3.1.14

A vingança

Uma destacada e reputada comentarista da área do maior partido do poder dizia não entender a política do governo para com os reformados e pensionistas mostrando-se profundamente magoada com as medidas já tomadas tendo por alvo os funcionários públicos e os aposentados, às quais se vão somar estas agora anunciadas em substituição da chumbada convergência das pensões.
Não há muita coisa para entender na política do governo para com os aposentados se tivermos presente a fúria com que se atirou aos funcionários públicos, aos pensionistas e aposentados com vista ao ajustamento das contas públicas e à redução do défice para níveis impostos pelos nossos donos e senhores.
Ficou logo patente que tudo se ia resumir ao corte das despesas e ao aumento das receitas, sendo que naquelas estavam incluídas as reduções dos salários e pensões e nestas o aumento de taxas e de impostos, o que para os pagantes é tudo a mesma coisa. 
A política desta gente reduz-se simplesmente à consideração que estes governantes têm para com os pensionistas e aposentados, que não passam de um fardo e de uma carga para os cofres do estado, geridos por estes governantes de meia tigela.
Para o governo os pensionistas e os reformados não passam de uns indivíduos com o prazo de validade já ultrapassado, não passando de uns produtores de lixo e de porcaria, que ainda por cima custa dinheiro ao estado em limpar esta imundície toda.
Para o governo, gente que nada produz, gente que se manifesta, gente que protesta, gente que nada faz e gente que custa um balúrdio não tem razão de existir ou, pelo menos, não tem razão em levar uma vida como se se tratasse daquele indivíduo que passa o dia a trabalhar e a produzir e a contribuir para o produto interno bruto de uma maneira positiva e não como uma sanguessuga.
Mas estes craques estão a esquecer-se propositadamente e a ocultar informação importante à grande maioria dos portugueses quando se escuda na insustentabilidade do actual sistema de pensões e de aposentações.
De uma vez por todas e para que os portugueses possam manifestar algum respeito por este grupo de aldrabões seria interessante que nos dissessem o que fizeram estes e outros aos dinheiros da segurança social referente aos descontos dos trabalhadores e das entidades patronais e o que fizeram aos descontos dos funcionários públicos e dos aposentados e dos devidos pelos organismos oficiais.
Digam lá de uma vez por todos se a utilização destes muitos milhões de milhões de descontos foi sempre colocado ao serviço do pagamento das pensões e já agora que tanto falam dos custos do  sub-sistema de saúde dos funcionários públicos e dos aposentados digam também para onde foram e para onde vão os largos milhões de euros com origem nos descontos dos salários e das pensões destinados exclusivamente a esse sub-sistema de saúde, descontos que se somam aos referentes à aposentação.
É estranho que o governo não diga nada sobre este assunto?
Pois é, mas nós não esquecemos e não esqueceremos que o ódio gera ódio e a vingança serve-se fria na altura certa.
Ao fim e ao cabo, temos razões para considerar que a política do governo referente a este processo de austeridade não tem outra finalidade que não seja apressar a transferência da maior quantidade possível de capital da base para o topo, aumentando cada vez mais o fosso existente entre os pobres e os ricos pela eliminação pura e simples de uma classe média, que está quase a desaparecer, para gáudio e alegria destes governantes.

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