22.5.09

Cinco por cento

Lamento profundamente que os administradores do Banco de Portugal tenham recusado o aumento de cinco por cento nos seus vencimentos, contrariando a tendência geral de todos os outros trabalhadores por conta de outrem, que esperam ansiosamente que os seus vencimentos aumentem nem que seja um cêntimo…

Lamento profundamente que os administradores do Banco de Portugal não se sintam merecedores de um aumento de cinco por cento nos seus vencimentos, tanto mais que já não são aumentados desde dois mil e cinco, o que parece ser uma pouca vergonha.

Como é que é possível que as pessoas responsáveis pela gestão do Banco de Portugal não se sintam à vontade com um aumento de cinco por cento nos seus vencimentos, se tivermos presente que desde dois mil e cinco que não são aumentados?

Como é que é possível que se peça e se exija tanta responsabilidade a estes gestores e os privem de um justo aumento dos seus vencimentos?

Fora eu ministro das finanças e não haveria lugar a recusa a um justo aumento, sob pena de processo disciplinar com vista a despedimento sem qualquer indemnização por incumprimento dos deveres de obediência…

Fora eu ministro das finanças e não haveria um aumento de cinco por cento, mas um aumento de pelo menos vinte por cento, porque estas pessoas, que assumem a responsabilidade de gerir o banco do nosso País, bem merecem tudo o que se lhes dê e se lhes ofereça, porque se trata de uma tarefa bem difícil em todas as circunstâncias para não falar das actuais e que poucos estão preparados para tal...

Por minha parte não seriam impedimento de um generoso aumento as trapalhices verificadas na fiscalização do sistema financeiro português, que estiveram na base ou "facilitaram" os episódios dos dois bancos privados que já custaram ao Estado uns quantos milhõezitos de euros e não se sabe quantos mais irão custar.

Por outro lado devemos reconhecer que se estes homens não estivessem permanentemente em cima do acontecimento, muitas mais coisas já teriam acontecido às instituições bancárias que operam em Portugal, pelo que estes homens merecem mais que o seu peso em ouro.

Em vez de andarmos a chorar e a lamentar o nível de vencimentos dos gestores públicos, ou melhor, dos gestores das empresas públicas ou de capitais públicos, estaríamos a prestar um óptimo serviço à nossa terra se tivéssemos a coragem de organizar e participar em manifestações com uma periodicidade pelo menos trimestral, para que o Governo mostrasse mais e melhor atenção às condições de trabalho dos homens e das mulheres que se responsabilizam pela gestão das respectivas empresas em situações tão dramáticas como as actuais…

Eles ganham milhares…, mas deveriam ganhar milhões…

Para esta gente o que representam duzentos e cinquenta mil euros por ano em salários… nem chegam para pagar os medicamentos antidepressivos… necessários para gerir o que seja, quanto mais o Banco de Portugal.

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