Pela manhã tive a oportunidade de ver um título num jornal e ler duas linhas e não queria acreditar: tinham sido “perdoados” a um importante gestor de uma empresa de telecomunicações móveis cerca de setecentos e cinquenta mil euros devidos ao fisco por conta do IRS. Parece que o processo tinha prescrito…!
No serviço noticioso das vinte horas o canal público de televisão faz referência ao assunto e em vez de o clarificar, veio a estender sobre ele um manto diáfano de virtude, dando a entender que tudo já tinha sido resolvido, de tal modo que foi a própria empresa de telecomunicações que emitiu um comunicado sobre o assunto. Fiquei pasmado, pois pensava que se tratava de matéria de IRS, dizendo respeito a um cidadão, mas eis que é a empresa de que esse cidadão é presidente que vem pronunciar-se sobre a matéria, dizendo não sei o quê, dado que não percebi coisa alguma…
Pela minha só queria perceber se o tal presidente deve ou não deve ao fisco cerca de setecentos e cinquenta mil euros; só queria saber se ainda deve, se já deveu, se já pagou, se foi perdoado, se prescreveu, se…
Em qualquer das situações, eu acho que todos nós, os que não devemos dinheiro ao fisco, que não prescrevemos para o fisco, que não enganamos o fisco, que de vez em quando somos chateados pelo fisco por uns míseros euros, que não pagam o trabalho desenvolvido, gostaríamos de saber e conhecer quem, dentro do fisco, meteu o processo na gaveta até poder prescrever e assim, ser perdoado o pagamento de tanta massa. Estamos todos convencidos que deve haver no fisco um rosto e um nome a quem possamos atribuir a responsabilidade do que aconteceu.
Se tal nome, se tal rosto não for do conhecimento público, certamente que vai aparecer o responsável máximo a assumir toda a responsabilidade. E se tal não acontecer, então todos nós esperamos que o Ministro esteja disponível para nos prestar as contas devidas com as responsabilidades e consequências de tal acontecimento…
Pois de acontecimento se trata para haver um perdão de setecentos e cinquenta mil euros…
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