6.2.08

Corrupção?

Não resisto à tentação de dedicar umas linhas ao novo bastonário da OA.

Não é que o homem seja da minha especial simpatia, muito embora não tenha contra ele qualquer tipo de animosidade.

Conhecia o senhor de algumas intervenções televisivas dos tempos anteriores aos presentes e o que dizia tinha sempre um sabor cáustico e uma certa acutilância, não sei se política, se técnica, se oportunista, se todas essas coisas e mais algumas.

Muita gente gostava de ouvir este homem, de tal modo convencido que veio a convencer os seus pares de que merecia ser o seu lídimo representante numa área e numa actividade extremamente sensível, onde uma palavra mal dita reverbera nos ouvidos de uns quantos milhões.

Por isso, foi com algum espanto que ouvi, já uns dias depois, as suas declarações numa entrevista de grande audiência no canal público de televisão, reafirmadas num acto solene onde o tal senhor se encontrava fardado com aquelas vestimentas que os advogados e o juízes usam em alguns actos solenes, conferindo a estas personalidades mais e mais responsabilidades naquilo que dizem e naquilo que fazem.

Concretamente, não me espantou o que disse, mas por tê-lo dito e pela maneira como o disse.

Quem, de entre o povo, não gostou de ouvir aquelas palavras com aquelas afirmações de verdade feita certa e segura, como se o conhecimento da coisa fosse total e absoluto?

Quem não gostaria de ouvir os nomes, subentendidos naquelas afirmações e naqueles actos?

Quem não esperava que deveria ter ido mais além por se tratar de matéria que o povo gosta de saber e de falar, apesar de ser considerada altamente sensível?

Quem concordou por ter-se ficado nas afirmações e nas denúncias genéricas e não descido um pouco mais na escala da responsabilidade?

Deveria ter ido mais além, ou deveria ter ficado mais aquém?

O homem ficou-se nas lonas: logo a seguir ao tiro de partida abandona a corrida?

Cá por mim, ou desbocado ou cobardia… a não ser que a corrida seja outra…


 

Sem comentários: