado em levantar umas grandes barreiras contra a invasão da propriedade material, intelectual, pessoal e imaterial, quando fui surpreendido por um enorme buraco que permitia todas e mais algumas das violações possíveis que andam por aí sem respeito por quem quer que seja.
Apesar de não termos grandes hipóteses de encontrar um esconderijo bem escondido para evitar que seja observado por tudo e por todos ou que me seja dada a oportunidade de não aparecer onde não quero aparecer e não ser olhado por quem tenho receio de alguma "vendetta", começo a pensar que isto não é possível e que tenho de sujeitar-me às normas e às regras definidas por quem as define ao serviço da comunidade e não do indivíduo.
Está bem de ver que isto não representa mais do que a vida coletiva que nos está sendo imposto, pois que não estamos em condições de pensar ser conveniente ou até possível viver numa cabana lá no deserto mesmo que seja sem amor.
Parece que começamos a estar fritos de verdade para evitar escrever uma palavra mais vernácula, apesar de representar e significar bem melhor o ponto da situação e todos os nossos sentimentos.
Andava eu a pensar que me livrava de ser contemplado com as ofertas, com as promessas, com as ideias, com os ditos , com as esperanças, com as convições, com as políticas, com os desejos, com os actos do coelho acabado de ser eleito para mandato como presidente do clube dele, mas enganei-me miseravelmente e caí na esparrela de ouvir umas vozes celestiais e melífluas que me chegaram aos ouvidos como que provindas do espaço etéreo e como se tivessem sido mandadas por ANJOS E ARCANJOS PARA ALÉM DE TODOS AS VIRGENS que habitam os espaços celestiais de todos os universos ,mesmo dos universos paralelos.
Falava-se da social democracia, que já tudo estava melhor, que as exportações, que os capitalistas portugueses já investiam o seu dinheiro na criação de novos empregos, que os capitalistas já estavam a trazer para Portugual o dinheiro que tinham levado de Portugal, que as dívidas das empresas já estavam a ser pagas, porque os paraísos fiscais já não aguentavam mais capitais portugueses; que os bancos estavam a nadar em dinheiro que já se destinava comprar dívida pública mas e a pagar a sua própria dívida e a entrar na economia financiando novas fábricas e a criação de novos postos de trabalho, que já não havia novos despedimentos, que o serviço nacional de saúde já estava de saúde porque já não tinha dúvidas e até que os salários já estavam a ser aumentados mesmo contra o pensamento dos nossos ditadores, que a coisa estava a mudar tão rapidamente que os coelhos trabalhadores já estavam em vias de extinção e os coelhos da engorda estavam cada vez mais gordos, prometendo muitos e bons anos de trannsquilidade e de paz para estas bandas, mesmo que os contras se mordam de inveja.
Ainda não é desta, porque a vida é assim.
Há muita gente que gosta de levar em qualquer sítio desde que a dor se suporte e outros ainda não estão em condições de virar tudo de pantanas até que tudo se transforme de vez.
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