11.3.24

Quem te viu

 Aí estão o resultados "quase" finais e o cântico da vitória e a tristeza da derrota ocorreu já no final do dia, quando ninguém se atrevia a pronunciar-se sobre o vencedor.

Mas aconteceu e finalmente muitos portugueses puderam ir para onde é habitual irem quando acaba um dia de trabalho.

Alguns foram tristes, outros alegres, outros ainda semi contentes e finalmente uma boa maioria tinha-lhe saído a sorte grande pelo que tiveram muita dificuldade em adormecer tranquilamente, mas a vida é assim: sempre que há motivo de tristeza, certamente que para outros haverá razão de alegria.

O problema vai ser agora, pelo que a farra e o regabofe de comentadores, de analistas, de especialistas, de  adivinhos e de jornalistas vai continuar durante os próximos meses, dando cada um a sua leitura dos resultados e a sua visão do próximo futuro, quanto aos possíveis ministeriáveis, à formação do novo governo,  à sua sustentabilidade e à sua duração...

As televisões vão continuar a gastar uma pipa de massa com tantos comentares, tantos analistas e tantos especialistas como nunca se viu, mas a guerra das audiências tudo justifica à pala do dever de informação, mesmo que muita seja manipulada e comprometida descaradamente.

Mas é o que temos e o que vamos ter, pelo menos, nos próximos seis meses...

Entretanto haverá milhentas formas de ler e comentar os resultados, de atribuir responsabilidades por isto e por aquilo, bem como preparar o enterro para uns quantos intervenientes no processo eleitoral.

Ao fim e ao cabo entre mortos e feridos algum há-de escapar para ter uma próxima oportunidade de alegria ou de tristeza...

Por mim já o disse várias vezes: desde que não me cortem na pensão... 

Meu pobre ALENTEJO, quem te viu e quem de vê...

 

9.3.24

Por enquanto

 Ele não dá ponto sem nó, pelo que todo o pessoal envolvido na campanha eleitoral e em todo o processo da eleição dos duzentos e trinta deputados no próximo dia dez de março deveria ter consciência do significado da boca mandada para o ar no último dia da campanha.

Quem pensou que estava a dizer que os indecisos tinham que deixar de ser indecisos para passarem a manifestar-se com a sua presença nas mesas de voto; quem lhe passou pela cabeça que estava a dizer para não votarem no espalha brasas; quem pensou que estava a manifestar a sua opinião para dizer que são estes e não outros os candidatos que vão a votos, conforme os resultados finais, deve andar a dormir e a estar com pouca atenção para deslindar o sentido obscuro da intervenção efetuada.

Por mim, que não me encontro no grupo dos indecisos e tão pouco me situo na zona da intervenção efetuada, tenho uma leitura ligeiramente diferente da que deram a entender as manifestações de desagrado por parte de alguns comentadores e até de alguns candidatos a deputados.

O homem terá pouco interesse em preocupar-se para onde vão os indecisos e provavelmente terá mais propensão a que fiquem sentados no sofá a ver o que vai suceder mesmo sem o seu voto por se entender que são descontes com a política e com os políticos , pois cá por mim o que mais lhe interessa e sempre interessou desde que dissolveu a assembleia da república foi dar um sentido e uma orientação que venha a contemplar uma determinada zona bem determinada do espetro político concorrente ao preenchimento maioritário dos assentos na assembleia da república.

Digam tudo o que tenham a dizer, comentem tudo o que tenham a comentar, informem tudo o que tenham de informar, analisem tudo o que tenham a analisar: no fim vão dizer-me candidamente que não tenho o direito nem sequer a capacidade de penetrar nos pensamentos e nas ideias de quem quer seja e muito menos  nos pensamentos e nas ideias de tão ilustre figura. Mas...

Para mim está encontrada a figura e a personagem de toda a campanha eleitoral que terminou...

Por enquanto...

E já agora aqui vão os resultados: só um partido é que perde verdadeiramente, um outro talvez e todos os outros ganham...

8.3.24

Foram feias

 Estão a chegar até mim os ecos da farra dos últimos dias da campanha eleitoral para as legislativas de dez de março.

Vou ter à minha disposição cerca de vinte e quatro horas de descanso para os meus olhos e para os meus ouvidos, durante as quais não terei oportunidade de ver e ouvir as vozes, os gritos, as promessas de tudo e de mais alguma coisa, tudo ao serviço do bem-estar do povo.

Durante cerca de vinte e quatro horas vou ser privado de me regalar com as promessas mais incríveis que poderiam mudar o sentido da minha vida, oferecendo-me mais pensão, colocando um médico e um enfermeiro a cerca de cinquenta metros da minha residência, produtos sem iva no supermercado a dispensa cheia de coisas boas e deliciosas por tuta e meia, combustíveis ao preço a uva mijona, internet de borla, impostos suaves como suave são os flóculos da neve que vai caindo por estes dias, etc...

Um sem número de coisas boas que terei à minha disposição a partir do dia dez de março com as quais nunca sonhei e sempre estiveram longe das minhas necessidades que dentro de muito pouco tempo vão desaparecer por completo.

Vai ser uma vida boa, mas principalmente vai ser uma nova vida sem problemas para toda a gente mesmo para todos aqueles a quem falta um emprego, uma casa, um médico de família, um centro de saúde com todas as valências incluindo as urgências durante as vinte e quatro horas do dia...

Vão ser uns tempos de vacas gordas onde nada vai faltar incluindo professores na escola pública e médicos e enfermeiros nos hospitais públicos e privados, que nos vão prestar todos os serviços e assistências sem necessidade de desembolsar um cêntimo que seja...

E tudo isto à custa do trabalho e do empenho dos craques que apareceram na campanha vindos de outra dimensão, onde gozavam a vida ganha noutros tempos das vacas gordas à custa da seiva do povo...

Vou ter saudade de alguma coisa destes tempos próximos passados: das aldrabices, das bujardas, das malandrices, das mentiras, das meias verdades, das ofensas pessoais, das aldrabices, das maledicências, da pouca vergonha, e até de algum bom senso que surgiu inadvertidamente por parte de alguns intervenientes no processo e na festa de arromba que foram estes dias agora passados...

Algumas bocas foram feias... e quem as proferiu não merece respeito e consideração...

Na manhã de segunda-feira alguns vão acordar, esperando eu que a festa devolva a cabeça fria a muitos que a perderam sem saber o que se estava a passar...