8.3.24

Foram feias

 Estão a chegar até mim os ecos da farra dos últimos dias da campanha eleitoral para as legislativas de dez de março.

Vou ter à minha disposição cerca de vinte e quatro horas de descanso para os meus olhos e para os meus ouvidos, durante as quais não terei oportunidade de ver e ouvir as vozes, os gritos, as promessas de tudo e de mais alguma coisa, tudo ao serviço do bem-estar do povo.

Durante cerca de vinte e quatro horas vou ser privado de me regalar com as promessas mais incríveis que poderiam mudar o sentido da minha vida, oferecendo-me mais pensão, colocando um médico e um enfermeiro a cerca de cinquenta metros da minha residência, produtos sem iva no supermercado a dispensa cheia de coisas boas e deliciosas por tuta e meia, combustíveis ao preço a uva mijona, internet de borla, impostos suaves como suave são os flóculos da neve que vai caindo por estes dias, etc...

Um sem número de coisas boas que terei à minha disposição a partir do dia dez de março com as quais nunca sonhei e sempre estiveram longe das minhas necessidades que dentro de muito pouco tempo vão desaparecer por completo.

Vai ser uma vida boa, mas principalmente vai ser uma nova vida sem problemas para toda a gente mesmo para todos aqueles a quem falta um emprego, uma casa, um médico de família, um centro de saúde com todas as valências incluindo as urgências durante as vinte e quatro horas do dia...

Vão ser uns tempos de vacas gordas onde nada vai faltar incluindo professores na escola pública e médicos e enfermeiros nos hospitais públicos e privados, que nos vão prestar todos os serviços e assistências sem necessidade de desembolsar um cêntimo que seja...

E tudo isto à custa do trabalho e do empenho dos craques que apareceram na campanha vindos de outra dimensão, onde gozavam a vida ganha noutros tempos das vacas gordas à custa da seiva do povo...

Vou ter saudade de alguma coisa destes tempos próximos passados: das aldrabices, das bujardas, das malandrices, das mentiras, das meias verdades, das ofensas pessoais, das aldrabices, das maledicências, da pouca vergonha, e até de algum bom senso que surgiu inadvertidamente por parte de alguns intervenientes no processo e na festa de arromba que foram estes dias agora passados...

Algumas bocas foram feias... e quem as proferiu não merece respeito e consideração...

Na manhã de segunda-feira alguns vão acordar, esperando eu que a festa devolva a cabeça fria a muitos que a perderam sem saber o que se estava a passar...

 


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