8.7.15

O debate do estado

De vez em quando, o esquecimento de um facto qualquer  ou de uma acção programada é razão fundamental para atribuirmos à nossa cabeça a cómoda situação de não fazermos o que poderíamos ou deveríamos fazer.
Foi o que hoje me aconteceu.
Esqueci-me, pura e simplesmente, de que era o dia do último debate sobre o estado da nação (?) antes das próximas eleições legislativas.
Suponho que terei perdido uma rara oportunidade de ouvir e ver uma discussão sobre a verdadeira política portuguesa com uma abordagem realista e séria das soluções para os problemas de uma boa maioria de portugueses.
Suponho que tenha desperdiçado a minha última oportunidade de entender o que se passa com a nação e vislumbrar qualquer coisinha do que nos pode acontecer nas e após as eleições.
Suponho que o meu esquecimento terá sido motivado e justificado por uma certa dor que tenho andado a sentir sobre o meu ombro esquerdo, sem pretender culpar quem quer que seja das causas e dos motivos da minha grave falta e falha.
Contudo, não posso entender que o meu esquecimento tenha sido motivo de discussões intracraneanas por parte de alguns deputados, pois ainda continuamos a pensar que há liberdade de ver e de ouvir quem e o quê está a passar nos canais de televisão, quer públicos quer privados, mas ainda assim, canais de televisão totalmente livres de orientações e pressões políticas.
Não posso deixar de lamentar o esquecimento, voluntário ou involuntário, do último debate do estado da nação, pois uma oportunidade desta natureza não vai ocorrer nos próximos quatro meses, pelo que estarei privado de ver e ouvir todos aqueles que, antes ou agora, são responsáveis pela minha qualidade de vida, apesar dos baixos juros praticados pelos credores, do aumento da dívida pública, dos cofres cheios de dinheiro para devolver, da carga fiscal e, finalmente, da esperança de que um dia, lá para os anos de dois mil e cem, os portugueses (?) consigam pagar alguma coisa do que agora se deve.
Apesar disto, acho agora que não tinha o direito de perder a audição e a visão do brilhantismos das intervenções de uns quantos políticos que se entendem donos e senhores da verdade, quando a mentira e a manipulação está sempre presente com a clara intenção de purificar as ideias de uns tantos desgraçados, que não reconhecem, ou não querem reconhecer os méritos e os sacrifícios de quem serve o bem público.
E ninguém me diga que a esperança é a última coisa a perder, mesmo depois da perda da dignidade.
PS.
Durante a transmissão da volta à França em bicicleta, de que não me esqueci, tive a oportunidade de contemplar imagens dos "memoriais e cemitérios" aos e dos mortos da primeira grande guerra.
Que descansem em paz todos aqueles que já foram!


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