Como é habitual quando estou no Alentejo passo pelo Café do Zé um pouco depois do jantar para beber um descafeinado e dar dois dedos de conversa com esta gente, circunstância que me alivia o moral e me conforta o espírito.
Mas ontem foi um tanto ou quanto diferente porque tive a oportunidade de me rir a bandeiras despregadas e não foi por anedotas que ouvia nem por ter saído o euromilhões a um qualquer alentejano aqui da terra.
Ri-me a bandeiras despregadas pela abordagem natural com que os meus dois interlocutores abordavam algumas questões candentes e actuais que se passam com pessoal daqui da aldeia e que se relaciona com a política agrícola.
Que a agricultura está mal, parece que não suscita grandes preocupações para esta gente que vive sem os grandes subsídios provenientes lá das europas.
Que vive, agora, porque até há relativamente pouco tempo o pessoal abotoava-se aí com umas massas bem boas que davam para viver à grande e à francesa.
Contudo, o pessoal esqueceu-se que algumas não se tratava bem de subsídios mas de adiantamentos por conta de investemimentos e de campanhas agrícolas e que um dia alguém viria solicitar a devolução da guita.
O que acontece é que esse momento parece que já chegou e algum pessoal não anda lá muito satisfeito: estão a bater à porta para cobrar o adiantado, que já lá vai há muito tempo não deixando rasto nem coisa que se veja…
Mas outros continuam em grande: ainda recebem uns quantos euros por uns sacos de trigo semeados há uns quantos anos de tal modo que esses terrenos já passaram por diversas mãos. Outros continuam a receber o subsídio por ovelhas que venderam há um bom par de anos.
Mas agora a coisa até nem anda mal de todo: parece que está controlado o movimento de ovelhas, vacas, cabras por diversas herdades para a contagem respectiva…
Mas a maior delícia foram as histórias da brucelose ocorridas há uns tempos: carneiros que infectavam rebanhos que ninguém queria comprar e depois iam para a matança com um valente subsídio pelo abate…
De coisas permitidas pela porca da política agrícola que se vai praticando, se falou neste serão alentejano…
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