Passaram cinco meses certinhos desde o dia em que me implantaram uma prótese orgânica em substituição da válvula da artéria aorta, processo que decorreu com toda a normalidade, até que, decorridos que foram vinte e sete dias, regressei ao hospital para mostrar o que me parecia ser uma anomalia na costura efectuada na intervenção cirúrgica.
Desde esse dia, decorreram quatro meses certinhos durante os quais andei a caminho do hospital uma, duas, três vezes por semana para tratar da ferida e mudar o penso.
Foi-me dito, por diversas vezes, que o problema deveria estar relacionado com a rejeição de um fio de aço de que resultou a sua extracção, bastando cerca de quinze dias para terminar o martírio da alergia ao adesivo dos pensos.
Passados que foram cinco meses entre intervenção cirúrgica, período pós-operatório, remoção dos agrafos e tratamento das feridas, vejo-me a pensar que o sistema de saúde e o subsistema de saúde, que me protegem, ainda não me apresentaram uma única factura relacionada com a dita intervenção cirúrgica, com as análises e radiografias efectuadas, outros exames complementares e consultas e ainda todos os actos de enfermagem, processo que deverá ter custada uma pipa de massa, que eu não tinha a mínima capacidade de suportar.
Será que isto faz parte do "estado social"?
Será que anda alguém a pensar que tudo isto não tem razão de ser e que pode estar em causa?
Será que tudo isto está em risco?
Será que não mereço isto?
Será que não merecemos isto?
Ao fim e ao cabo, agradeço pura e simplesmente o que fizeram por mim.
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