23.10.06

Político-partidários

Já que comecei esta coisa, não convém que a deixe sem qualquer justificação. Mas como não tenho qualquer justificação para a deixar, não a deixo e continuo a deixar algumas observações sobre factos e circunstâncias a vida quotidiana do burgo. Vai havendo matéria que baste para, de vez em quando, envolver alguns minutos neste modo de escrita…

Fiquei muito preocupado, senão surpreendido, pela notícia sobre a suspensão do mandato de um deputado: fora nomeado presidente de uma grande empresa portuguesa (?) produtora cervejas, deduzindo-se que não poderia acumular o seu mandato de deputado com esta nova (?) situação profissional. Certamente que a diferença de ordenado justificava perfeitamente o abandono do exercício de tão elevadas funções políticas para as quais fora eleito por uns quantos milhares de portuguesas que nele confiaram…

Mas o estranho foi a justificação apresentada: motivos político-partidários. Assim, sem vergonha, sem moral, sem ética, sem respeito…

Eu não sabia e agora fiquei a saber que essa história dos motivos político-partidários para tudo e para mais alguma coisa continua a justificar a mais incríveis razões para aldrabar o pessoal… É!!! Sempre ouvi dizer que a vergonha era verde e que veio o burro e comeu-a…

Continuei a ficar surpreendido, mas desta vez não preocupado por um secretário de estado ter dito qualquer coisa relacionada com a culpa dos consumidores pelos preços da energia eléctrica. Nunca me tinham dito nada sobre tal responsabilidade, mas acredito piamente no que toca à minha quota-parte de responsabilidade. Provavelmente consumi demasiada energia eléctrica, quando deveria ter tido mais cuidado e ser mais poupadinho…

Para mim, tudo bem. Só não percebo por que é que, depois de um dia mau para o tal secretário de estado, ele não teve um dia bom para apresentar a sua imediata demissão…

Afinal está tudo bem: para uns os motivos político-partidários justificam a pouca vergonha; para outros os dias maus desculpam as asneiras.

A vergonha era verde…

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